A noite tinha sido movimentada pra Gabriel. A obstetra verificava Maraisa a cada 2 horas, ela dormiu porque eles só estavam monitorando os batimentos do bebê, então não precisava acordar ela. Mas Gabriel não conseguiu dormir, estava preocupado demais pra pregar os olhos. Já Maiara conseguiu dormir bem pelos remédios que tomava pra controlar as crises. Provavelmente a gêmea mais velha seria liberada hoje, mas a ruiva não.
A dor no abdômen havia passado, e ela se sentia bem melhor que ontem. Parecia mais disposta e menos enjoada. Assim que ela acordou foi pra banho, e depois do café esperou a médica pra fazer a revisão. Ela estava positiva, tinha certeza que estava tudo bem com o neném, mas ainda existia um medo de perder ele. Principalmente por não saber que remédio havia ingerido. Logo a médica chegou, e ligou a máquina de ultrassom outra vez.
– Bom dia! Como está? Alguma dor? – Ela negou.
– Não, só um leve desconforto.
– Olhem aqui – apontou pro monitor – agora ele tem o tamanho de uma ameixa.
– Mas eu não tô com 8 semanas? – A médica negou.
– Não. Você tá com 13 semanas. Já tá entrando na 14°.
Não fazia sentido, ela estava na boate a 2 meses, como poderia estar grávida de 3? A cabeça dela deu um nó, e não foi diferente da cabeça de Gabriel. Pra ele tudo estava confuso demais, mas eles estavam preocupados, então decidiram falar sobre isso depois.
– Os batimentos estão bons. E o sangramento parou, mas isso não diz muita coisa. – A médica informou olhando o monitor – A gente não sabe qual remédio você tomou, então não sabemos o que ele pode causar. A gente não sabe com o que estamos lidando, então todo cuidado é pouco.Maraisa já esperava por isso. Toda ação tem uma reação, então aquele remédio com certeza traria outras coisas ruins além do quase aborto.
– Quando a gente descobre?
– Com pelo menos 21 semanas. – Ela assentiu – Olha, eu tenho que te preparar. Isso pode ocasionar em muitas coisas, incluindo algo fatal, ok? Eu não tô falando que o seu bebê vai morrer, mas preciso que você entenda que isso é uma opção.
– Eu não quero essa opção. – Maraisa falou negando com a cabeça – Eu não quero essa opção! – Repetiu com a voz falha.
– Eu nem consigo imaginar como é receber uma enxurrada de coisas. Mas eu preciso que venha aqui toda semana pra fazer o monitoramento. Você pode marcar os horários na recepção. – Falou mudando de assunto – E preciso que não faça nada que te faça se esforçar muito, ou se estressar. Não vamos correr riscos, ok?
– Ok.
– Vocês estão liberados. E qualquer coisa podem me mandar mensagem.
Era confuso descobrir que está grávida num dia, e no outro saber que seu bebê pode morrer. Maraisa só queria ir embora e poder proteger aquela criança da melhor maneira possível. Seu coração falava que ia ficar tudo bem, e que até o final do ano ela teria um bebezinho no colo, mas sua mente falava que não. As vozes na sua cabeça diziam que tudo daria errado. Assim que a médica saiu Gabriel pegou a bolsa e o celular de Maraisa, e saíram do quarto.
– Não quer ver a sua irmã? – Ela negou.
– Eu quero ir pra casa. Por favor, vamo pra casa.
No fundo ela se culparia por não ter ido ver a irmã, mas havia acabado de receber uma enxurrada de coisas de uma só vez, precisava saber como absorver tudo aquilo. Precisava organizar os fatos, entender tudo que a médica falou, e saber que existiam sim vários riscos. Gabriel não ficou muito atrás. Ele também não estava bem, obviamente estava confuso e com medo também. Mas não queria demonstrar nada pra Maraisa. Sabia que os últimos dias tinham sido muito conturbados, e agora ele queria que ela se sentisse mais leve, justamente por ter alguém ao seu lado.
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Laços desconhecidos
Fiksi PenggemarNem sempre, a realidade em que você vive é verdade. E se tudo que você conseguiu até agora fosse mentira? Se vocês não fossem quem vocês acham que sempre foram? Se a sua verdade, na realidade, fosse uma grande mentira? Você iria atrás da verdade mes...