Capítulo XIX - Apanhados em flagrante

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GABRIEL


Eu sabia que era errado o que estávamos a fazer no hospital, mas era mais forte do que eu.

Ele puxou-me para a cama que se encontrava no meio do quarto, e tirou-me a camisola.

Eu estava a tirar a dele também quando, de repente, uma enfermeira entrou no quarto.

Recompuzemo-nos o mais rápido possível. A enfermeira olhou para nós como se fôssemos uns otários ou uma merda do género.

- Está tudo bem aqui? - perguntou ela.

Era uma loira que aparentava ter uns vinte e cinco anos no máximo. Ela deixou-me todo derretido. Tinha um corpo bastante curvado, e o seu olhar era sensual. A sua camisola azul fazia algum decote, devido ao seu peito bastante elevado.

- Está sim - respondeu o Berna. - Há algum problema?

- Consigo só não, mas com os dois juntos talvez - disse a enfermeira, num tom sarcástico. - Aprendam a diferença entre um motel e um hospital, se não se importarem, claro.

A ironia dela fez-me arder de fúria, enquanto o Bernardo me segurava a mão, para me tentar acalmar.

- Se calhar não sou o único que não sabe distinguir um motel de um hospital - afirmei, desafiando-a. - A senhora enfermeira com uma farda tão decotada parece uma prostituta, por exemplo.

- Peço desculpa?

- Deixa-a, Berna - sussurrou o Pinto. - Não vale a pena.

Eu insisti:

- Não tem de pedir, amiga, ou melhor, se não me engano, Júlia.

- Como sabe o meu nome?

- Não que seja da sua conta, mas a minha mãe já foi enfermeira neste hospital.

- Quem é ela?

- Acha que lhe interessa, querida? Eu sei de muitas coisas. Sei, por exemplo, que anda enrolada com um cirurgião, não é verdade?

Ela levou as unhas à boca, em sinal de nervosismo.

- Já pensou o desastre que seria se o seu patrão descobrisse? Seria imenso chato ser demitida, não acha?

- Não, por favor não faça isso.

- Foi o que eu pensei. Então se não quer lidar com problemas, pode fazer o favor de nos dar um minuto de privacidade?

Ela assenntiu com a cabeça e saiu do quarto.

- Acabaste de chantagear uma enfermeira... - disse o Bernardo. - Por mim...

- Por ti faço tudo. Amo-te, Bernardo.

- Também te amo Gabi. Mal posso esperar por sair daqui.

- É melhor eu ir embora.

- Não, Pinto, não vás. Fica, por favor.

- Tens a certeza de que me queres aqui?

- Tu és tudo o que eu quero, Gabriel. Eu não amo a Gertrudes. Tenho de lho dizer, mas não a quero magoar.

- Tens de falar com ela - sugeri-lhe. - Com calma, Bernardo.

- É verdade. Mas às vezes é difícil... É difícil arranjar palavras para descrever o que vai na minha alma. Eu quero-te a ti... Só para mim.

- Eu também, Berna. Vamos ser eu e tu contra o mundo.

Ele segurou na minha mão com força e eu retribui. Eu amava-o e não tinha dúvidas disso.

Eu, ele e os outrosOnde histórias criam vida. Descubra agora