Briar Harding
Nunca pensei que fosse odiar um treino de hóquei, até ser obrigado a ficar escutando meu treinador me mandando ir com calma e falando pra ninguém bater em mim com tanta força no meio do treino. Era irritante a ponto de me deixar com vontade de tacar o taco de hóquei nele.
Agora eu estava sentado no sofá do casarão, vendo Nathan jogar vídeo game, enquanto eu despejava os piores xingamentos pra todo o universo. Parecia que ele tinha passado a me odiar, porque absolutamente nada estava dando certo. E o pior de tudo é que ninguém me entendia. Meus pais estavam preocupados comigo. Abigail ficava me observando a cada instante como se estivesse se perguntando se eu estava bem.
—Você podia parecer um pouco feliz pelo menos. —Nathan murmurou, me olhando de canto, antes de voltar a atenção para o vídeo game. —Você pode treinar um pouco hoje. Continua tão bom quanto antes do incidente.
—Mas isso não é o suficiente pro treinador. —Rebati, vendo Nathan comprimir os lábios e negar com a cabeça. —Nem pra ninguém, pelo visto. Parece que eu me tornei um inválido.
—Meu Deus, quando foi que você se tornou tão dramático? —Nathan gemeu do meu lado, antes de soltar uma risada. —Quem deveria estar resmungando pelos cantos sou eu. Sabe quantas vezes me arremessaram contra o muro de proteção no meio do treino? E eles são do meu time. Imagine no nosso próximo jogo oficial.
—Claro, posso imaginar. Vou ficar segurando o saco de gelo pra te entregar quando o jogo acabar, já que eu vou ficar na merda do banco. —Sibilei, escutando me melhor amigo soltar um suspiro, antes de pausar o jogo e se virar para me encarar.
—Sinto muito, cara. Eu sei que isso está te incomodando muito. Vou tentar falar com o treinador que não podemos jogar sem você. —Nathan prometeu, fazendo um pouco da minha irritação diminuir, porque era muito difícil ficar com raiva perto dele.
Conhecia Nathan a minha vida toda. Nossos pais eram amigos e muito próximos, o que fez com que crescêssemos grudados um no outro. Eu conhecia Nathan melhor do que ele mesmo se conhecia, assim como ele me conhecia melhor que ninguém. Nathan tinha um jeito diferente de ver o mundo, que as vezes fazia as pessoas olharem pra ele de forma estranha.
—Não precisa fazer isso. Eu só preciso me esforçar nos treinos e ele logo vai mudar de ideia. —Afirmei, vendo Nathan hesitar, como se estivesse pensando em insistir naquilo.
Nossa atenção foi para a entrada, porque Julian, Abigail, Victor e Millie tinham acabado de entrar, fazendo mais barulho do que seria necessário, já que estavam conversando e rindo sem parar. Abri um sorriso ao ver a animação da minha irmã, porque não havia nada melhor do que vê-la feliz depois das coisas que ela tinha passado.
—Onde vocês estavam? —Indaguei, vendo Julian apontar para as caixas de pizza que havia trazido.
—Noite da pizza. —Julian afirmou, dando um beijo em Abigail antes de ir para a cozinha. Fiz uma careta, porque ele tinha mania de beija-la na minha frente, como se estivesse fazendo de propósito para me irritar.
—Como foi o treino? —Abigail veio se sentar do meu lado. Na mesma hora abri o braço e deixei que ela se escorasse em mim, puxando-a mais para perto quando ela escorou a cabeça no meu ombro. —Você não parece muito feliz pra quem estava ansioso pra voltar pro gelo.
—Estou bem. O treinador só está sendo mais rigoroso comigo, de uma forma que não precisava. —Falei, escorando minha bochecha no topo da cabeça de Abigail, enquanto via Victor e Millie caminhando em direção as escadas. —Victor? —Ele parou no primeiro degrau, olhando pra Millie por um segundo, antes de me encarar por cima do ombro. —Você conseguiu?
