Capítulo 9

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— Ei, escuridão! — falei para o vazio da casa. — Sabe o que sinto falta? — perguntei como se fosse possível receber algum retorno. — Meu diário — respondi a mim mesma.

Não há duvidas que se fosse listar o que de fato me fazia falta, o diário seria apenas um item fútil, porém nas circunstâncias a qual me apresento, o diário seria como um amigo.

Para isso havia um grande obstáculo, voltar para casa de meus pais, apenas para pegar meu diário e meu celular? Como também necessitava saber como minha amiga Anabella estava se sentindo, na verdade precisava saber como todos estavam, mas seria certo fazer isso? Seria certo entrar em contato com essas pessoas?

Eu estava novamente perdida em meus devaneios. Deitei-me no sofá e antes de fechar os olhos, outro problema veio a minha mente me relembrar, o corpo de Osmar, irmão de Ofélia ainda se encontrava no andar de cima, precisava tira-lo de lá e o enterrar.

Assim que fui engolida pela escuridão, meus pensamentos criaram um sonho perfeito, perfeito para aqueles que podiam viver.

Dimitri carregava-me pelas escadas, chegou a frente ao meu quarto e pediu minha ajuda para abrir a porta, eu obviamente o ajudei ansiosa para tocar meus pés no chão, mas ele não me soltou tão rápido, me levou até a cama e então colocou-me nela, quando pensei que novamente sentiria seus lábios, Dimitri deu as costas e fechou a porta, mas logo voltou para mim sorrindo.

Soltei uma gargalhada quando tentou sem sucesso desabotoar minha camiseta, lançou-me um olhar de suplica para que eu o ajudasse, assim que fiz Dimitri beijou meus lábios e depois foi percorrendo meu pescoço...

Abri meus olhos e assustei-me ao deparar com um corvo que me observava no encosto do sofá.

Assim que peguei a carta que estava em seu bico ele voou para fora da casa.

Me concentrei no nome da vítima, e então fui teletransportada para o meio de uma rua. Havia um carro capotado no meio da rua, uma mulher se encontrava dentro do carro, a ambulância e uma viatura da policia já estavam no local, eles tentavam tirar a mulher de dentro do carro, porém estavam com dificuldade.

Aproximei-me do carro, e as pessoas me lançaram olhares assustados, os policias nem tentaram impedir minha aproximação, todos na cidade, talvez no país já sabiam de minha "habilidade", já me nomeavam como filha da morte, então já sabiam o motivo da minha presença.

— Você vai matá-la? — perguntou um paramédico.

— Sim — respondi.

— Você está errada quanto a isso. Ela pode viver, sei que conseguiremos deixa-la viva. Deixe-nos tentar.

— Não mudamos a morte, não importa quanto tentamos — falei.

— Carla! Deixe-me passar, minha filha não pode morrer! — a voz de uma mulher alertou para meu erro.

Olhei para meu papel em dúvida, e nesse constava o nome de Amanda e não Carla.

— Sabe me dizer o nome dessa mulher? — perguntei ao paramédico.

— Carla Rusself.

Outro grito me chamou a atenção, era um pouco afastado do acidente, mas um grupo estava em volta de outra mulher, essa se encontrava no chão.

— Qual o nome dela? — perguntei para os que estavam ao redor do corpo da mulher. Um desses me respondeu.

— Amanda.

Eu não havia errado o local, e sim a pessoa.

Após ceifar a alma de Amanda, voltei para minha casa, corri para o andar de cima. Osmar estava na cama, pálido e ainda com os olhos e boca abertos. Joguei um lençol por cima para não precisar ficar encarando seu rosto, e com a ajuda do lençol que estava embaixo fui arrastando-o escada abaixo, até sair da casa.

Cavei um buraco no terreno e lancei seu corpo para dentro, finalizei jogando a terra por cima, depois me sentei ao chão.

— Sei que não ficou bonito, e que você merecia mais, porém infelizmente por enquanto é o que posso oferecer. Fique bem Osmar — falei esperando que ele pudesse me ouvir onde estivesse.

—Joanny — a voz feminina que sempre se fez presente na minha vida me fezestremecer. Olhei em direção a estrada e lá estava ela, Anabella me encarava eforçava um sorriso enquanto controlava a sua vontade de chorar.

Filha da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora