Laços desconhecidos

Capítulo 5

    Maraisa ainda não sabia pra onde iam levar ela. Mas depois de tudo que aconteceu, e de tudo que fizeram na frente da irmã dela, ela só queria morrer, não estava nem ligando pro que iam fazer. Ela não queria sentir mais nada, nem pensar em mais nada, só queria desaparecer. Agora sua dor era física, e emocional. A sua cabeça não conseguia esquecer da cena de Jon tapando a boca dela, a dor, e a Maiara gritando pra ele parar. Ela sentia seu corpo inteiro em choque, tudo parecia errado, todas as coisas pareciam estar funcionando errado.

    Depois de uns minutos no carro, Maraisa finalmente sentiu o carro parar de andar, e alguém – que ela não sabia quem era – pegou ela pelo braço sem educação alguma.

    – Seu animal. Tem educação não? – Maraisa perguntou.

    – Com você? Não.

    Ele continuou arrastando ela pra dentro de um salão gigante, e na hora, Maraisa entendeu onde estava. O local era grande, na verdade, era gigante, tinha mesas e as cadeiras estavam sobre as mesas; tinha um palco e lá tinha um pole dance. Maraisa olhou ao redor e viu o tanto de luzes que o local tinha, e logo em seguida, Jon apareceu. Ele sorriu de canto, e logo o "pai" da Maraisa também apareceu, e foi aí que sua raiva aumentou. Ela olhou pra ele com ódio, seus olhos expressava isso. Sem medo Maraisa se aproximou dele, segurou o nó que estava em sua garganta, e olhou firme pro "pai".

    – Como pôde? – Ela perguntou – Como pôde fazer isso? Mesmo não sendo meu pai biológico, a gente criou laços. E mesmo assim você permitiu que eu passasse por tudo isso. Que nós passassemos!

    Agora seu rosto já estava molhado em lágrimas, e ela sentiu que o Rodrigo – o não pai dela – também estava com os olhos marejados.

    – Você permitiu que ele fizesse aquilo, e na frente da Maiara? Que tipo de pessoa é você? – Ela alterou a voz – Que tipo de pessoa faria isso com a filha?

    – Maraisa, vocês não são minhas filhas. – Ele disse. – E sim, tem razão quando disse que criei laços com vocês. Porque com o tempo eu aprendi a amar vocês, e foi por isso que não cumpri o combinado.

    Maraisa ficou confusa.

    – Combinado? Que combinado? – Perguntou olhando pra Jon, e Rodrigo.

    – Quando vocês fizessem 18 anos, eu teria que contar tudo. Um de vocês viria pra cá, pra onde você está agora. E, se uma das duas ainda fosse virgem, seria leiloada. – Ela bufou rindo de nervoso.

    – E porque me trouxe? Se esse desgraçado arrancou tudo de mim, fora que nem sou mais virgem?

    – Porque mesmo você ou sua irmã não podendo ser leiloada, o Jon queria você. – Deu de ombros – E você tem mais pulso firme que sua irmã. Não dava pra ter alguém chorando aqui o tempo todo.

    – Não fala assim dela. Você perdeu a moral pra falar dela. – Rodrigo suspirou – Eu te odeio tanto.

    – Me desculpa. – Ele falou – Mas eu precisava cumprir com o combinado.

    – Você acabou com o que eu construí de você. – Ela disse com a voz embargada – Eu queria mesmo dizer que ainda te amo. Mas depois do que você permitiu ele fazer comigo, eu te odeio tanto.

    – Ok, ok. Chega desse showzinho. Podem levar ela. – Maraisa puxa o braço assim que alguém toca nela.

    – Não encosta em mim. É só me mostrar onde é! – Deu de ombros – Nem sei onde eu tô, não vou fugir.

    Claro que o homem olhou pra Rodrigo, como se pedisse autorização pra ele, e assim que ele assentiu o homem guiou Maraisa até um dos quartos que tinham ali. Obviamente não tinha só ela de mulher, tinha quase 30 mulheres ali, ela só não sabia se por vontade própria, ou pelo mesmo motivo que ela. O homem empurrou ela pra dentro do quarto, e suspirou.