Capítulo XVI - O assassinato

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BERNARDO


(continuação do cap. XIV)

Ela aproximou a pistola do meu pescoço. Eu não queria morrer. Uma lágrima grossa escorreu pela minha bochecha direita.

- Últimas palavras? - perguntou a Miriam. - Ou posso disparar?

- Por favor, Miriam, não faças isso - supliquei. - Há outras maneiras de resolvermos as coisas.

- E esperas que eu faça o quê? Que te peça desculpa?

- Não Miriam. Um pedido de desculpas não vai mudar nada. Eu sei o que é que tu estás a sentir. Sentes-te inferior, e no fundo dessa tua raiva só há tristeza. Eu sei o que é ser comparado com as outras pessoas. Eu sei o que é sentirmo-nos traídos pelas outras pessoas. Mas isto não vai resolver nada, só te ai trazer problemas, entendes?

- Só estás a perder tempo com essa conversinha de pessoa boazinha. Eu já desisti de me esforçar. Hoje vai ser o último dia da tua vida.

- Miriam, eu entendo-te. Eu sei que estás a fazer isso para eu me sentir intimidado. Eu sei que tu não tens coragem de me dar um tiro.

- Como é que é? Tu deves-te estar a passar. Eu não sou covarde.

- Posso analisar a situação? Estás num quarto comigo, trancada, e estás a apontar-me uma arma ao pescoço para supostamente me matares e acabares com os teus problemas, que tens medo de encarar. Ainda achas que não és covarde?

Comecei a ouvir barulhos altos na porta. Era o meu tio a tentar arrombá-la.

- Não tens mesmo nada para dizer, pois não, priminho? Chega de perder tempo. Foi um prazer conhecer-te, Bernardo. Queres escolher a cor das flores que queres que eu ponha na tua campa?

Ela apertou o gatilho da pistola, e, a partir daí, não me lembro de mais nada.

Seria o meu fim?

Eu, ele e os outrosOnde histórias criam vida. Descubra agora