Capítulo 65: E o jogo amanhã?

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Depois que saímos do hospital, Briar decidiu que era um ótimo momento para que eu conhecesse os pais dele, mesmo que eu achasse que era o pior momento de todos. Mas eu não consegui dizer não, vendo o quão animado ele parecia com a ideia, repetindo o quanto eu iria me dar bem com a mãe dele.

Fiquei observando a cidade a noite pela janela do carro, enquanto a mão dele segurava a minha e a outra ele usava para dirigir. Meu coração estava mais calmo desde o momento que deixamos o hospital, mas eu ainda me sentia uma confusão completa. Quando entrei naquele quarto de hospital para ver Briar, não imaginava que iríamos chegar a esse ponto que estamos agora.

Quando chegamos no condomínio que os pais dele moravam, Briar me explicou sobre o fato de eles morarem em Albany, mas estarem ficando ali por conta de Abigail. Ele já havia me explicado toda a história dos pais dele e eu não consigo pensar em outra coisa a não ser no fato de que eles foram super fortes, por tanto tempo.

—Você está bem? —Briar tocou meu rosto, ajeitando meus cabelos atrás a orelha, enquanto esperávamos o elevador chegar ao andar dos pais dele.

—Você explicou pra eles sobre a foto? Eles chegaram a vê-la? —Indaguei, sentindo um gosto amargo. Tinha desejado me enfiar em uma cova muito funda quando o reitor a esfregou na nossa cara mais cedo. Ele não tinha o direito de ter aquela foto em mãos.

—Jas, eu expliquei sim. Não precisa ficar preocupada com isso. Meus pais estão furiosos com o fato de alguém ter exposto nós dois desse jeito. —Afirmou, abrindo um sorriso pra mim, enquanto apertava minhas bochechas com as mãos quentes. —Eles são famosos. Passaram por isso no início do relacionamento também. Eles entendem a gente mais do que você pode imaginar.

—Tudo bem. —Falei, tentando abrir um sorriso quando o elevador se abriu, observando os olhos calorosos de Briar sobre mim quando se inclinou e me roubou um beijo.

Saímos do elevador de mãos dadas e seguimos pelo corredor até a porta, que Briar sequer fez questão de bater antes de abri-la. O nervosismo explodiu de dentro das minhas veias, porque não esperava conhecer os pais dele tão cedo. Mas ali estava eu, entrando na casa deles, de mãos dadas com Briar, como se fôssemos namorados. Eu sequer sabia o que éramos. Só sabia que gostava mais de Briar do que já tinha gostado antes.

—Mãe? Pai? —Briar chamou, enquanto eu olhava ao redor, sentindo meu coração martelando na minha garganta.

Olhei para o corredor ao ouvir sons de passos, sentindo o frio na minha barriga aumentar consideravelmente. Já tinha visto os pais de Briar antes, mas nunca tinha os conhecido de fato. Mas todos sabiam quem eles eram. Uma das maiores patinadoras artísticas e um dos melhores jogadores de hóquei que já deslizou pelo gelo.

—Ah, vocês chegaram! —A mãe de Briar apareceu, abrindo um sorriso enorme, enquanto uma cópia mais velha de Briar vinha logo atrás. Não podia deixar de notar que ela também parecia uma cópia perfeita de Abigail. —Pensamos que não vinham mais. Você não respondeu minhas mensagens.

—A gente passou em um lugar antes de vir. —Briar ganhou um abraço caloroso da mãe, enquanto eu abria um sorriso um pouco nervoso, tentando me concentrar para não gaguejar na frente deles. —Mãe, pai, essa é a Jasmine, minha namorada.

Olhei para Briar, ficando paralisada ao ouvi-lo dizer isso. A mãe dele soltou uma risada, parecendo ter notado meu susto repetindo, antes de se aproximar de mim para me abraçar também.

—Acho que você esqueceu de avisa-la sobre isso, filho. —Afirmou, enquanto Briar virava o rosto para me encarar, como se buscasse alguma reprovação no meu rosto. Mas eu só estava chocada e sentindo a euforia crescer dentro de mim. —É um prazer conhecê-la, Jasmine. Briar só fala de você desde que acordou no hospital.

—Obrigada por me receberem. —Falei, a abraçando de volta, antes de cumprimentar o pai de Briar quando ele se aproximou também.

