Entrei no hospital, sentindo uma sensação eletrizante dentro do meu peito. Sei que fazia apenas um dia que eu não ia ali, mas a lembrança da mão de Briar apertando a minha parecia real demais, mesmo que eu me esforçasse em acreditar que aquilo foi tudo coisa da minha cabeça.
Subi para a ala das crianças, com minha ecobag cheia com cinco sacos de cookies. Cada um deles preso com um lacinho e com o nome de cada uma delas. Estava vindo mais tarde do que os outros dias e elas provavelmente já estariam na cama. Mas isso não me impedia de dar um oi para cada uma delas.
Quando sai do elevador e percorri o corredor, não encontrei Maggie, apenas as enfermeiras que ajudavam a cuidar das crianças. Cumprimentei cada uma delas, antes de ir para os quartos das crianças. Chloe e Noemi dividiam um deles e estavam assistindo desenho juntas quando cheguei, já deitadas para dormir. Fiquei um tempo com as duas, deixando os saquinhos de cookies com seus nomes pra elas, que como eu esperava ficaram super felizes.
Clara e Valentim dividiam outro quarto. Estavam na presença de uma enfermeira quando entrei. Mas ela não se incomodou comigo, já que estava acostumada a me ver sempre ali. Fiquei com eles até que dormissem, deixando os cookies na mesinha ao lado da cama, para que eles vissem assim que acordassem.
—Ele está um pouco irritado hoje. Não quis brincar com os outros e nem mesmo quis sair da cama. —A enfermeira sussurrou quando cheguei na porta do quarto que Luca ocupava. O pequeno estava deitado de costas para a porta, encarando a janela.
Entrei no quarto lentamente, observando a tv desligada e apenas uma luminária pequena ligada para dar claridade ao ambiente. Luca se virou quando me ouviu, olhando pra mim por um segundo, como se estivesse surpreso por me ver ali. Abri um sorriso pra ele, mas ele apenas se virou para a janela de novo e soltou um suspiro pesado.
—Ei, sou eu. A Jasmine. —Falei, me aproximando da cama dele e passando a mão nos seus cabelos. Luca não fez qualquer menção de se virar ou me responder. —A enfermeira me disse que você ficou quietinho hoje. Aconteceu alguma coisa?
De novo ele não respondeu ou demonstrou qualquer emoção. Suspirei, tirando minha ecobag e a deixando na mesinha ao lado, antes de subir na cama atrás dele e passar meu braço ao seu redor. Luca não se virou, mas também não fez nenhum movimento de me afastar.
—Conta pra mim o que aconteceu. —Falei, sentindo que ele estava começando a ceder, porque se aproximou mais de mim, mesmo de costas. —Eu trouxe algo que você gosta bastante. Mas se você não falar comigo, não vou poder dá-los a você.
—Por que não veio ontem? —Indagou, me fazendo abrir e fechar a boca várias vezes, porque não estava esperando por aquela pergunta. —Eu fiquei esperando o dia todo.
—Me desculpa, Luca. Eu não estava me sentindo bem e acabei não conseguindo vir. —Falei, me afastando quando ele finalmente se virou, olhando pra mim com uma expressão que soava como se ele tivesse sido abandonado. —Eu não queria deixar você e os outros esperando. Prometo que isso não vai acontecer.
—Você está doente? —Indagou, com os olhos de arregalando aos poucos. —Você vai precisar ficar aqui no hospital igual a gente? Eu não divido o quarto com ninguém. Posso dividir com você.
Eu acabei rindo, enquanto me inclinava para deixar um beijo demorado na testa dele. Luca me abraçou, com o que estava o incomodando desaparecendo na mesma hora. Acariciei os cabelos escuros, pensando em como deveria ser solitário demais ali pra ele. A família dos outros estavam sempre ali fazendo campainha ou passando a noite com eles. Odiava vê-lo sozinho. Mas esperava que fosse por pouco tempo.
Ele dormiu depois de alguns minutos me enchendo de perguntas e me fazendo prometer que iria o visitar amanhã. Deixei os cookies pra ele ao lado da cama, onde ele pudesse ver assim que acordasse. Então fui embora, pegando o elevador com um buraco se abrindo no meu peito.
Quando o elevador chegou ao andar de Briar eu hesitei em sair. Sabia que naquele horário haveria alguém ali com ele. Mas eu não pretendia entrar no quarto dele. Eu só queria vê-lo de longe, para ter certeza de que o que havia acontecido na minha última visita não passou de uma peça que minha mente me pregou.
Caminhei a passos lentos pelo corredor, abrindo sorrisos hesitantes para as pessoas que passavam por mim. Me aproximei de onde ficava o quarto de Briar, olhando ao redor para ter certeza que não havia ninguém conhecido por ali. Quando tive certeza que não, caminhei lentamente para perto, até conseguir observar o quarto pela janela de vidro.
Meus pés ficaram grudados contra o chão, enquanto meu corpo inteiro ficava rígido quando observei lá dentro. Uma respiração pesada escapou pelos meus lábios e com três passos eu estava na frente do quarto, observando tudo completamente organizado lá dentro e a cama completamente vazia.
Dei alguns passos assustados para trás, sentindo meu coração disparar dentro do peito. Abracei meu próprio corpo, com medo de me desmanchar ali mesmo, porque eu parecia ter perdido completamente o controle sobre meu corpo. Quando conseguir respirar fundo e racionar direito, corri para o elevador e puxei apressadamente meu celular, ligando para Mavie.
Jas — Mavie...
Mavie — Não precisa me falar. Joe já me contou que vocês dois resolveram ir na festa comigo. Não precisa se preocupar com absolutamente nada, Jas, eu já tenho a fantasia perfeita pra você!
Jas — Ele não está no quarto, Mavie.
Mavie — O que? Do que está falando?
Jas — O Briar não está mais no quarto.
Mavie — Tem certeza? Você acha que ele pode ter acordado? Jas, talvez eles tenham apenas o levado para fazer exames e...
Jas — Não há mais nada no quarto, Mavie. Todas as coisas... presentes, não estão mais lá. Ele acordou. Eu tenho certeza que ele acordou.
Continua...
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Como conquistar Briar Harding / Vol. 5
RomanceBriar Harding é a estrela do time de hóquei da universidade. Cercado de amigos que o veneram. Sendo desejado pela maioria das garotas. Dono de uma personalidade única. E tendo o futuro no hóquei garantido pelo talento que corre nas suas veias. Briar...