𝗚𝝝𝗗'𝗦 𝝝𝗙 𝗪𝝠𝗥 - 𝑨𝑳𝑼𝑪𝑨𝑹𝑫

𝟎𝟎𝟔.

O vento refrescante trazia consigo a primavera, como em um dia normal Lestat acompanhava Alma em uma tarde no pequeno jardim. Sentados à uma mesa debaixo da sombra de um caramanchão, cercados de flores de diversas cores que vinham das suas boas vindas, o garoto seguia focado em terminar o pequeno cavalo de madeira feito especialmente a mão para sua pequena irmã ainda no ventre.

— Hoje está um dia incrivelmente agradável, acho que deveríamos fazer um jantar especial. - Alma tinha um das mãos sobre a barriga que crescia a cada dia, olhava para as árvores enquanto o vento calmo movia seus cabelos negros em cachos.

— Porquê? Se quanto papai chegar a única coisa especial vai ser a nova tensão naquela sala, mas eu apoio. - O ruivo entalhava com cuidado e totalmente compenetrado no seu pequeno trabalho, a pequena faca em sua mão cortava a madeira como manteiga. Além de ter esses pequenos talentos Lestat também era um ótimo ferreiro. Realmente fazia de tudo para distrair sua mente da realidade que bate em sua porta toda vez que acorda.

— Não fale assim de seu pai. Ficou incrível, querido, parabéns. - Ela observou o cavalo quando o mais novo o colocou em sua frente, havia terminado. A mulher o pegou em suas mãos delicadas, olhando toda a extensão percebeu uma letra em uma das patas do animal. — A? Já decidiu o nome?

— Alice. - Ele disse simples, o rosto apoiada nas mãos observando a mãe.

— Como tem tanta certeza que é uma menina?

— Apenas sei, é como uma sensação invisível. Você sabe que eu dei um nome a cada um dos meus irmãos porque sabia o sexo.

— Tomara que seja uma garotinha forte. - Ela acariciou a barriga redondinha, que se mexeu rapidamente, tirando risos surpresos de ambos.

A próxima coisa vista por Lestat era o teto escuro de seu quarto deprimente, seus olhos cansados infelizmente se abriram mais uma vez. Se sentou na cama observando o sol entrar pela cortina aberta que esqueceu de fechar, esteve observando as estrelas na noite anterior e pedindo por uma boa noite de sono. Quando notou já estava embalado nos lençóis brancos e limpos, não se levantaria por nada.

Lucille rapidamente entrou no quarto cantarolando uma música abrindo ainda mais as cortinas sem se virar para encarar o homem, sabia que ele estava acordado.

— O café da manhã está pronto, deveria descer para comer enquanto ainda está quente. - Ela o arrastaria se necessário, mesmo se passando meses Lestat se comportava como se tivesse sido levado para a cova junto com Alma. Aparentava estar morto, seus olhos com bolsas escuras anunciando para todos suas noites mal dormidas, sua pele pálida mostrava sua falta idas constantes ao lado de fora e suas mãos trêmulas mostravam que não se alimentava a alguns dias.

Sempre pulando refeições como se Alma fosse voltar para lhe dar alguns carões e oferecer comida na boca, mas sabia que isso não aconteceria.

Se levantou relutantemente pegando uma camisa de botão no chão, seu quarto estava totalmente bagunçado. Mas era uma bagunça organizada.

Se sentou na mesa posta, tinha bastante comida mas só ele a mesa. Sempre se sentava na ponta, a contrária de que seu pai sempre ficava. Virou a cadeira para a janela com um pequeno pedaço de pão na mão, mastigava lentamente sentindo o gosto amargo na boca e deixando de lado a vontade de vomitar.

Agora seus dias eram assim, mesmo rodeado de pessoas que lhe queriam tão bem continuava a se sentir tão vazio. Sozinho. Solitário. Seus dias se tornaram vagar pela imensa casa, por todas as pinturas que fez e estavam penduradas em quase todos os corredores. Pelos móveis que Alma escolheu com tanto gosto quando foi encarregada de mobiliar a casa.

Tudo naquele lugar era preenchido por ela, pela luz que ela emitia. Mas parecia tão apagado, tão escuro e frio. Antes os dias eram por si só ensolarados e minimamente alegres já que só tinha a triste presença de Harry no final das noites, mas em sumo, tudo era iluminado por Alma.