Capítulo XIV - Nova traição e... Assassinato?

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BERNARDO


Eu e a Ger fomos visitar a minha prima Miriam. Já não ia lá há uns meses, desde que descobri que o Gabriel me estava a trair.

Eu disse-lhes que ia à casa de banho, e elas pareceram-me estranhas.

Apesar disto, segui normalmente. Talvez elas estivessem a fazer uma surpresa para mim, ou algo do género.

Na verdade, quando voltei àquela sala senti-me mesmo surpreendido, mas não foi pela positiva.

A Miri e a Ger estavam juntas, aos beijos. Eu reparei que a Gertrudes passava a mão nas coxas da Miriam, e que a minha prima soltava leves gemidos.

- Miriam? Ger? O que é que vocês estão a fazer?

- Tem calma, Berna, isto não é o que tu estás a pensar. A Miriam só queria... Saber como é beijar outra rapariga! É isso! A Miri só queria saber como era beijar outra rapariga.

- É isso mesmo! - disse a Miriam, num tom de quem estava a dar uma desculpa. - Não existe nada entre nós.

- MAS QUE MERDA É QUE SE ESTÁ A PASSAR AQUI? - gritei. - Pelo menos deem uma desculpa melhor!

- Tu não te cansas de ser corno, não é? - provocou a minha prima. - Eu e a Ger estávamos, sim, a beijar-nos.

- MAS TU NÃO TENS VERGONHA NA CARA? NÃO TENS EDUCAÇÃO?

- Ao contrário de ti, tenho um pai - disse ela. - Oh pelo menos, um pai presente.

- Não metas o meu pai no assunto. E, já que tens pai, podes fazer o favor de o chamar?

- Deves achar que eu sou tua empregada! Fica sabendo que não sou! Se queres o meu pai, vai lá chamá-lo tu!

A Gertrudes apenas observava a situação, intimidada, sem coragem para defender algum de nós ou para referir um argumento que fosse.

- De certeza que foste tu que a obrigaste! Sempre nos demos muito bem como primos, mas há limites! Tu estavas a beijar a minha namorada! A MINHA NAMORADA!

Eu chamei o pai dela, como forma de vingança. Eu sabia que o pai dela gostava (e ainda gosta) muito de mim, e que sempre me apontou como exemplo para a minha prima. Dizia-lhe constantemente que devia ser como eu, estudando mais, sendo mais educada, e, principalmente, sendo mais disciplinada e obediente.

É óbvio que eu não me identificava com nenhum desses adjetivos, mas, aos olhos de uma mãe, ou de um pai, como é o caso, vai sempre haver alguém melhor do que nós.

Quando o pai dela começava a dar-lhe aquele sermão, eu enchia-me de orgulho, e ela de inveja e de vergonha.

- Miriam, não tens vergonha? - perguntou o pai dela. - A meter-te com uma rapariga, ainda por cima com a namorada do teu primo! Olha para ele! Está arrasado! Se tu fosses como ele, tinhas juízo! O Bernardo...

- Já vai começar! - interrompeu ela. - Pai, EU NÃO QUERO SABER DA PORCARIA DO MEU PRIMO! Eu não quero saber se ele tira melhores notas, não quero saber se ele é o miúdo mais educado que já conheceste, não quero saber se a mãe dele lhe dá castigos péssimos por coisas mínimas. EU NÃO QUERO SABER! TU ÉS MEU PAI, NÃO PAI DO BERNARDO! NÃO TENS DE ME COMPARAR COM ELE!

- Vai já para o teu quarto, Miriam! - gritou ele. - Desculpem, Gertrudes e Bernardo. Eu prometo-vos que ela há de ter o castigo que merece. Querem boleia para casa ou preferem ficar mais um pouco?

- Prefiro ir falar com a Miriam - respondi. - Ainda não terminámos a nossa discussão.

Eu subi as escadas e dei de caras com a Miriam a tirar uma arma da gaveta.

- Não, Miriam! Suicídio não é a solução para nada!

- Suicídio? SUICÍDIO? Tu estás a gozar com a minha cara? Eu não me ia suicidar só por causa de um estúpido convencido que nem tu!

Ela trancou a porta do quarto, e aproximou-se de mim, com a pistola na mão.

- Nós já fomos tão próximos, Bernardo. Lembras-te daquela noite, quando tínhamos 13 anos? Lembras-te?

- Por favor, não me lembres disso - supliquei. - Eu não estava bem nesse dia.

- Tu obrigaste-me a fazer sexo contigo, ou já te esqueceste? Eu era uma miudinha inocente e palerma, e não há palavras para descrever o tanto que eu sofri naquela noite. Agora, vou-te fazer sofrer apenas um pouco mais.

(Continua no cap. XVI)

Eu, ele e os outrosOnde histórias criam vida. Descubra agora