Laços desconhecidos

Capítulo 13

   As meninas nunca sentiram o dia passar tão devagar quanto sentiram nas últimas 24 horas. A quarta-feira passou totalmente arrastada, como se os ponteiros do relógio andassem ao contrário, e depois voltavam pro horário que deveriam marcar. A cada segundo parecia estar mais longe, a ansiedade e o medo só consumia as meninas a cada milésimo de segundo que passava. Elas pesquisaram muito, inclusive confirmaram o local onde os pais biológicos moravam. E parecia que a "mãe falsa" delas havia acertado. Não fazia sentido, se elas, supostamente se odiavam, porque continuavam acompanhando os passos? Era confuso.

    As meninas estavam no carro, indo em direção a Goiânia. Faltavam menos de 15 minutos pra que elas chegassem na casa dos pais, e elas sentiam tantas coisas, que nem sabiam se conseguiriam sair do carro. Muitos questionamentos se passavam pela cabeça delas, muitas coisas que deveriam fazer sentido não faziam. Incluindo como eles não acharam elas antes. Elas moram a 2 horas e 58 minutos deles, como não acharam elas? Isso não fazia o menor sentido. Assim que elas entraram no condomínio, elas sentiram que os corações iriam sair por algum lugar do corpo.

    – Eu não sei se vou conseguir fazer isso. – Maiara começou – Eu não sei se consigo descer e enfrentar eles.

    Maiara demonstrava tudo que sentia. O medo era visível, a ansiedade também, todos os seus sentimentos estavam estampados no seu rosto. Já Maraisa permanecia completamente focada. Seu interior estava um caos, ela também sentia medo e ansiedade, mas não queria que soubessem. O que era impossível, já que ela estava tentando esconder algo da sua irmã gêmea e do seu namorado. Ela olhou pra Maiara, segurou a mão da irmã e suspirou.

    – Olha só, respira. Tá legal? – Sorriu – A gente já esperou 20 anos, Maiara. E agora, a gente finalmente tá aqui. Pertinho deles. Não dá pra desperdiçar essa oportunidade. Por favor, irmã, não vamos adiar isso.

    – Tá bom, tá bom. Só me dá um minuto, por favor. – Maiara pediu sentindo os olhos cheios – Eu só preciso raciocinar e entender que os últimos 20 anos foram uma mentira.

    – Calma. – A mais velha abraçou ela – Tá tudo bem agora. Ok? Vai dar tudo certo.
   
    Maiara descarregou tudo o que ela sentia ali no colo da irmã. Seu rosto ficou vermelho, e seus olhos nem tinham mais lágrimas, mas ela se sentiu leve depois daquilo. Elas deram as mãos, Maraisa secou o rosto da irmã, eles 4 desceram do carro. A casa era linda. Parecia ser tão bonita por dentro, quanto era por fora. Elas observaram os dois carros que estavam na porta, e logo se aproximaram pra tocar a campainha.

    – Tudo bem, eu faço isso. – Gabriel disse.

    – Será que eles vão saber quem somos? – A ruiva perguntou confusa.

    – Duas mulheres, iguais, na casa deles em plena quinta-feira, eles com certeza vão saber. – Maraisa informou.

    A campainha foi tocada e Maiara sentia as sua mão suar contra a mão da sua irmã. Na verdade ela não sabia se ela ou Maraisa estava suando, mas com certeza tinha alguém suando. Logo uma moça abriu a porta com o sorriso no rosto. Ela era baixinha, tinha cabelos claros, e pele morena. Ela sorriu, visivelmente confusa, e continuou esperando por alguma pergunta.

    – Pois não? – Perguntou a moça vestida com um avental preto.

    – Desculpa o incomodo, mas poderia nos informar se dona Almira ou o senhor Marco está em casa? – Gustavo perguntou fazendo a moça sorrindo.

    – Ah, sim, claro. Só um minuto.

    A moça deixou a porta aberta, e voltou ademtrando aquela mansão a procura de alguém. Ela voltou com uma moça não muito mais alta que ela, cabelos também pretos; tão pretos quanto os de Maraisa. Ela tinha o tom de pele das meninas, e era incrivelmente parecida com as gêmeas; talvez um pouco mais com Maraisa por ter cabelos escuros. A moça ia falar o que estava acontecendo, mas assim que a mulher – que as meninas afirmariam ser a mãe biológica delas – levantou o rosto e olhou pras meninas, elas sentiram uma conexão de outro mundo.