Capítulo 16

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    As primeiras semanas de contato com os pais das meninas foram mais receosas. Por mais que elas já soubessem que eles eram confiáveis, o início foi mais pra um conhecimento, conquistar mais a confiança, conhecer o caráter, os verdadeiros sentimentos, e elas souberam lidar bem com isso. Já tinham quase 1 mês e alguns dias que elas não viam os pais. Almira e Marco fizeram elas ficarem lá alguns dias, até ver que a filha mais velha estava melhor, e em condições de viajar. A relação deles não esfriou só pelo fato deles estarem distantes, na verdade parece que aumentou.

    Almira manda mensagem todos os dias, Marco também e Cesar sempre fala com elas por chamada de vídeo. Hoje Maraisa entrava na vigésima segunda semana, e todos os dias ela criava coragem pra ir ao consultório. De lá pra cá as dores haviam melhorado, e ela não teve mais sangramentos, o que é bom. O coração do Matteo parece estar melhor, mas na última consulta a médica ainda constou uma alteração. Como a obstetra havia dito, eles saberiam se Matteo teria alguma coisa no coração só a partir das 21 semanas. Mas ela não teve coragem de ir a clínica. Não conseguiu ir e enfrentar o que for que terá que enfrentar.

    Maiara e Gabriel estão enchendo o saco dela durante esses últimos dias, e hoje Almira convenceu a Maraisa a ir a clínica. Por medo do resultado, Almira inventou uma bela desculpa e acabou indo pra Brasília junto com Marco e Maraiso – agora todo mundo usava esse apelido. Ela sentia medo, muito medo. Ao mesmo tempo que se sentia curiosa sentia o arrepio consumir ela. A insegurança de alguma coisa dar errado, ou aquela sensação de que algo ruim aconteceria. Ambos eram sentimentos sufocantes. Gabriel fez o pedido de casamento pra Maraisa, que, obviamente aceitou, e em dois dias elas tinham ido ao cartório oficializar aquilo tudo. Eles não queriam um casamento arrumado agora, mas queriam se casar.

    Maraisa estava sentada na varanda do quarto vendo o sol começar a se esconder, enquanto sentia os movimentos do filho. Matteo realmente era uma criança muito animada. Ele ficava mais animado quando ouvia a voz do pai, da Maiara ou da Almira. Maraisa ainda não tinha chegado na fase de não conseguir dormir pelos chutes dele, mas alguns doíam. Com as mãos na barriga, Maraisa se lembrou da primeira vez que sentiu aquilo. Aquele tremor na barriga que passou ser o pontinho de paz dela.

    Flashback •

    Gabriel estava lendo uma história pra Matteo, enquanto Maraisa mexia nos cabelos do namorado e também prestava atenção na história. Uma das mãos dela estava em sua barriga, assim como uma de Gabriel.

    – E aí, o elefante foi pra trás da árvore, até ele finalmente conseguir uma sombra. – Falou – O dia estava quente, e o sol parec...– Ele se calou largando o livro e olhando pra Maraisa.

    Ela havia sentido um tremor diferente, como um movimento. Algo que nunca tinha sentido desde que descobriu a gravidez. Ela olhou pra  Gabriel com os olhos arregalados enquanto tentava acreditar que aquilo realmente tinha acontecido. Ele se virou rápido ficando de barriga pra baixo. Os dois estavam com carinhas de bobos, enquanto ainda estavam completamente anestesiados.

    – Oi, meu amor. – Gabriel falou pertinho da barriga – Chuta de novo pra eu contar com sua tia e ela ficar com inveja. – Maraisa negou sorrindo.

    – Como você é besta. – Ela falou se calando assim que sentiu outro chute.

    – Puxa saco da sua mãe. – Ele falou – O papai falando e você nem ligou.

    – Eu sou mais amável, eu sei. – Disse acariciando a barriga – Aqui amor, olha.

    Ela guiou a mão dele até o outro lado da barriga onde sentia que os movimentos estavam mais perceptíveis, e Gabriel ficou deitadinho na coxa dela enquanto sorria pro nada. Eles perderam a noção do tempo enquanto sentiam Matteo se "comunicando" com eles. Maiara bateu na porta fazendo uma carinha de boba quando presenciou a cena do cunhado deitado com as mãos conversando com o filho, enquanto a irmã sorria pelas bobeiras que Gabriel falava. Maraisa olhou pra porta sorrindo e chamando Maiara pra perto. Enquanto Gabriel, ele nem se mexeu. Estava muito focado.

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