Capítulo XIII - Apenas amigos

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GABRIEL

Voltei a dormir, e a sair de casa.

Apesar de sentir falta do Berna, a minha vida não dependia dele.

Eu estava a jogar, quando, surpreendentemente, o Bernardo me ligou.

- Olá Gabi - disse ele. - Tu ligaste ontem, não ligaste?

- Sim, Berna, liguei. Tenho saudades tuas...

- Eu também... Queres vir jantar a minha casa hoje? A Ger hoje não vem.

- Quem é a Ger?

- O Roberto. Ele quer voltar a identificar-se como uma rapariga, e o verdadeiro nome dele é Gertrudes.

- Não sabia do verdadeiro nome dele...

- Mas sabias que ele é, na verdade, uma ela?

- Sim, sabia. Eu e ele éramos melhores amigos, Bernardo.

- Oh... Está bem...

- A que horas posso aí aparecer?

- Às 19. Até logo, Gabi.

- Até logo, Berna.

Já eram 18:00, e eu estava-me a preparar para ir para casa do Bernardo.

Quando finalmente eram 19:00, eu já estava em casa do Bernardo. Ele mandou-me pousar as minhas coisas e entrar.

- Gabriel, vieste! - disse ele, abraçando-me. - Eu... Não estava à espera de que aparecesses mesmo.

- Mas apareci! Uau, o teu quarto está bonito...

Eu olhei muito bem para o quarto, arrumado e cheiroso, até que vi um penso higiénico sujo no chão.

- Berna... Aquilo é teu?

Ele corou.

- Deve ser da minha irmã...

- Da tua irmã? Berna, tu és filho único.
- Oh, pois é... Deve ser da minha mãe...

- Estiveste na cama com a tua mãe?

- O quê? Não! Isto é, na verdade, da Ger...

- Vocês... Estiveram juntos a fazer... Sexo?

- Bem... Não... Quer dizer, sim, mas...

- Mas o quê, Bernardo?

- Deixa. Nós já não namoramos, Gabi, e eu não te devo explicações da minha vida.

- Tem calma, também não é preciso falar assim.

- É que... Nós esquecemos-nos de usar... Aquilo...

- Então ela está grávida?

- Não sei... Espero que não.

- Não te preocupes muito com isso. Vais ver, daqui a uns tempos ela já está com o período outra vez, e andas-te a preocupar para nada.

- Ok, está bem. Anda, vamos para a mesa. A minha mãe já deve ter feito o jantar.

Fomos para a cozinha, onde, como o Bernardo disse, o jantar já estava a ser servido.

- Este é o namoradinho de quem tu tanto falavas, Bernardo? - perguntou a mãe dele.

- O quê? Não, mãe, somos apenas amigos.

Esforcei-me para não chorar. Era triste ouvir o meu ex a dizer, depois de tudo o que nós passámos.
Depois de tantos beijos, de tanto romance, de tanto tempo, éramos "apenas amigos". Eu sempre pensei que fôssemos mais do que isso. "Apenas amigos", mas amigos bastante próximos. Amigos que têm um romance em comum. Amigos que partiram abraço, beijos profundos.

Amigos mais do que amigos.

Eu, ele e os outrosOnde histórias criam vida. Descubra agora