𝟎𝟎𝟒.

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Todos já estavam dentro do forte Belmont em seus pequenos mundos desbravando os corredores da biblioteca, cheios de livros em diferentes línguas - algumas mortas -, algumas coisas estranhas em potes de vidro e crânios de vampiros expostos em prateleiras como troféus e por fim armas na qual Trevor estava tratando de procurar.

Agora se encontrava no final de um dos corredores quebrando a tranca de um baú e encontrando algo que faria seus olhos brilharem em empolgação.

Saindo de lá com um novo chicote em seu cinto, orgulhoso por agora ter uma arma tão poderosa e que pertenceu a alguém de extrema importância para sua família.

— Foi essa porcaria que deixou essas marcas horrendas no meu lindo corpinho. - Lestat que passava com um caderno em mãos disse fazendo Trevor olhar para seu peitoral onde as marcas vermelhas já estavam quase desaparecendo.

— O nome é Estrela da Manhã e é lindo. - O caçador defenderia seu novo bebê a todo custo.

Em outro corredor Sypha seguia compenetrada na carta que encontrou no andar de baixo, lendo com olhos ávidos que quase não piscavam.

Quanto mais descobria sobre mais aquele mistério ficava melhor.

"... Elas pertencem a um querido amigo e tenho esperança que um dia ele ainda poderá precisar delas. E se quem estiver lendo isso for você, Lestat, saiba que se Deus me desse uma segunda chance, eu faria tudo igual. Ainda colaria minha testa ao chão, deixando todo nosso orgulho de lado, e junta das demais mulheres arranharíamos nossas gargantas implorando pela sua vida. Mesmo que naquele momento você estivesse a jogando fora.

Você tem que viver, Lestat. Uma vida que se orgulhe verdadeiramente, não apenas sobreviver.

De sua amada e protegida, Maeve Belmont"

Sypha percebeu que ambos deveriam ter um grande laço emocional pelos atos descritos na carta. Sua mente fantasiava os possíveis rumos da história de Lestat Laurent possa ter tomado, o tanto de coisas que deve lhe ter acontecido pra estar ali.

Do outro lado o Laurent se sentava encostado a uma das prateleiras colocando o caderno que segurava sobre o colo e abrindo a página marcada pelo lápis.

Começou a fazer o rascunho sobre a folha em branco, era tão natural para ele como respirar. Algo automático, umas das únicas coisas que carregavam sua humanidade.

Era uma linda frase que gostava de dizer. Mas tudo que ele era, todo seu ser, pertencia ao passado. Sua mente mergulhava em memórias de tempos remotos, gostaria de dizer que foi de uma infância que sentia saudades, uma infância com pais amorosos que lhe davam beijos na testa antes de dormir, mas era mentira. Seu pai nunca fez algo parecido, nunca demonstrou um pingo de humanidade. Ele se parecia mais com um demônio do que um homem de carne e ossos.

Em sua mente havia os olhos azuis cristalinos como um córrego calmo banhado pelos raios do amanhecer, aqueles lindos e amorosos olhos.

No final, saindo de seu pequeno devaneio diário notou que já havia terminado o desenho. Era algo comum, se distrair com coisas do passado enquanto faz algo no mundo real e acordava sem saber quanto tempo se passará.

Era uma mulher, de cabelos amarrados de lado, eram longos. Ela cuidava muito dele. Os olhos pequenos direcionados para frente, em seus lábios um pequeno sorriso que a fazia parecer tão simpática.

Ela era simpática...

Simpática, amorosa, acolhedora, carinhosa, gentil, divertida, educada, bonita e elegante. Exalava um ar de maternidade.

Porque ela era mãe também.

— É uma bela mulher, você desenha incrivelmente bem, estou impressionado. - Alucard pulou do alto da estante - onde estava observando o ruivo desde que ele chegou ali.

— Você acha? Isso é só um rascunho, ela era ainda mais bonita na vida real. - O homem falava animado e com imenso orgulho brotando em seu coração.

— Imagino. Ela era da sua família? - Não queria ser invasivo e acabar fazendo uma pergunta errada, ela pode ter uma história complicada com o homem ao seu lado e não queria perguntar diretamente se eles tiveram algum envolvimento romântico. Pode deixá-lo desconfortável.

— É minha mãe, o nome dela era Alma e ela era a pessoa com a alma mais pura que já conheci. - Lestat se recordou da época que ela cantava canções de ninar, o abraçava em noites de tempestade e trovões, como brincava com ele porque odiava o fato de não ter nenhum amigo para conversar.

— Que nome lindo, ela deve ser tão bonita quanto ele. Vocês se parecem? - Alucard poderia facilmente se guiar em uma aparência feminina de Laurent - se ambos se parecem - para imaginar como ela deveria ser.

— Na verdade não, só temos os mesmos olhos, infelizmente os perdi quando me tornei vampiro. Mas sempre me pareci com meu pai, piorou na adolescência. - Ele detestava se parecer com aquele homem repugnante, Harry também tinha cabelos grandes mas sempre gostou de os deixar amarrados por ser mais prático para uma pessoa que trabalhava o dia inteiro.

— Eu me pareço mais com minha mãe, em tudo na verdade.

— Então ela deveria ser magnificamente bonita para ter dado à luz a alguém incrivelmente lindo como você. - A fala faz com que o loiro ficasse corado e não foi intencional, quando Lestat prestou atenção já estava falando aquelas coisas, quase que fazer um elogio a Alucard fosse automático.

— Qual era o cor dos seus olhos? - Uma mudança de assunto. Mas por algum motivo tudo que envolvia o ruivo ao seu lado parecia extremamente interessante, queria descobrir tudo sobre aquele belo homem de olhos vermelhos. Mesmo as coisas mais horrendas.

— Tinha olhos azuis, tão azuis que pareciam brancos. - Ok, íris claras ficariam lindos naquele rosto perfeitamente esculpido e olhos caídos, o deixando com um ar cada vez mais atraente e tentador.

— Por ser meio humano, meu corpo envelheceu para a idade adulta muito rápido, mas só tenho 18 anos. - O Tepes colocou uma das mãos no peito. Lestat se levantou e depois curvou o corpo, rosto próximo ao dele.

— No final você é só uma criança nesse corpo adulto. Acho que nós dois somos. - O vampiro deu um leve toque no nariz do loiro antes de seguir pelos corredores.

Eles bem eram parecidos, em muitos aspectos tristes. Mas perfeitamente perfeitos um para o outro.

 Mas perfeitamente perfeitos um para o outro

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001. Eu fico bobinha só de saber que Lestat se apaixonou a primeira vista pelo Alucard 🙈

𝗚𝝝𝗗'𝗦 𝝝𝗙 𝗪𝝠𝗥 - 𝑨𝑳𝑼𝑪𝑨𝑹𝑫Onde histórias criam vida. Descubra agora