Capítulo VIII - Coração Partido

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BERNARDO


Chegámos a casa por volta da meia-noite. A minha mãe estava muito preocupada comigo, e ficou muito feliz em ver-me.

Eu também tinha muitas saudades dela, e senti que foi bom voltar. Estava feliz, no meu lugar.

Por outro lado, tinha o coração partido, e estava desiludido.

O Gabriel tinha-me deixado e trocado pela minha própria prima. Ela não tinha culpa, mas ele tinha. Ele jurou que nunca amaria outra pessoa. Jurou que me amaria para todo o sempre. Foram promessas em vão. Não valeram de nada, pelos vistos.

Quem tinha visto o Gabriel antes e quem o via agora. Nem parecia a mesma pessoa. Antes, ele era gay, tinha bom coração, e, sobretudo, amava-me. Agora, nada disto era verdade.

Eu e o Roberto começámos a aproximar-nos um pouco mais. Não nos considerávamos namorados, apenas ficantes.

- Berna, tu ainda amas o Gabriel? - perguntou ele, um dia.

- Eu não sei. Ele traiu-me com a minha prima. Eu acho que ainda o amo.

- Mesmo depois de tudo o que ele te fez?

- Não consigo parar de pensar nele. Achas que eu fui muito duro?

- Claro que não, ele não te merece.

- Se calhar tens razão. Tu, pelo menos, estás sempre disposto a ouvir-me. É uma das coisas que mais gosto em ti.

- E de que é que gostas mais?

- Dos teus beijos calorosos e profundos, desse teu perfume tentador, dos teus braços quentes e acolhedores, dessa tua safadeza...

- Tu estás a dizer que eu sou safado? - perguntou ele, a rir-se.

- E disse alguma mentira? Safado! Atrevido!

- Anda cá que eu mostro-te o que é ser safado de verdade!

Eu sentia-me bem com o Roberto. Sentia-me completo, e valorizado.
Ele gostava das minhas piadas. Havia dias em que passávamos as tardes todas a rir. Eu adorava aquilo. Eu amava-o.

Apesar de tudo isto, não conseguia esquecer o Gabriel. Perguntava-me onde estaria ele, como estaria ele.
Será que eu ainda o amava?

Eu, ele e os outrosOnde histórias criam vida. Descubra agora