—Você é muito bem-vinda. Faz algum tempo que queríamos conhecê-la. —Ele olhou para Briar, vendo o filho dar de ombros, como se não fosse culpa dele que os pais não me conheceram antes.

—Sentimos muito pelo que está acontecendo. —A mãe de Briar me encarou com pesar, segurando minha mão com carinho. —Se pudermos fazer algo pra ajudar, não hesitem em pedir, está bem? Queremos saber quem é o culpado tanto quanto vocês. Uma coisa assim não pode acontecer e ficar impune.

—Já abrimos uma queixa. Acho que é só questão de tempo agora.

—Mesmo assim, se precisarem, peçam! —Ela piscou pra mim, com um sorriso tão bonito que meu nervosismo se desfez um pouco.

[...]

As coisas não foram mais fáceis no dia seguinte. Tentei ir pra universidade, mas só de ver as pessoas olhando para o carro de Joe, como se soubessem que eu estava dentro dele, me dava vontade de vomitar tamanha a ansiedade. Não consegui atravessar o campus até meu prédio. Não consegui sequer descer do carro.

Voltei pra casa me sentindo uma grande covarde, por ligar pra todas aquelas pessoas idiotas. Mas eu não conseguia simplesmente ignorar os olhares e sussurros. Tudo era recente demais e eles pareciam loucos para ter o que falar sobre aquela foto. Era quase como estar no centro de um furacão.

—Você pode tentar na segunda. Tenho certeza que os professores vão entender, Jas. —Joe murmurou, deitado ao meu lado na cama, enquanto eu encarava o teto sem dizer uma única palavra. —Melhor do que você ficar se sentindo mal indo pra aula.

—A gente podia passar com o carro por cima de todo mundo que falar de você. —Mavie sugeriu, enquanto girava na cadeira de rodas em frente a minha escrivaninha. Joe riu ao meu lado, quase como se concordasse com a ideia, enquanto eu apenas negava com a cabeça. —Eu realmente não me importaria de ser presa por isso.

—E o jogo amanhã? —Joe girou o rosto para me encarar, enquanto eu sentia um gosto amargo na minha garganta ao pensar no jogo de Briar contra Conwey. Era amanhã. Todos já estavam sabendo. Tinha certeza que a arena ficaria cheia. A ideia de entrar lá fazia meus ossos queimarem.

Como se soubesse que eu estava pensando nele, Briar bateu na porta e a abriu, parecendo um pouco sem graça por encontrar Joe e Mavie ali. Mas nenhum de nós precisou dizer algo, porque Joe se levantou da cama e Mavie da minha cadeira, saindo de fininho do quarto para nos deixar sozinhos.

—O treinador me deu um puxão de orelha por usarmos o vestiário para ficarmos juntos. —Briar começou, fechando a porta e se escorando nela, enquanto enfiava as mãos no bolso da calça. —Mas ele não me suspendeu do time, que era o que eu esperava que fizesse.

—Ele sabe sobre o jogo amanhã? —Indaguei, observando Briar negar com a cabeça. Não sabia como isso não havia chegado nele ainda. Mas se chegasse. Ele não teria como suspender o time todo por participar disso. —Promete que vai vencer amanhã e vai ficar tudo bem?

Briar sorriu, soltando um suspiro pesado, antes de se afastar da porta e vir para minha cama. Me virei de lado, observando ele tirar os tênis antes de subir na cama e me puxar para os seus braços. Me aconcheguei no calor do peito dele, desejando que pudéssemos ficar assim pra sempre, sem o mundo todo ao redor.

—Vamos vencer, Jas. Não existe qualquer possibilidade de perdermos. —Ele beijou minha testa demoradamente, enquanto eu fechava meus olhos e esfregava minha bochecha no peito dele. —E vai ficar tudo bem. Eu já te falei, vamos comemorar juntos mais tarde.

—Não sei se consigo ir no jogo. —Falei, quase tão baixo que não tinha certeza que Briar tinha ouvido. Mas soube que sim quando ele me apertou ainda mais contra si. —Não vou conseguir suportar todo mundo olhando pra mim e falando sobre aquela foto. Desculpa, eu acho que eu não consigo.


Continua...

Como conquistar Briar Harding / Vol. 5Onde histórias criam vida. Descubra agora