Capítulo 18

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Enquanto Ezequiel acelerava ainda mais o carro, podíamos ver que as duas pessoas nos seguiam, e a velocidade dessas eram inumas. Elas pareciam até voar.

— O que faremos? — perguntei.

— Precisamos ganhar tempo até saber o que poderemos fazer.

— Eu diria lutar, você tem o ar ao seu favor, e eu sou uma ceifadora. Essa luta está ganha para nós.

Ezequiel ainda um pouco indeciso olhou para mim e por fim parou o carro. Vimos as duas "pessoas" pararem também um pouco distante.

Saímos juntos do carro, passei minha mão no símbolo da foice e logo essa estava em minhas mãos. Pude também sentir o ar envolta de mim como um escudo.

Ezequiel balançava seus dedos lentamente como se brincasse com o ar que estava em volta de suas mãos.

Vieram os dois em minha direção, Ezequiel foi a minha frente e jogou um vento forte em direção a eles, fazendo com que perdessem a velocidade e parassem.

O homem sumiu de nossas vistas e a mulher veio novamente em nossa direção dessa vez não seguindo uma linha reta para não ser atingida pelo vento lançado por Ezequiel.

O homem apareceu atrás de mim e me puxou pelo pescoço enforcando-me, depois me jogou no chão. Ezequiel virou-se e ao tentar atingir o homem, a mulher o atingiu, ela pulou em cima dele e começou a bater em sua cabeça com uma pedra pontiaguda.

Furiosa, com minha foice joguei o homem para longe de mim e puxei a mulher com a foice, ela olhou em meus olhos e começou a dizer palavras desconhecidas. Logo comecei a sentir-me sufocada, fazendo-me lembrar quando o carro de Dimitri caiu na água e a mesma entrava em meus pulmões e fazia com que morresse a cada tentativa falha de respirar.

Vi que Ezequiel se levantou e sussurrou algo, logo o vento a afastou de mim e a levou para o alto, depois a lançou para a terra novamente.

Levantei a foice o mais alto que pude e deixei a gravidade forçar a foice cortando a mulher ao meio. Essa se desintegrou em minha frente.

O homem começou a gritar palavras estranhas e logo todo o céu se escureceu. Ele estendeu as mãos para a terra e disse.

— A morte como uma oferenda — então ele como ela se desintegrou.

— Oferenda — sussurrou Ezequiel.

— Melhor pegarmos a estrada novamente. Precisamos parar em algum hotel para cuidar desse seu ferimento.

Ezequiel passou as mãos em sua testa e após olhou suas mãos que estavam com sangue.

— Certo — concordou.

Olhei para o céu que ainda estava cinza, tudo isso era apenas uma oferenda. O que aconteceria?

Entramos no carro e Ezequiel dirigiu o mais rápido que pode até chegar em um hotel.

Fiquei próxima de Ezequiel quando ele foi fazer o check-in do hotel, para que possamos parecer pessoas normais, porém, que pessoa normais chegariam ao hotel com a testa toda cortada e sangrando?

A moça que o atendia, parecia um tanto quanto preocupada.

— O senhor está bem? Contamo-nos com uma enfermaria aqui mesmo no hotel, possamos terminar o check-in e estar te encaminhando para a enfermaria, pode ser?

— Não é preciso, estou bem — Ezequiel disse e estendeu a identidade para que ela pudesse fazer o cadastro.

Ela pegou a identidade e ficou olhando para os lados como se procurasse alguém para que pudesse intervir.

Ezequiel entendeu as mãos no balcão e acariciou o rosto da moça, fazendo com que ela olhasse em direção aos olhos dele.

— Apenas faça nossa entrada, e nos deixe em paz.

Ela assentiu como se tivesse hipnotizada.

Quando acabou, deu a chave do nosso quarto.

— O que foi isso? — perguntei enquanto caminhávamos para o quarto.

— Apenas persuasão, ela ficaria nos incomodando se eu não fizesse isso.

Entramos no quarto, e nesse era pequeno, havia uma cama de casal no meio, um sofá no canto do quarto e uma televisão grudada na parede em frente à cama. Fui ao banheiro peguei papeis e os molhei, depois coloquei em cima da cama e apontando para o mesmo eu disse.

— Limpe seu ferimento — ele pegou os papeis e começou a passar em seu ferimento. — Não havia um quarto com duas camas de solteiro? — perguntei.

— Não, embora não acho que você me mataria enquanto dorme eu irei dormir no sofá, partiremos amanhã as 11 horas.

Sinceramente, eu estava começando a temer pelo Ezequiel. Aquela mulher poderia facilmente o ter matado, acredito que ela só não o matou, por que não era hora, aquilo tudo era só uma oferenda, era só para que temesse quem estava por trás disso tudo e sinceramente eu estava começando a temer.

Acho que está na hora de começar a ir adiante sozinha.

Após limpar sua testa, Ezequiel cortou um pedaço de sua camisa e enrolou em sua testa para conter o sangue.

Ele colocou a chave do carro em cima da cama e desceu dizendo que ia pegar um pouco de ar fresco. Essa seria a hora, ele conseguiria pegar um taxi para voltar para sua casa, provavelmente ele ficaria furioso, mas eu já estaria longe o suficiente.

Peguei minha mochila que estava também em cima da cama, conferi na carteira de Ezequiel para ter certeza que ele conseguirá voltar para casa e então peguei a chave do carro e desci.

Sai finalmente do hotel e vi Ezequiel sentado no chão olhando para a estrada. Isso com certeza seria um problema. Como eu passaria por ele de carro, sem ele me ver? Entrei dentro do carro e o liguei, respirei profundamente e dei a partida no carro. Acelerei e passei por Ezequiel, vi que ele se levantou rapidamente e pelo retrovisor e que dito algo, mas não consegui ouvir. O deixei para trás e sabia que poderia me arrepender. 

Filha da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora