BERNARDO
(continuação do cap. XIV)Ela aproximou a pistola do meu pescoço. Eu não queria morrer. Uma lágrima grossa escorreu pela minha bochecha direita.
- Últimas palavras? - perguntou a Miriam. - Ou posso disparar?
- Por favor, Miriam, não faças isso - supliquei. - Há outras maneiras de resolvermos as coisas.
- E esperas que eu faça o quê? Que te peça desculpa?
- Não Miriam. Um pedido de desculpas não vai mudar nada. Eu sei o que é que tu estás a sentir. Sentes-te inferior, e no fundo dessa tua raiva só há tristeza. Eu sei o que é ser comparado com as outras pessoas. Eu sei o que é sentirmo-nos traídos pelas outras pessoas. Mas isto não vai resolver nada, só te ai trazer problemas, entendes?
- Só estás a perder tempo com essa conversinha de pessoa boazinha. Eu já desisti de me esforçar. Hoje vai ser o último dia da tua vida.
- Miriam, eu entendo-te. Eu sei que estás a fazer isso para eu me sentir intimidado. Eu sei que tu não tens coragem de me dar um tiro.
- Como é que é? Tu deves-te estar a passar. Eu não sou covarde.
- Posso analisar a situação? Estás num quarto comigo, trancada, e estás a apontar-me uma arma ao pescoço para supostamente me matares e acabares com os teus problemas, que tens medo de encarar. Ainda achas que não és covarde?
Comecei a ouvir barulhos altos na porta. Era o meu tio a tentar arrombá-la.
- Não tens mesmo nada para dizer, pois não, priminho? Chega de perder tempo. Foi um prazer conhecer-te, Bernardo. Queres escolher a cor das flores que queres que eu ponha na tua campa?
Ela apertou o gatilho da pistola, e, a partir daí, não me lembro de mais nada.
Seria o meu fim?
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Eu, ele e os outros
FanfictionA história de romance e traição de Gabriel e Bernardo. A continuação no meu perfil.