Outros sonhos

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Autora: Aparentemente esse capítulo estava com um surto de não aparecer. Tô atualizando e deixando essa mensagenzinha aqui só para avisar! Espero que gostem. Semana corrida, por isso a demora para atualizar. Beijos, aproveitem! Me sigam no twitter: @lanadaprireis

- Você já pegou a cópia do prontuário do paciente pra estudar? - Valentina me abordou assim que saímos da sala do Dr. Erick.

- Ainda não. Estou a caminho da copiadora pra pegar as que deixaram impressas lá.

- Eu tenho aqui, mais de um, peguei pensando em você. Toma - ela me entregou a cópia enorme do prontuário do paciente, junto com todos os exames que ele já havia realizado - você quer tentar avaliar esse caso em conjunto?

- Pode ser. Não vejo porque não. Você quer marcar alguma coisa?

- Pode ser. Na sua casa, hoje?

- Tranquilo. Passa lá por volta das 19h.

- Vou estar lá.

- Tá gostando daqui? - resolvo puxar assunto, afinal estaríamos juntas durante as próximas semanas até o estágio de cirurgia acabar.

- Tô me adaptando. O hospital é enorme.

- Como você veio parar aqui? Já que não vejo ninguém da sua faculdade rodar aqui.

- Consegui uma vaga por indicação da Dra. Solange, pediatra. Conhece ela?

- Conheço sim, tive poucas oportunidades de ver ela atuando de perto, mas ela é muito bem falada.

Desde que li aquele bilhete que ela escreveu, minha mente não conseguia parar de voltar ao que estava escrito lá. Eu não parava de pensar naquilo.

- O que você sonhou? - resolvo perguntar. Minha curiosidade acabava sendo mais forte que tudo. Valentina apenas sorriu disfarçadamente.

- É confuso. Outra hora a gente fala disso, pode ser? - eu assenti com a cabeça, levemente incrédula. Ela queria matar uma curiosa hoje.

Então ela saiu, foi dominar novamente aquele espaço que cada vez mais eu sentia que fazia parte dela. Nunca vi uma pessoa se encaixar tão perfeitamente com uma profissão. Me admirava ver como ela atendia os pacientes, como ela se destacava nas cirurgias respondendo desde perguntas mais simples às mais difíceis. Ela tinha amarrado o cabelo de uma forma diferente. Sobre o que ela teria sonhado? Queria muito que não fosse a mesma cena do sonho que era meu. Talvez fosse só mais uma paranoia da minha cabeça.

Assim que me desocupei dos atendimentos, pedi permissão ao meu pai para que Valentina fosse à nossa casa mais tarde, afinal tínhamos combinado de fazer o estudo de caso juntas. Bruno, um residente de cirurgia que trabalhava no hospital, estava por perto. Ele tinha a pele alva, os olhos negros. Ele era calado. Talvez por isso demoramos tanto a conversar. Ele olhava para mim, ficava calado, virava o olhar quando o constrangimento batia.

- E aí, Luiza - ele resolveu puxar assunto quando se aproximou de mim no balcão - eu tava pensando, você quer tomar um guaraná ali na frente do hospital?

- Talvez outra hora, Bruno. Tenho que correr em casa pois vou fazer um estudo de caso daqui a pouco.

Quando cheguei em casa, tinha um tempinho até Valentina chegar, então resolvi tomar um banho e dormir pelo menos 30 minutos. Meu olhos pouco a pouco pareciam entrar em sintonia com um peso que se apossava deles, o sono estava chegando. Relaxei meu corpo como pude e deixei-o me dominar. Eu amava dormir. Era a melhor coisa do mundo.

"A areia fofa e branca se estendia até onde meus olhos podiam alcançar. Incrivelmente, nesse dia, a praia estava vazia. Eu podia observar o sol se pondo por entre as formações montanhosas mais lindas que só o Rio de Janeiro possui. O mar fazia a sua dança, brincava de encher a terra e voltar atrás, e o céu acompanhava a paisagem com suas poucas nuvens. A risada dela cortou aquele silêncio de natureza. Eu olhei para trás e a via caminhando em linha reta, olhando para o lado e rindo de alguma coisa. Seu rosto era branco. Seus cabelos eram esvoaçados pelo vento, liso escorrido. Ela usava um vestido preto. Eu já estava sorrindo só de observá-la. - Valentina? - ela olhou para mim e veio me dar um abraço. - Oi, Lu".

Acordei em um sobressalto, suando frio e espantada. Um novo sonho com ela. Dessa vez eu via o seu rosto e era exatamente igual. Porque eu sentia que eram duas pessoas diferentes quando era na verdade a mesma pessoa?

- Luiza, sua amiga está entrando - meu pai avisava da porta do quarto e eu buscava acalmar aquela sensação no meu peito.

- Oi Luiza, desculpa entrar assim - a voz era idêntica à que eu escutei no sonho.

- Pode colocar suas coisas na escrivaninha.

Minha feição não escondia que eu estava assustada e encucada com alguma coisa. Eu não entendia o porque eu sonhava com a Valentina. Esses sonhos eram completamente tangíveis. Valentina explicava o caso e eu mal conseguia prestar atenção no que ela dizia. Com muita luta, chegamos a conclusão que o paciente provavelmente tinha um aneurisma e precisava de cirurgia urgentemente. De relance, vi Valentina se virar para a escrivaninha e tirava algo de sua bolsa.

- A coruja significa sabedoria, o Yang é equilíbrio e a pena, proteção.

Ela me mostrava uma pulseira com três pingentes, depois colocou em cima da cabeceira, ao meu lado.

- Pra você ficar protegida dos medos e instabilidades emocionais.

Eu não fazia ideia do que pensar daquilo. Ela fez um carinho no meu cabelo ao me fitar. Minha boca secou exatamente nessa hora.

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