Whisky Cereja

19- O que as estrelas testemunham

Tudo passava rapidamente pela janela do carro, formando borrões e manchas no vidro da janela. As luzes da cidade eram como linhas brilhantes em meio a noite.

Tio Jin dirigia rapidamente pela rodovia 6 que atravessava Cape Cod, rumo ao aeroporto em uma viagem de uma hora e meia. Ninguém falou muito desde que saímos do bar, decidimos que cruzaríamos o país de avião ou do contrário não chegaríamos nem na metade do caminho inteiros. Meu coração seguia apreensivo, assim como, suspeitava, os demais garotos dentro do carro.

Encostava minha cabeça no ombro de Yoongi no banco de trás, calada como se nunca tivesse aprendido a falar. Meu estômago fervia mais a cada quilômetro alcançado. Não sabia ao certo o que aconteceria a partir de agora, se ir para Los Angeles era seguro ou se voltaríamos vivos para casa.

Casa...

Minha casa ficava em Los Angeles, com minha mãe e tudo aquilo que um dia deixei sem nem olhar para trás. Um grande museu de coisas e desventuras que me tornaram a pessoa que sou hoje. Talvez o frio na barriga se desse um pouco por isso, mas não queria dar aquela cidade insuportavelmente quente o troféu de maior aborrecimento, não, isso com toda certeza um dia seria entregue a mim mesma.

Assim que estacionamos o vento forte fez meus cabelos voarem e a terra entrar em meus olhos.

Se tratava de uma pequena construção, bem iluminada e com um grande estacionamento que acolhia incríveis 5 carros contando com o nosso. Nunca havia visto um aeroporto tão pequeno. Com sorte aceitariam cartão de crédito.

-O que vai fazer com o carro?- Hoseok perguntou antes que eu pudesse ter a chance.

-Vou trancá-lo e deixar aí. -disse Jin com a expressão carregada de pesar e irritação. -Não temos outra escolha.

-Eu sei que ninguém tocou no assunto ainda- iniciou Yoongi ganhando a atenção de todos nós. -Mas...como vamos pagar as passagens? Eu não tenho dinheiro.

-Eu pago. - respondi de imediato.

-Iu, não tem que fazer isso- fora Jungkook, que depois de uma longa viagem, finalmente havia aberto a boca.

Me dirigi até o porta malas para procurar minha bolsa transversal, esperançosa de que meu tio a havia jogado aqui dentro. Por sorte, estava entre as mochilas dos demais passageiros, amassada em um canto do carro. Peguei e verifiquei se tudo estava lá dentro, principalmente minha carteira.

-A única que pode pagar sou eu. - respondi passando minha bolsa pela cabeça e a arrumando em meu corpo. -Vamos.

O interior do lugar era como qualquer outro aeroporto, de pequeno porte, bem iluminado, limpo e arejado. As atendentes estavam dispostas em duas cabines. Bastava ir ali e pedir cinco passagens para Los Angeles e tudo ficaria bem.

Apesar do lugar ser pequeno, havia uma quantidade considerável de passageiros com malas e um bronzeado de invejar. Famílias com crianças vermelhas pelo sol caminhavam até uma pequena lanchonete. Aparentemente o site não estava errado ao dizer que era um destino de férias.

-Vamos esperar ali.- Hoseok apontou para uma fileira de bancos que ficava em frente a uma grande janela com vista para a pista de pouso.

Caminhei na direção da única atendente livre. Era uma mulher elegante com cabelos pretos cacheados e lábios carnudos com um gloss nude, contrastando muito bem com sua pele morena.

-Boa noite. Em que posso ajudá-la?

-Boa noite, vou querer cinco passagens para Los Angeles. - disse engolindo em seco. -Para o próximo voo.

-O próximo voo sai em uma hora, mas está com a classe econômica cheia. - ela respondeu olhando o sistema no computador.- Depois nós temos mais um que sai em 7 horas, e nesse temos assentos vagos na janela.