𝗺𝗮𝗻𝘀𝗮̃𝗼 𝗱𝗮 𝗮𝗹𝗱𝗲𝗶𝗮.

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"ᵖᵒᵉˢⁱᵃ, ᵉᵐ ᶠᵒʳᵐᵃᵗᵒ ᵈᵉ ˢᵒᵐ
ˢⁱⁿᵗᵒⁿⁱᶻᵃ, ˡᵉᵛᵃ ᵃ ᵇʳⁱˢᵃ ᵠᵘᵉ ˢᵒᵘ
ʲᵃ́ ᵠᵘᵉ ᵃ ᵛⁱᵈᵃ ᵖᵉʳᵐⁱᵗⁱᵘ ᵉˢˢᵉ ᵈᵒᵐ
ˢᵒ́ ˢᵉ ᵛⁱᵛᵉ ᵘᵐᵃ ᵛᵉᶻ (ᵖᵒⁱˢ ᵉ́)
ˢⁱⁿᵗᵒⁿⁱᶻᵃ (ˢᵒ́ ˢᵉ ᵛⁱᵛᵉ ᵘᵐᵃ ᵛᵉᶻ)"
— Borogodó, Puro Suco.




EU TINHA ENLOUQUECIDO. Mas as melhores coisas vêm de forma louca. Um dia depois de chorar de saudade e por não me sentir mais eu mesma dentro do meu próprio corpo, eu fui parar no carro de um amigo antigo.

Era tudo tão diferente, mas tão igual. O Jotapê tinha crescido, tava mudado. Não só os dreads, mas a voz tava diferente, mais grossa, carregava mais maturidade. E ele tinha a Kakau, que eu tinha conhecido faz minutos, mas já dava pra saber que ela seria uma das pessoas mais verdadeiras que eu teria na vida.

Mas ao mesmo tempo, Jota continuava com o mesmo sorriso largo, o mesmo brilho nos olhos, a mesma atitude de liderança.

O momento era tão bom que eu xinguei a minha covardia de ter esperado tanto tempo pra isso. De ter achado que seria algo tão maior do que realmente foi. As coisas são tão mais simples com os amigos. Talvez esse reencontro fosse um monstro de sete cabeças na minha mente, mas foi só ver o meu amigo que tudo se dissipou. Tudo acalmou, as vozes paranóicas calaram a boca, milagrosamente.

— Então, a Aldeia tem uma casa? - Eu pergunto, no banco de trás do carro.

— Sim, é onde a organização grava os conteúdos e trabalha. Mas também tem... - Antes que a Kakau terminasse o Jota interrompe.

— Tem o Bob. Também tem o Bob.

— Oi? - Falo rindo e confusa.

— Oi. - Jota responde

Kakau coloca a mão nos olhos com um suspiro cansado.

— Gata, só vamo chegar lá e você vai entender. Ignora o João Pedro enquanto isso.

— Ei. - Ele reclama.

Demorou uns 15 minutos para chegarmos na casa, e foram 15 minutos aturando o Jotapê, o que na minha honesta opinião, deveria existir algum prêmio. Fiz uma prece silenciosa pela sanidade da Kakau.

O carro para em frente a uma casa relativamente grande.

— Chegamos.

Saímos do carro e o Jota toca a campainha.

Esperamos uns segundos até surgir uma figura da porta.

Um homem de tranças, com olhos claros e grandes e barba.

— Lembrou da nossa existência Jotap... - Antes que ele terminasse, os olhos de Bob se encontram com os meus e se arregalam. - ATENA?

Solto uma risada e abraço o Bob.

— Falei que ia ter um Bob. - Jota resmunga.

— Meu Deus. Você tá viva. Achei que tinha morrido. Meu Deus. Entra. Os outros precisam te ver. - ele fala já me puxando pra dentro, junto com Jotapê e Kakau.

— TODO MUNDO VEM PRA SALA AGORA. URGENTE! TODO MUNDO... - Bob sai berrando pela casa como se fosse um louco.

Tampo meus ouvidos quando ouço outro berro.

— CARALHO BOB CALA A BOCA PORQUE VOCÊ TÁ BERRANDO ARROM... - Mikezin surge na minha frente. - MEU DEUS, ATENA! - ele me abraça.

— Oi... Mike... preciso respirar. - Falo, com dificuldade.

𝘀𝗼𝗯𝗿𝗲 𝗮𝗺𝗼𝗿 - 𝗴𝘂𝗿𝗶 𝗺𝗰Onde histórias criam vida. Descubra agora