Narrado pela Jimin
Como dito, eu comecei a terapia, faz mais ou menos dois meses, Jonghyun tem três meses agora, estava mais apegado em Jungkook do que nunca, bom, em resumo, minha terapeuta me deu como tarefa escrever uma carta pro Kai, pra lavar minha alma.
Mas calma, a carta não vai ser entregue, eu apenas precisava registrar, e na verdade eu estou meio confusa, eu sentei na escrivaninha e suspirei quando peguei a caneta.
Eu estava brava?
triste?
eu desejo mal a ele?
eu não desejo?
Eu suspirei e tirei a tampa da caneta a pousando no papel, pensei tanto que uma mancha grande de tinta se formou ali.
Troquei o papel e a caneta bufando.
3 de fevereiro de 2024
Oi
Eu nem sei como começar essa carta até porquê sei que ela não será entregue.
Começamos a namorar em.... eu não me lembro bem, mas já fazem alguns anos, começamos no primeiro ano do ensino médio, eu tinha dezesseis anos e estrelas nos olhos, bom, era o que você dizia.
Foram seis meses de calmaria, e eu estava tremendamente apaixonada, era meu primeiro amor e pra mim era grande coisa, eu estava fazendo tudo certo, eu acho, eu cuidava de você, cozinhava pra você, quando você estava triste deixava você chorar no meu colo.
Mas você queria mais.
Sempre queria mais.
Foi quando você disse que eu devia fazer sexo com você, eu não sabia tanto sobre, alguns poderiam dizer que eu era meio infantil nesse tópico, mas você, oh tão solicito, se ofereceu pra me ajudar.
Foi um desconforto do inicio ao fim, a forma como você pedia pra eu me tocar doia muito, e eu me sentia envergonhada, minha mandibula doia quando eu treinava sexo oral, e eu estava ficando doente mentalmente.
Depois de tantos videos pornográficos pra aprender a como te satisfazer eu virei uma viciada, minha mente pensava nisso 24 horas, não era saudável, não era legal, e no fundo eu sabia disso, mas sempre acabava cedendo ao vicio.
Até que, por fim, fizemos.
A experiência não foi ruim, eu acho, eu gostei, mas naquela altura eu gostaria de qualquer coisa desde que fosse você e desde que fosse sexo.
Acordei na manhã seguinte me sentindo suja, mas eu não conseguia parar e você também não queria que eu parasse.
Eu tinha dezesseis anos, nova demais pra essas coisas e até hoje eu penso se meu pai ficou decepcionado comigo quando soube.
Bom, eu acho que isso não é importante, eu quero falar da violência.
Eu demorei, e muito, até dizer essa palavra me referindo a você e até hoje me sinto mal quando faço.
Eu sempre soube o que era, mas me recusei a nomear aquilo.
Na primeira que aconteceu, foi em uma discussão estávamos numa festa e eu tinha bebido demais e eu fiquei meio altinha.
Meio é eufemismo.
Eu dancei na mesa do bar, flertei com você de forma sexual, cantei alto no karaoke e cai no meio da pista de dança.
Você me levou pra casa e na manhã seguinte discutiu comigo dizendo que eu estava o envergonhando na frente dos seus amigos, seus gritos faziam minha cabeça doer mais ainda e eu mandei você calar a boca num momento de raiva.
Foi quando você me bateu no rosto.
Foi rápido, eu só senti o impacto e quando abri os olhos minha cara havia virado pro outro lado.
Você arregalou os olhos e pediu desculpa e naquela época eu confundi isso com arrependimento.
Mas era remorso.
E medo, medo de eu gritar alguém ou denunciar.
Eu não o fiz, era só um tapa e na minha cabeça eu fiz por merecer.
O único amor que eu conhecia era o seu.
Você não parou, toda discussão era um tapa, e os tapas viraram socos, os socos viraram chutes, os chutes viraram você batendo minha cabeça na parede e por fim tudo isso virou você deslocando meu braço quando bateu a porta do carro com força contra ele propositalmente.
Depois foi as humilhações constantes sobre o meu corpo e meu peso, que, pensando bem nem era tão grande.
Mas quando você me traiu foi quando meu cérebro processou que eu precisava desenhar a linha, e então eu terminei, cheia de medo, em público pra não sofrer as consequências disso.
Eu passei meses pensando em você, querendo voltar, tendo crises de ansiedade no quarto do meu pai junto com ele.
Mas um dia, um aluno "novo" apareceu no colégio.
Jeon Jungkook de óculos e olhos redondos na porta da sala nervosamente com um papel em mãos perguntando se estava na sala certa.
E eu lembrava dele, estudei com ele no jardim de infância, ele passou por mim e eu lhe lancei um sorriso, ele me olhou e arregalou os olhos escondendo o rosto nos livros e indo pro outro lado da sala.
Pensei que ele talvez só não se lembrasse de mim ou não gostava de mim.
Então eu tomei coragem pra falar com ele, naquele dia quando ele estava com seus amigos (igualmente estranhos) no corredor.
E bom, pra encurtar a história eu me casei com ele e tive um filho.
E é louco porquê eu ficava tão confusa e estressada quando estava com ele, achava que ele estava fazendo tudo errado com a forma gentil com que ele me tratava quando na verdade quem estava errado todo esse tempo
Era você.
Te vi no mercado outro dia com uma mulher, ambos de aliança e escolhendo doces, ela parecia tão feliz e, a analisando não achei nenhuma marca.
O que me faz pensar que, talvez com ela seja diferente.
Talvez ela merece o amor que eu não mereci de você.
Ou talvez você só tenha mudado.
E caso tenha mudado
Você sente vergonha quando ouve meu nome?
Ass: Jeon Jimin