Capítulo I - No Armário

108 6 1
                                    

GABRIEL

Ele aproximou-se. Consegui sentir a respiração dele e os meu batimentos cardíacos aceleraram.

Os meus lábios aproximaram-se dos dele e consegui sentir a sua língua a tocar na minha.

- Bernardo! - chamou a mãe dele.
O Bernardo escondeu-me dentro do armário. Afinal, a mãe dele tinha chegado mais cedo.

A minha roupa estava toda no chão. Eu entrei no armário completamente nu, prestes a entrar em desespero.

- De quem é essa roupa? - perguntou a a mãe dele.

- Eu enganei-me, trouxe a roupa do Luís para casa - disse ele.

- Eu vou lavar roupa agora. Dá cá isso.
"Merda", pensei eu. A mãe dele levou a minha roupa.

Só queria chorar. De repente, deu-me uma enorme vontade de cagar.
Tentei conter-me, mas não consegui. Caguei no armário do Bernardo.
A roupa debaixo de mim estava toda suja, e o cheiro a bosta começou a espalhar-se pelo quarto.

Ouvi a porta a fechar-se e o Bernardo abriu a porta do armário. Ficou chocado quando me viu a mim e à roupa dele cobertos de bosta.

- Fogo, Gabriel - gritou ele. - Que é isto?

- Desculpa - gaguejei eu. - Eu... Eu limpo.

- Sai da minha casa.

- Tem calma mor.

- Sai daqui! E mor é o caraças. Pira-te!

Saí de lá todo nu, com esperança de que ninguém me visse. A bosta cobria as minhas pernas e, para meu azar, esbarrei com a minha mãe na esquina.

- O que é que isto significa, Gabriel?

- Tem calma, não é o que estás a pensar. Eu...

- Mas eu não estou a pensar em nada. Tens três segundos para te explicar.

Eu calei-me. Realmente, não havia nada para explicar. Fomos para casa e a minha mãe obrigou-me a falar com o meu pai.

- És uma merda - disse o meu pai. - Não entras mais em casa.

- Foda-se pai, já não posso mais andar nu e cheio de bosta na rua que já me expulsam de casa! Tu é que és uma merda. Vai mas é comprar leite e desaparece.

Naquele dia, dormi na rua. Chorei muito. Tinha perdido o meu amor.

Eu, ele e os outrosOnde histórias criam vida. Descubra agora