—Conseguiu o que? —Nathan questionou, enquanto eu via Victor hesitar e então negar com a cabeça, fazendo a frustração borbulhar com ainda mais força dentro de mim.
—Eu vou conseguir. Só estou com muita coisa pra fazer e o sistema do hospital é um pouco confuso, além de existem milhares de gravações da câmera de segurança. —Victor riu sem graça, enquanto eu tentava ignorar a sensação desagradável na boca do meu estômago.
—Você pediu pra ele invadir o sistema do hospital? —Nathan indagou, parecendo incrédulo, enquanto eu dava de ombros. —Por que não me contou?
—Eu estava ocupado demais tentando me sair bem no treino hoje. —Afirmei, vendo Nathan negar com a cabeça como se isso não fosse uma desculpa boa o suficiente. —Que diferença faz? Ele nem conseguiu mesmo.
—Olha, eu não quero me meter, mas posso dar a minha opinião? —Millie desceu as escadas e veio se sentar no sofá, trazendo Victor junto com ela. Assenti com a cabeça, mesmo que soubesse que ia ignorar qualquer coisa que ela falasse em relação a garota. —Por que você não dá um tempo pra ela? Talvez ela só esteja muito insegura, já que não esperava que você se lembrasse. Quando ela estiver mais segura, tenho certeza que ela vai procurar você.
—Vocês estão do meu lado ou do lado dela? —Indaguei, vendo Victor e Millie trocarem um olhar demorado que me deixou inquieto.
—Estamos do seu lado, é óbvio. —Millie abriu um sorriso ao me encarar. —Só estou tentando ver a história pelos dois pontos de vista.
Bufei, cruzando os braços na frente do corpo, tentando não pensar naquela garota. Mas meu cérebro estava sempre me traindo, me puxando para dentro daquelas lembranças confusas do hospital e para a festa onde eu a encontrei. Tinha lido aquela carta um milhão de vezes e cada vez que terminava ficava tentando entender o porque de ela preferir continuar sendo inviável.
—Talvez Millie tenha razão. Ela só precise se sentir segura para te procurar. —Abigail segurou minha mão, abrindo um sorriso caloroso pra mim. —Se eu estivesse no lugar dela, estaria morrendo de vergonha. Não ia querer me revelar tão cedo.
—Ela mesmo disse que não era corajosa. —Julian completou, vindo se juntar a nós no sofá.
Fiquei em silêncio, mesmo que sentisse que todos eles estavam olhando pra mim. A conversa acabou indo pra outro assunto, o que me deixou aliviado. Quando subi para o meu quarto, não estava com sono, então peguei um livro da estante e deixei a luz do abajur acessa do meu lado. Meu óculos pra conseguir ler de perto estava esperando na mesinha ao lado da cama.
Comecei a ler assim que me deitei, esquecendo completamente do restante. Só percebi que já havia amanhecido quando deixei o livro de lado, vendo a luz da manhã na cortina da janela. Iria passar o dia feito um zumbi já que não havia dormido nada. Era apenas mais uma coisa pra fazer as pessoas se preocuparem desnecessariamente comigo.
Encarei o teto, escutando o som da minha respiração, antes de fechar os olhos e afundar nas lembranças daquela voz doce conversando comigo. O calor dos dedos envolvendo a minha mão com cuidado, como se ela tivesse medo de me machucar. Quando abri os olhos, olhei na direção que a carta dela estava, aberta sobre a minha escrivaninha.
—Posso ser corajoso por nós dois. —Falei, sentindo meu coração disparar quando decidi o que precisava fazer. Joguei as cobertas para o lado e corri pra me trocar.
Continua...
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Como conquistar Briar Harding / Vol. 5
RomanceBriar Harding é a estrela do time de hóquei da universidade. Cercado de amigos que o veneram. Sendo desejado pela maioria das garotas. Dono de uma personalidade única. E tendo o futuro no hóquei garantido pelo talento que corre nas suas veias. Briar...