Capítulo 3: Que tal um acordo?

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A arena estava lotado de pessoas quando eu entrei, desviando das pessoas que estavam no caminho, enquanto olhava ao redor procurando pela minha irmã. Não demorei a encontrá-la sentada nas arquibancadas, com um saco de pipocas e dois refrigerantes. Sorri quando ela acenou pra mim, gesticulando que havia guardado um lugar pra mim.

Mavie Hollis era uma das minhas irmãs adotivas. Enquanto eu tinha sido a primeira a ser adotada, ela foi a segunda. Automaticamente isso fez com que nós duas fôssemos mais próximas do que nossos outros três irmãos. Mavie era dois anos mais velha que eu, mas estudávamos gastronomia juntas, porque trabalhar no café dos nossos pais nos levou a nos apaixonar por tudo relacionado a comida.

—Que bom que chegou. Já estava achando que você não ia vir assistir. —Mavie me entregou um dos refrigerantes quando me sentei ao seu lado, deixando o saco de pipoca entre nós duas. —Sua mão?

—Tudo bem. Não foi nada demais. —Falei, passando os dedos pelo curativo que eu havia feito. —Os times já se aqueceram?

—Já, você demorou. —Mavie me encarou com as sobrancelhas erguidas. A pele negra parecendo mais iluminada com a maquiagem que ela tinha feito, além dos cabelos cacheados que estavam presos em uma trança longa.

Mavie era linda, mesmo que as vezes ela achasse que não. Eu costumava ter um pouquinho de inveja dela, porque ela tinha facilidade em fazer amigos, em falar em público e, principalmente, era muito bem resolvida com os próprios sentimentos. Quando ela gostava de alguém, ela ia lá e fazia algo sobre isso, enquanto eu preferia continuar sendo invisível.

—Estava preparando cookies pra levar para as crianças depois do jogo. —Afirmei, vendo Mavie assentir, como se ela já pudesse imaginar algo assim. —Eu prometi a elas que iria lá mais tarde. Tudo bem você cuidar da minha parte no café?

—Claro, vou arrastar o Joe pra me ajudar. Ele não sai de dentro daquele quarto desde que arranjou aquela namorada virtual. —Mavie estalou a língua e nós duas trocamos um olhar inexpressivo. Mesmo que ele parecesse feliz, estávamos preocupadas com ele, porque não fazíamos ideia de quem era sua namorada, além do fato de ela ser do Brasil.

Olhei para o gelo quando os times foram anunciados, sentindo meu coração disparar quando vi o nosso time deslizar para dentro do gelo. Fiquei de pé junto com Mavie e o restante das pessoas nas arquibancadas, gritando quando eles ergueram os tacos de hóquei pra cima e acenaram pra todos nós.

Meus olhos automaticamente procuraram  por Briar, encontrando o nome Harding marcado atrás do uniforme dele. Um suspiro escapou pelos meus lábios, enquanto o calor se concentrava no meu rosto, mesmo que ele estivesse longe e nem fizesse ideia da minha existência. Aquilo era desconcertante e até um pouco patético.

Gritei praticamente o jogo inteiro, assim como a maioria da torcida, fazendo uma careta e me encolhendo sempre que Briar era atingido no gelo, por alguém do time da universidade do Alabama. Mas eu também comemorava sempre que marcávamos mais pontos. Meus olhos estavam sempre em Briar, porque ele brilhava dentro do gelo, participando ativamente de quase todas as jogadas. Não era atoa que ele era conhecido como a estrela do hóquei. Ele voava sobre o gelo.

—Que tal um acordo? —Mavie indagou, precisando falar no meu ouvido, já que com os gritos ao redor eu não conseguia ouvir mais nada. —Se o Briar fizer o último ponto do jogo, você vai falar com ele depois.

—O que? Não. Claro que não. —Falei, sentindo a ansiedade explodir dentro de mim só de me imaginar me aproximando dele com a intenção de falar alguma coisa. —E eu diria o que?

—Qualquer coisa. Puxava assunto. Chamava ele pra sair. —Mavie gesticulou com as mãos para o nada, como se aquilo fosse tão simples. —Ta na hora de parar de babar pelo cara e fazer alguma coisa, Jas. Briar pode ser bom no gelo, mas ele não é bom com mulheres.

—Você sabe que isso é mentira. Ele já ficou com a universidade toda se duvidar. —Falei, odiando o quanto aquilo me incomodava, mesmo que ele fosse livre pra fazer o que quisesse. —E ele quebra o coração de todas as garotas que tentam ter algo mais com ele.

—Talvez ele esteja esperando a garota certa. —Mavie afirmou, me arrancando uma gargalhada quando a vi me lançando um olhar sugestivo.

—Obrigada, mas não vou fazer isso. Eu nunca vou conversar com ele de verdade, Mavie. Assim como ele nunca vai olhar pra mim.

—Se você não fizer nada, ele nunca vai olhar mesmo. Homens são lerdos, Jas. —Mavie revirou os olhos, bufando em frustração, antes de apertar meu ombro. —Vamos lá. Você é linda, além de incrível. Não deveria ter medo de falar com um cara.

—Eu não tenho medo de falar com ele. Eu só quero evitar um constrangimento muito grande, porque você sabe que eu costumo falar demais. —Afirmei, vendo-a soltar uma respiração pesada e negar com a cabeça. Mas era verdade. Eu gostava de fazer pesquisa e ler estatísticas de absolutamente tudo, além de ter a mania irritante de sair falando sobre elas com as pessoas, porque sempre as achava fascinante. Já tinha feito isso com Briar e não queria fazer de novo.

—Se você falar com ele, eu faço sua parte da limpeza de casa até o final do ano. —Mavie falou, me pegando completamente de surpresa. A olhei, tentando ter certeza de que não estava blefando. —Mas você precisa me prometer que vai falar com Briar se for ele a fazer o último ponto do jogo.

—Tudo bem, eu prometo. —Soltei, sentindo meu coração martelando no meu peito com o que aquilo significava.

Mavie comemorou ao meu lado, enquanto eu me virava para ver o restante do jogo, sentindo milhares de borboletas no meu estômago, que deixavam minha barriga gelada. Eu torcia para que Briar acertasse a rede por último com o disco, com a mesma intensidade que torcia para que não fosse ele a fazer isso.

Olhei para o relógio, vendo que estávamos entrando nos segundos finais e que iríamos ganhar o campeonato. Mavie agarrou minha mão quando Briar recebeu o disco de Nathan e deslizou pelo gelo até a rede adversária. Todo mundo gritou ao meu redor, enquanto meus olhos acompanhavam tudo como se estivesse em câmera lenta.

Briar bateu o taco contra o disco e ele acertou a rede no segundo que um som anunciava o final do jogo. A torcida explodiu ao meu redor, mas eu fiquei completamente imóvel, levando a mão aos lábios quando o capitão do time adversário lançou o corpo contra o de Briar, o acertando com tanta força que ele bateu contra o muro de proteção, antes de desabar no chão, completamente imóvel.

Mavie soltou um "puta merda" ao meu lado, enquanto os colegas de Briar partiam pra cima do jogador que havia o acertado. O treinador e o juiz correram para atender de Briar, que continuava imóvel no chão. A torcida parou de comemorar, olhando assustada para o que acontecia dentro do gelo. Minha irmã passou o braço ao meu redor, enquanto eu sentia um aperto no peito ao ver eles tentando fazer Briar acordar, gritando que ele precisava de atendimento médico.



Continua...

Como conquistar Briar Harding / Vol. 5Onde histórias criam vida. Descubra agora