𝗽𝗿𝗲𝗽𝗮𝗿𝗮𝗰̧𝗼̃𝗲𝘀.

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"ⁿᵃ̃ᵒ ᵐᵉ ᵈᵉⁱˣᵉ ˢᵒ́
ᵉᵘ ᵗᵉⁿʰᵒ ᵐᵉᵈᵒ ᵈᵒ ᵉˢᶜᵘʳᵒ
ᵉᵘ ᵗᵉⁿʰᵒ ᵐᵉᵈᵒ ᵈᵒ ⁱⁿˢᵉᵍᵘʳᵒ
ᵈᵒˢ ᶠᵃⁿᵗᵃˢᵐᵃˢ ᵈᵃ ᵐⁱⁿʰᵃ ᵛᵒᶻ
ⁿᵃ̃ᵒ ᵐᵉ ᵈᵉⁱˣᵉ ˢᵒ́
ᵠᵘᵉ ᵒ ᵐᵉᵘ ᵈᵉˢᵗⁱⁿᵒ ᵉ́ ʳᵃʳᵒ
ᵉᵘ ⁿᵃ̃ᵒ ᵖʳᵉᶜⁱˢᵒ ᵠᵘᵉ ˢᵉʲᵃ ᶜᵃʳᵒ."

— Interlúdio - Dão Errado, Luísa Sonza




A REAÇÃO DAS pessoas diante da troca do Noventa por mim era bem dividida. De verdade. Bem dividida mesmo.

50% do público achava que a Aldeia estava louca por me colocar no lugar de um mc tão bom quanto o Noventa, e que eu ia afundar o Guri e Barreto.

Nada fora do óbvio.

O outro 50% estava em êxtase, e alegavam que a gente era o melhor trio possível, por verem a nossa amizade no dia a dia. Que a gente teria sincronia como mais nenhum e que eu ia honrar o Noventa.

A verdade, na minha opinião, era algo entre esses dois extremos. Acreditava fielmente que o Noventa seria melhor que eu e que provavelmente os meninos iriam se destacar muito mais, comparados a mim. Mas que a gente tinha o fator da amizade, a gente tinha.

É assim que a gente vai vencer os rugal, com o poder da amizade, que incrível, não?

Os dois dias até chegar a BDA se passaram mais rápido do que eu queria. Talvez eu não realmente quisesse que chegasse. Só a promessa de estar lá já era o suficiente pra mim.

Não vou mentir, tivemos um baque no caminho.

Um dia antes, Brennuz ficou doente. Literalmente um dia antes. A gente achava que era só uma gripe inicialmente, mas na verdade ele contraiu uma pneumotorax. Simplesmente isso.

Foi um tiro em todo mundo.

Todo mundo se abalou.

Brennuz estava arrasado. Era a oportunidade da vida dele, segundo o próprio. E ele não poderia ir por questões de saúde.

Me sinto mais ainda uma intrusa.

Fomos visitar ele no hospital, mas sem chance dele conseguir ir pro evento. Ele precisava ficar de repouso tomando sopinha.

— Vou te honrar lá. Vou rimar por nós dois. Juro. - falei pra ele, mesmo que não confiasse tanto assim no meu potencial.

Brennuz me olhou, os olhos molhados de lágrimas.

— Eu sei que vai, Olimpiana. Ano que vem vai ser nós dois naquele ringue. - Ele tinha me respondido.

Tentava manter a minha cabeça no lugar e me acalmar pelos meninos. Eles acreditavam em mim, e o mínimo que eu posso fazer é dar o meu melhor.

Então, quando eu acordo no dia da BDA, eu passo pelo menos todos os minutos antes da noite no ciclo interminável de ficar me remoendo e me acalmando.

Quando deu 17:00, comecei a me arrumar. Fui pra debaixo do chuveiro e tomei um banho de água gelada.

Tentei digerir a minha vida.

Que porra eu tava fazendo com a minha vida?

Respiro fundo.

Vai dar tudo certo.

Saio do banho e coloco a roupa. Pisco, me olhando no espelho. Aquilo era inevitável. Ia realmente acontecer. Acho que só verbalizando não tem como você sentir o peso daquilo nas suas costas. Mas com a roupa? Aí você percebia que não tava só alucinando.

𝘀𝗼𝗯𝗿𝗲 𝗮𝗺𝗼𝗿 - 𝗴𝘂𝗿𝗶 𝗺𝗰Onde histórias criam vida. Descubra agora