Capítulo XXII - Final

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BERNARDO


Eu, o Gabi e o Tomás estávamos no aeroporto, e faltava uma hora para a partida do Gabriel para Madrid.

Aquela era a última hora que eu ia passar com ele, até ele voltar de Espanha, meio ano depois.

Eu não queria que ele fosse embora, mas eram coisas que não estavam a nosso alcance, coisas que nós tínhamos de aceitar.

Estávamos num pequeno café, sentados numa mesa, a conversar sobre o nosso futuro.

- Quando voltar, vamos viajar, só nós os dois - prometeu-me o Pinto. - Vamos divertir-nos à grande, com a melhor companhia que pudéssemos ter. Tu tens-me a mim e eu a ti.

- E eu? - perguntou o Tomás.

- Tu és demasiado minorca para viajar - brinquei eu, porque sabia que ele ficava lixado quando eu lhe chamava minorca.

- Não sou minorca nenhum. Tenho 3 anos, já dou crescido.

- "Já sou crescido" - imitei eu, com uma voz fininha.

- Caramba, quando estou contigo o tempo passa a voar, Bernardo! - exclamou o Gabi. - É melhor irmos já para a zona de embarque, ou ainda vou perder o voo!

Fomos então os três, e eu comecei a aperceber-me do quão triste aquilo era.

- Pelos vistos chegou a hora de nos despedirmos - afirmou o Gabriel, pegando nas malas e fazendo um enorme esforço para não chorar. - Tens a certeza de que te aguentas, Bernardo?

Eu assenti com a cabeça, enquanto dezenas de lágrimas escorriam pelo meu rosto.

- Confia em mim, não vai haver um dia em que não falemos, vamos continuar a ser o casal mais feliz do mundo, e vamos superar todos os problemas que nos aparecerem à frente, está bem? - disse ele, abraçando-me. - Eu confio em ti, Bernardo.

Ele pegou no Tomás ao colo e levantou-o no ar.

- Tchau, minorca.

- Tchau, Gabi.

Engoli em seco. Era a vez de ele se despedir de mim.

- Vê se tomas bem conta deste puto, que ele merece - disse-me.

- E tu vê se tomas conta de ti. Trouxeste o passaporte?

Ele remexeu na mochila e oulhou-me com desespero.

Eu sorri e tirei-o do meu bolso.

- Eu sabia que te ias esquecer dele - brinquei. - Boa viagem, e liga-me assim que chegares.

- O que é que eu faria sem ti! Até já, Bernardo.

- Até já, Gabriel.

Eu peguei no Tomás ao colo, e sorri ao mesmo tempo que o Gabriel se afastava de nós.

Eram só seis meses.

Juntos éramos tudo. Enfrentávamos tudo e todos. Éramos nós os dois contra o mundo. Era só eu, ele e os outros.

FIM!

Eu, ele e os outrosOnde histórias criam vida. Descubra agora