Capítulo 50: Eu estou aqui, Jas.

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Havia passado quase todo o jantar olhando para Jasmine, porque era difícil pensar em outra coisa quando ela estava tão linda, bem na minha frente. Cada sorriso que ela me dava fazia cada segundo daquela noite valer a pena. Estava sendo muito melhor do que qualquer coisa que imaginei.

—Então você vai ajudar a escolher as novas líderes de torcida. —Comentou, desviando os olhos de mim para a taça de vinho, como se o assunto a incomodasse. Não parecia ser ciúmes. Mas parecia ser alguma coisa. E eu sabia o que era.

—É minha punição pela discussão com o treinador no jogo. Nossa última conversa foi a pior de todas e... —Soltei um suspiro pesado, negando com a cabeça. —Sabe, Nathan sempre me disse que não gostava de como o treinador guiava as coisas. Ele costumava exigir muito de mim. Sempre jogando as expectativas da vitória nas minhas costas. Quando vencíamos, ele me dava os parabéns. Quando perdíamos, ele jogava a culpa em mim, não importa se tenha sido por um erro de outro jogador ou desatenção do time todo. Tudo era sempre jogado sobre a minha cabeça. Não costumava me incomodar muito com isso, mas agora tudo mudou.

—Ele não quer deixar você jogar. —Jasmine completou por mim, enquanto eu balançava a cabeça positivamente.

—Acho que essa é a forma dele me punir, como se tivesse sido culpa minha entrar em coma e perder os últimos jogos. Sei que estávamos indo mal naquele mês  que fiquei fora. Mas o time deveria saber se virar sem seu melhor jogador. —Afirmei, umedecendo os lábios com a língua, enquanto Jasmine me olhava com compreensão. —Ele é o treinador. Deveria saber lidar com as coisas em momentos de crise. Mas agora eu estou aqui, tendo meu destino no gelo nas mãos dele. E depois da nossa briga no gelo, ele disse que eu precisava ajudar o time de líder de torcidas, porque isso era o mínimo agora. Então, meio que não tive muita escolha.

—Sinto muito. Já pensou em reclamar do treinador pra universidade? —Indagou, me fazendo comprimir os lábios em frustração.

—Na verdade, já. Mas isso poderia muito bem não dar em nada. Eles podem achar que sou apenas um jogador insatisfeito por ter sido jogado no banco. Eu realmente sou, mas a questão não é essa, certo? —Soltei, o que fez Jasmine rir baixinho, antes de ficar séria de novo. —Não precisa ficar incomodada por causa da Heather, Jas. Eu já falei pro time inteiro de hóquei que ela anda contando mentiras sobre nós dois. Não vai demorar muito pra universidade toda ficar sabendo que a história do encontro era mentira.

—Não estou incomodada com isso. —Mentiu. E eu sabia que estava mentindo pelo leve tremor na sua voz. A hesitação em falar. —Mavie provavelmente vai fazer o teste.

—Que bom, ela já tem o meu voto. —Afirmei, sem nem hesitar, o que arrancou uma risada de Jasmine e a fez me encarar.

—Isso não é proibido? Favorecer uma pessoa só porque você é amigo dela? —Questionou, me fazendo tombar a cabeça de lado e dar de ombros. Sendo proibido ou não, aquilo não era problema meu. Ninguém mandou o treinador me obrigar a fazer isso. —Ainda não acredito que isso está acontecendo.

—O que? —Abri um sorriso, vendo-a desviar os olhos de mim e olhar ao redor. Para aquele terraço silencioso só nosso, coberto de luzes.

—Eu e você, aqui nesse lugar. Um encontro. —Jasmine suspirou, parecendo pensar longe, antes de negar levemente com a cabeça. —As vezes tenho a sensação de que estou sentada naquela cadeira ao lado da sua cama no hospital. Que em algum momento eu vou despertar dos meus pensamentos e isso vai acabar.

—Eu estou aqui, Jas. Eu sou bem real. —Afirmei, empurrando a cadeira e ficando de pé. Jasmine me observou dar a volta na mesa e parar ao lado dela, estendendo minha mão em um convite silencioso. —E eu deveria ter agradecer por ter ido me visitar naquele hospital. Foi a melhor coisa que me aconteceu depois do coma.

Jasmine segurou minha mão e ficou de pé, me olhando com a respiração um pouco desregular. Meu sorriso era tão grande que fazia minha bochechas doerem. Puxei ela pra mim, envolvendo sua cintura, enquanto suas mãos abraçavam meus ombros. Por um momento tudo que fizemos foi olhar um para o outro, como se o mundo inteiro desaparecesse ao nosso redor.

—Quando eu acordei, tinha a lembrança de ter tentado segurar você e não conseguir. —Falei, observando os olhos dela se iluminarem ao ouvir aquilo, como se ela soubesse do que eu estava falando. —E agora eu consigo te segurar.

Ergui minha mão e deslizei pela bochecha dela, observando-a fechar os olhos e soltar uma respiração pesada, com o rosto se inclinando para mais perto da minha mão. Meu coração disparou, como se um incêndio estivesse começando dentro de mim. Cada célula do meu corpo reagindo a Jasmine como se ela tivesse nascido pra ser minha.

—Estou feliz por saber que é você, Jas. Sabia que tinha que ser alguém muito especial pra fazer aquilo. —Sussurrei, inclinando meu rosto para perto do dela, dando um beijo leve nos seus lábios. Meu coração martelando dentro do peito me dava certeza de que aquilo era real e não apenas um sonho.

—Você tinha razão, sabia? —Ela pareceu sem jeito, mas não desviou os olhos de mim um segundo sequer. —Queria que você descobrisse que era eu. Queria mesmo. Mas tinha medo demais de você descobrir e acabar agindo como se não fosse o que você esperava.

—Você pensa muito pouco de si mesmo, não é? —Sorri ao dizer aquilo, vendo-a comprimir os lábios, com os olhos parecendo ainda mais verdes e mais brilhantes naquele momento. —Não tem problemas, Jas. Pretendo estar aqui todos os dias pra te lembrar o quão incrível você é.

Puxei Jasmine para um beijo, querendo que ela tivesse certeza de todas as coisas que eu dizia pra ela. Eu podia mesmo ser corajoso por nós dois e eu iria, se isso fosse mantê-la perto de mim.

Continua...

Como conquistar Briar Harding / Vol. 5Onde histórias criam vida. Descubra agora