Desde que elas descobriram a verdade sobre os pais, fantasiaram muitas coisas. Incluindo que os pais seriam horríveis e amargurados. Que seria um casal revoltado pelo sequestro das filhas, e que descontaria nelas. Mas a partir do momento que elas olharam nos olhos da mãe, e foram recebidas com tanto amor, perceberam que tudo que tinham imaginado, era só um fruto das coisas que elas tinham descoberto. Aqueles pensamentos eram como uma sequela. Elas descobriram que aquela família que viveram a vida toda não era a família delas, e por isso acharam que a família real seria igual ou pior.
Mas isso não aconteceu, e embora elas ficavam bem por isso, se sentiam inseguras ainda. Era bom pelo fato de que, a reação deles superou as expectativas das meninas. Mas a insegurança vinha, porque aquilo poderia ser só um disfarce. Mas no fundo elas sabiam que aquilo era real. No fundo elas sabiam que tudo o que eles disseram e demonstraram pras meninas, era verdade. O que era bom. Porque elas nunca haviam sentido nada de verdade quando se tratava de família. Até porque, os últimos anos foram uma grande mentira. Parecia uma história teatral. Onde havia um começo, meio e fim. Mas diferente do conto de fadas, essa história não acabava com um final feliz.
Maiara estava na sala vendo um de seus seriados favoritos, enquanto o namorado e o cunhado estavam na cozinha fazendo algo pro almoço. Eles conversavam sobre carros. Parecia que era tudo o que sabiam falar. Antes de descer, a ruiva passou no quarto da irmã e viu que ela estava dormindo, estranhou, já que Maraisa não costumava dormir aquela hora, só depois do almoço. Ela só cogitou que por conta da gravidez, a viagem fez a irmã cansar mais do que o normal. Mas agora, a ruiva sentia a necessidade de ir ver a irmã, era como uma voz interior. Gritando pra que ela fizesse aquilo.
Maiara pausou o seriado e antes de subir parou na cozinha.
– Por que ela estava dormindo? – Perguntou fazendo Gabriel se virar pra ela.
– Ela reclamou de dor de cabeça e enjôo. Aí assim que tomou o remédio apagou. – Disse – Por quê?
– Não, nada. Vou lá vê-la.
Gabriel sorriu assentindo pra cunhada, a ruiva se virou indo em direção a escada. Maiara foi até o quarto da irmã, entrou em silêncio e jurou que ela estava dormindo, até se aproximar e ver o cobertor se mexendo. Maiara ouvia os soluços e a respiração da irmã, o quarto estava totalmente escuro, fora que estava calor, mas mesmo assim, Maraisa estava coberta até a cabeça.
– Eii? – Chamou assentando no espaço vazio – Metade o que houve? – Perguntou tentando tirar o cobertor – Meu amor, tá tão quente aqui. Tira pelo menos um pouco desse cobertor.
Maiara tirou as sandálias, se deitou ao lado da irmã, e tentou aconchegar ela trazendo-a mais pra perto. A ruiva sabia sobre as crises de pânico da irmã, não só sabia como já tinha presenciando várias. Ela ligou o ar, e tentou tirar o cobertor da irmã. Seu rosto estava vermelho e molhado em lágrimas.
– Irmã, tá tudo bem. – Sussurou beijando a testa dela – Eu tô aqui. – Disse – Eu tô aqui.
– O almoço tá... – Gabriel entrou no quarto, mas se calou assim que olhou pra cama – Me desculpa. Levem o tempo que precisar, espero vocês lá na cozinha.
Ele já acompanhava aqueles episódios que costumavam vir todas as noites, então, por mais que seu interior gritasse pra que ele fosse até lá, Gabriel sabia que ela estava segura com Maiara. Na verdade, ela era a única pessoa que realmente conseguia acalmar ela rápido. O que ele demorava quase 1 hora, a ruiva fazia em menos de 40 minutos, mas ele não se sentia inferior só por isso. Gabriel entendia que a ligação que elas tinham era uma coisa inexplicável, assim como ele também tem com o seu irmão gêmeo.
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Laços desconhecidos
FanfictionNem sempre, a realidade em que você vive é verdade. E se tudo que você conseguiu até agora fosse mentira? Se vocês não fossem quem vocês acham que sempre foram? Se a sua verdade, na realidade, fosse uma grande mentira? Você iria atrás da verdade mes...