Capítulo 19

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Fechei o vidro do carro, estava ventando demais, provavelmente era Ezequiel mostrando sua fúria.

O céu voltou a escurecer, e logo encontrei a entrada da floresta a qual Eliza havia nos mostrado.

Parei o carro no encostamento e adentrei a floresta. Caminhei com passos apressados, eu não sabia ao certo onde encontrar Kami, mas de alguma forma podia sentir que estava no local certo.

Quando minhas narinas foram dominadas pelo cheiro de sangue, comecei a ouvir vozes.

"Ela chegou, está perto. Ela nos escuta, e consegue sentir o cheiro de nossas oferendas, precisamos captura-la para Kami."

Logo visualizei algumas pessoas, em torno de vinte pessoas, elas estavam formando um círculo, e outra pessoa estava no chão, provavelmente era dessa que vinha o cheiro de sangue. Quando eles me encararam pensei em correr, virei meu corpo, e tão rápido um deles já me esperava. Um soco certeiro em meu rosto.

Encostei no desenho da foice, e logo a mesma apareceu em minhas mãos. Ao invés de me terem, ouvi gargalhadas.

— Você acha mesmo que pode lutar contra nós?

Sem responder, finquei a foice no abdômen daquele que se encontrava em minha frente, ele se desintegrou em minha frente.

— Tenho certeza que posso — respondi.

Fui para cima de outro, mas me empurrou para longe, outro veio até mim e arrastou-me pelos braços, puxava-me com tamanha força, e sacudia-me enquanto me movimentava, quando parou pisou em meu braço esquerdo quebrando-o.

Jogaram minha foice para longe, e então percebi que estava no meio do círculo, onde também se encontrava uma pessoa morta.

— Joanny Celti, eu ofereço sua alma.

Suas mãos encostaram em minha testa, e então comecei a sentir como se eu minha alma lutasse para sair dentro do meu próprio corpo.

Minha visão começou a ficar embaçada, o batimento cardíaco ficou ainda mais lento, comecei a sentir dores por todo meu corpo, quando tudo escureceu a dor finalmente passou e eu me via por outro ângulo.

Eu estava morta novamente?

Um ceifador apareceu ao meu lado, então pude perguntar.

— Eu estou livre?

— Livre? — ele me perguntou.

— Sim, eu estou morta. Você pode me levar.

— Você só estará livre quando cumprir com o acordo que fez.

O ceifador fez igual a criatura, encostou suas mãos em minha testa e novamente eu estava dentro de meu corpo.

A criatura estava surpresa por eu não estar morta, o ceifador ainda permanecia no local, e dessa vez me ajudou. Perfurou o corpo da criatura com as próprias mãos.

Ele alcançou minha foice, e então lançou em minha direção, quando a agarrei já usei em outra que avançou em mim.

Cinco criaturas me encurralaram e fecharam um pequeno círculo, deixando-me no meio. O ceifador estava ocupado lutando com as outras. Segurei firme a foice, e então girei meu corpo rapidamente acertando todas elas.

Percebi que a ventania aumentou, e logo o vi. Ezequiel se aproximava, estava furioso.

O vento me atingiu e empurrou-me para longe das novas criaturas, porém Ezequiel não parecia querer me proteger, e sim sendo um novo inimigo. Suas mãos estavam em forma de punho, e o vento parecia que estava esmagando meu corpo contra o chão.

Pude perceber o ceifador encarar Ezequiel e então foi para cima dele.

— Não o machuque! — gritei.

O ceifador havia o empurrado, o vento não o atingia. Seria fácil para o ceifador matar Ezequiel.

O vento havia parado então corri em direção aos dois e gritei para Ezequiel.

— Estava tentando te proteger então não ouse tentar algo contra mim. Não estou sozinha e seria fácil ceifar sua alma.

Ezequiel ainda estava irritado, mas não tentou nada contra mim e sim lançou seu vento para as criaturas que tentavam se aproximar.

— Está tudo bem — falei para o ceifador que assentiu.

Havia apenas dez criaturas que rapidamente se desintegraram.

Juntos éramos mais fortes, mas o ceifador não ficaria conosco para acabar com Kami, então logo desapareceu.

Olhei para Ezequiel que parecia bufando de tanta raiva que sentia.

— Essa luta não é apenas sua! — ele gritou.

O vento que o rodeava, parecia furioso também

— Eu fui à escolhida. Eu estou protegendo você.

— Eu sei me proteger! — gritou em resposta.

Eu nunca havia o visto com tanta raiva, ele estava sempre fazendo piadinhas. Sabia que eu havia feito uma escolha errada, mas essa luta era uma que eu precisava fazer sozinha, não precisava que mais ninguém corresse perigo.

— Desculpe-me — sussurrei.

Finalmente percebi pela sua expressão que ele havia relaxado. Logo senti uma brisa leve acariciar meu rosto.

— Nunca mais faça isso — ele sussurrou. Eu assenti como resposta, e logo ele perguntou. — Onde está meu carro? Por favor não me diga que abandonou ele em qualquer lugar e não conferiu se estava tudo trancado.

Fiquei o encarando e falei.

— Bem, mas não está muito longe.

Fui atingida por uma rachada de vento e Ezequiel gritou.

— Nunca abandone um carro desse jeito!

Filha da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora