33. Salve-me

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<Lisa>

Minha unhas não havia crescido tanto quanto eu gostaria. E olhando agora, Anil não cai nada bem com meu tom de pele, faziam meus dedos parecerem inchados.

Rose tagarelava algo sobre a última temporada de La casa de papel, que considerava uma série bem meia boca para ser gentil. Afinal de contas nada supera The vampire diaries.

Namjoon e Jisoo estavam sentados à mesa, avaliando alguns recibos dos últimos cristais roxos que ainda restaram antes de Yoongi ser preso. Aquelas pedrinhas cintilantes foram nosso único sustento nos últimos anos e levantávamos as mãos pro céu agradecendo pelo garoto ter deixado uma reserva bem gorda daquilo.

Jennie mexia em seu celular, jogada no sofá como se não tivesse nenhuma preocupação na vida, e de fato não tinha. Mas levantou rapidamente do lugar que estava, se endireitando atentamente quando ouviu as portas de entrada de nosso prédio bater.

Todos nos entreolhamos e pude ver de relance Jisoo e Namjoon alcançarem na estante de livros empoeirada, duas pistolas e colocarem atrás de suas costas.

– Nós temos que voltar – disse uma voz desconhecida.

Rose rapidamente chegou mais perto de mim, e eu enganchei meu braço no seu, como se ambas tivéssemos cacife para nos protegermos sozinha.

Bom, Rose tinha. Não digo o mesmo de mim.

– Não dá pra voltar, entendeu. Não tem como – todos relaxamos um pouco mais quando ouvimos a voz de Yoongi se aproximando da sala onde estávamos – Esperem aqui.

Paralisei quando vi Yoongi adentrando a porta. Estava sujo, suas roupas estavam rasgadas e estava ensanguentado da cabeça aos pés.

Namjoon deu um passo à frente, soltando a arma na mesa.

Yoongi engoliu em seco ao nos ver surpresos com sua aparição. Meu coração apertou quando o vi nesse estado. Sempre me senti culpada por não ter feito nada quando Namjoon decidiu que não o tiraria da cadeia. Foi o golpe mais doloroso que Yoongi levou e eu sabia que havia sido parte disso.

Éramos mais que amigos, mas uma família. E virar as costas para ele foi como cravar uma faca em meu peito. Não fiz nada pra ajudar alguém que amei como meu sangue. E sabia que ele pensava o mesmo.

Depois que saiu da cadeia e retornou para nossa casa, eu o abracei com tanta força na esperança de sentir o calor de seus braços contra mim. Mas não senti o Yoongi. Foi como abraçar uma estátua, e eu mereci isso.

Mas dessa vez não contive o instinto de correr em sua direção. Assim como Jisoo.

–Yoongi? Onde você esteve? – disse a morena apressada ao tempo que Jennie se aproximava preocupada. – Olhe esses machucados...

Ela levou a mão para tocá-lo, mas ele a impediu rapidamente, seu olhar estava preocupado e agitado. Ele sacudiu a cabeça e estava prestes a responder quando a porta abriu-se bruscamente.

–Eu não vou esperar porcaria nenhuma, vamos voltar lá agora mesmo.

Da porta aberta saiu um homem alto, de ombros largos, cabelos castanhos claros e lábios carnudos. Estava tão ensanguentado e sujo quanto meu amigo. Sua voz era ligeira e aflita.

Atrás dele, um pequeno garotinho, encolhido e pálido adentrou a sala, se colocando em um dos cantos. Seus olhos enormes brilhavam com as lágrimas.

– Seokjin? – Namjoon paralisou.

– O que você tá fazendo aqui? – Seokjin revidou parecendo ainda mais surpreso que o líder de nossa gangue.

– Eu é quem deveria perguntar.

Whisky CerejaOnde histórias criam vida. Descubra agora