O táxi estava parado em uma garagem atrás do prédio de Jungkook. A cor amarela se destacava parecendo uma grande banana com rodas. O letreiro acima estava desligado e a placa do carro estava sendo mantida no lugar com a ajuda de dois arames grossos. Por algum motivo achei o veículo aconchegante e repleto de histórias que um dia gostaria de ouvir.
Taehyung adentrou o automóvel logo colocando o sinto. O resto de nós se acomodou logo depois. Jungkook sentou no banco do carona e por algum motivo colocou uma das mãos para fora da janela e segurou o espelho lateral.
-Quando disseram táxi, não pensei que o táxi era seu - disse quando o garoto deu partida.
-Minha vó deixou pra mim quando morreu- respondeu Taehyung manobrando para sair da vaga.
-Chamamos ele de maneta. – disse Jimin com um meio sorriso nos lábios. - O espelho cai se você acelera demais.
Aquilo fez com que todos no carro rissem, uma risada alta e gostosa de ser ouvida. Até mesmo Jungkook. Percebi que nunca havia escutado sua risada. Era doce.
-Da próxima vez que falarem mal do meu táxi, vai todo mundo a pé.- resmungou Taehyung.
-Para onde estamos indo?- perguntei quando a chacota acabou e Taehyung dirigia cuidadosamente entre as ruas do Brooklyn.
-Estamos indo pro ninho das cobras. Antro da maldade. Bordel das gangues. Chame como quiser - Hoseok sibilou olhando pela janela.
Percebi que Jungkook também olhava seriamente para através do vidro, parecendo procurar algo entre as ruas pouco iluminadas da famosa cidadela. Evitei pensar em algo que me deixasse nervosa, quis acreditar que ele estava apenas olhando o lixo jogado ao lado das lixeiras, ou a quantidade absurda de latas de cerveja em meio aos becos. Tudo para não pensar no quão perigoso poderia ser andar por ali naquela hora da noite.
Se estivesse aqui, Seokjin com toda certeza vomitaria.
-Ele tá exagerando – Taehyung ditou olhando para trás com um sorriso. - É só um ninho de cobras mesmo.
-Mais conhecido como euforia.- Jimin disse a última frase com tanto ênfase que quase vi purpurinas saírem de sua boca.
-Euforia?
-Basicamente é uma boate comandando por Jennie e Jisoo.- explicou Taehyung. - Irmãs do Namjoon.
-Apesar de serem da gangue do centro elas aceitam todos lá. É como se fosse o Mamacita. Não podem haver brigas nem ameaças. É apenas diversão.
Jimin deu de ombros.
-E por que a braçadeira?- perguntei analisando a mesma mais uma vez.
-Apesar de ser uma boate que aceita qualquer um, membros de outras gangues rivais a de Namjoon não podem entrar sem serem convidados– explicou Hoseok mostrando sua braçadeira branca - Por isso Jungkook tem 5 braçadeiras, para levar apenas os de confiança que são escolhidos a dedo. Assim como todos os líderes.
-Ninguém de outra gangue entra sem a braçadeira.- afirmou Jimin.- Será muita sorte se Jungkook conseguir.
Jimin deu um tapinha no ombro do amigo à sua frente no banco. Jungkook o descartou com um aceno preguiçoso.
-Jungkook não vai ser barrado se não estiver com a dele?
-Ninguém ousaria.- o modo carregado de desdém e confiança de Jungkook me fez pensar que se ele fosse a casa branca alegando ser o Primeiro Ministro do Reino Unido, eles provavelmente o deixariam entrar.
-Principalmente quando ele é o favorito da Jennie.- Jimin debochou.
Jennie. Me perguntei quem ela poderia ser. Alguém aparentemente importante e cheia de deveres. Senti inveja por um breve segundo. Ambos garotos falam dela como se fosse uma princesa. E pelo que havia entendido das conversas paralelas durante a reunião seria, ela e Jungkook tem algo que duvido ser apenas amizade.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Whisky Cereja
أدب الهواة(Em andamento) Jeon Jungkook foi criado desde pequeno para ser herdeiro da maior empresa farmacêutica de Nova York. O engraçado é que o encontrei liderando uma gangue de marginais no subúrbio um tempo depois de abandonar tudo. Como aconteceu? Bem...