As meninas estavam completamente dispostas a darem início a procura dos pais. Maiara acabou contando pra irmã sobre o que a "mãe" delas disse, e obviamente isso gerou uma curiosidade imensa. Elas queriam conhecer os pais, queriam ter contato ou pelo menos dizer que estavam vivas, era o mínimo depois de 20 anos. Nesses últimos 6 dias, a ruiva não tomou mais o ansiolítico que causavam tantas crises descontroladas. Não que as crises tenham melhorado, não melhoraram, não muito. Mas diferente de antes, as crises de agora não a levam pra outro lugar, ela consegue saber o que tá fazendo, e ouve as coisas ao seu redor.
Mas nos últimos dias ela considera que suas crises estejam controladas, diferente das da outra gêmea. Maraisa confirmou que a pior crise, com certeza, é a de pânico. Durante as noites ela acordava quando sentia que Jon estava tocando nela ou a chamando. Nem sempre Gabriel acordava no mesmo instante que ela, então as vezes ela simplesmente se cobria inteira com a coberta a fim de se afastar de seus demônios. Maraisa sentia seu corpo tremer tanto ao ponto dos seus dentes baterem um no outro.
E isso vem acontecendo quase todos os dias. Não no mesmo horário, mas a maioria das vezes é a noite. Parecia uma gangorra, pra uma levantar, a outra precisaria estar lá no lugar mais baixo enquanto segurava a outra, e eles sentia exatamente isso. Parecia que quando uma estava bem, – ou, tentando ficar bem – a outra estava completamente exausta. Mas havia uma vantagem nisso tudo, ninguém ficava mal ao mesmo tempo, então quando uma estava mal, a outra poderia dar apoio; mesmo quando sentia que estavam morrendo por dentro.
Gabriel aderiu a ideia de ler pro "pedacinho de ameixa", – como nomeou ele – e agora faz isso todos os dias. Ele e Gustavo haviam saído pra comprar algumas coisas, incluindo uma bendita torta de limão desejada pelas duas, porém, mais por Maraisa. Ela e Maiara estavam na cozinha, inventando uma salada de frutas, elas mais comiam do que colocavam as frutas que cortava na vasilha, mas estava dando tudo certo.
– Esse morango ta tão bom. – Maraisa falou fazendo Maiara concordar.
– Eu tenho que concordar. – Maiara falou deixando a faca de lado e se sentando –
– Acabou? – Perguntou se referindo as frutas – E você não cortou nem um dedo? – Maiara sorriu ironicamente.
– Só não te bato porque vou ficar com a consciência pesada de bater em uma grávida. Inclusive, você não vai aparecer não? Pedacinho de ameixa? Tá escondido aonde aí dentro, por que não é possível. – Maiara afinou a voz falando com a barriga da irmã.
– Até você aderiu o apelido?
– O Gabriel consegue influenciar a gente.
Elas ouviram o barulho da porta porta do carro, e logo ouviram os passos dos meninos também.
– Amor? – Chamou entrando em casa – Comprei mais livros pro nosso pedacinho de ameixa.
Gabriel apareceu na cozinha saltitando enquanto carregava sacolas com 4 livros infantis, e algumas outras sacolas que Maraisa não soube identificar o que era.
– Quê isso? – Perguntou apontando pras sacolas.
– Foi o Gustavo. – Apontou pro amigo ao seu lado – Mas eu também não resisti.
– A gente passou no shopping, e eu vi uns sapatinhos e ele um conjunto, a gente não resistiu. São tão lindos, cunhadinha.
– Vocês dois juntos não prestam. – Ela falou e pegou a sacola.
Em um tinha um mini Jordan vermelho e branco, e no outro um conjuntinho branco de ursinhos. Ambos eram unissex, então daria pra tanto se fosse menino, quanto se fosse menina. A cada coisinha que o "pedacinho de ameixa" ganhava, Maraisa sentia a ansiedade pra chegada do bebê, aumentar. Mas ela ainda sentia uma pontinha de angústia, não sabia explicar o que. Só sentia algo completamente ruim, como se seu instinto tentasse informar ela sobre algo. Mas ela tentava cobrir isso.
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Laços desconhecidos
Fiksi PenggemarNem sempre, a realidade em que você vive é verdade. E se tudo que você conseguiu até agora fosse mentira? Se vocês não fossem quem vocês acham que sempre foram? Se a sua verdade, na realidade, fosse uma grande mentira? Você iria atrás da verdade mes...