Capítulo 53: Voltou dos mortos.

1.6K 255 38
                                    

Briar me entregou um dos tacos de sinuca, caminhando até o outro lado da mesa. Algumas pessoas dali olhavam pra nós dois, mas fiquei surpresa em perceber que não me importava nem um pouco com isso. Não quando Briar estava me encarando com um sorriso muito convencido, como se já tivesse ganhando o jogo muito antes de começarmos.

—Conhece as regras, certo? —Indagou, e eu assenti com a cabeça, vendo-o indicar que eu começasse. —Você fica com as menores. Que vença o melhor.

—Você não está no gelo. —O lembrei, me posicionando e acertando as bolas para dar início ao jogo. Briar sorriu ainda mais, como se soubesse que estava me irritando com tanta confiança.

—E você não está em uma cozinha. —Retrucou, me fazendo bufar ao ouvir aquilo, porque era o tipo de coisa que eu deveria esperar dele. —Acabei de perceber que ainda não conheci esse seu lado.

—Estamos saindo a menos de uma semana. —Dei de ombros, vendo-o caminhar pela mesa e fazer sua jogada, derrubando uma das suas bolas no cesto. —E não existe nada de interessante no que eu faço.

—Claro que existe. Se você está estudando gastronomia, é porque gosta disso. —Afirmou, piscando pra mim, fazendo meu coração dar um salto no peito, enquanto eu tentava me concentrar pra não errar na minha vez. —Por que escolheu gastronomia então?

—Você está certo. Eu gosto disso. Amo gastronomia. Meu pai é formado nisso e minha mãe é formada em administração. Os dois dirigem aquele café desde antes de eu chegar na vida deles. —Murmurei, observando Briar jogar, mas com os olhos em mim. —Ver o quanto eles amam aquele lugar e fazer parte disso influenciou bastante na minha escolha.

—E o que você pretende fazer quando se formar? —Questionou, como se realmente estivesse interessado na minha vida. Aquilo me fez hesitar por um segundo, respirando fundo antes de pensar numa resposta pra ele.

—Eu e Mavie queremos abrir uma confeitaria juntas. Sermos sócias. É a parte que mais gostamos da gastronomia. Nada de restaurantes ou qualquer coisa parecida. —Afirmei, negando com a cabeça, enquanto engolia em seco ao ver Briar se aproximar de mim para fazer sua jogada. —Acho que não preciso perguntar o que você pretende fazer. É bem óbvio.

—É só o treinador parar de me atrapalhar. —Briar passou por mim, praticamente esbarrando no meu corpo, o que me fez morder o lábio, percebendo a expressão disfarçada que estava no rosto dele. Meu coração estava martelando dentro do meu peito, sentindo cada coisa que ele fazia. —As crianças falaram aquele dia que você sempre leva doces pra elas. Quando eu vou ganhar algum?

—Você é uma criança por acaso? —Questionei, arrancando uma gargalhada dele. Briar jogou, enquanto eu me dava conta de que ele estava na minha frente. Precisava pensar atenção no jogo ou ia perder.

Me preparei para jogar, observando qual bola estava melhor posicionada para cair no cesto. Dei a volta na mesma, lançando um olhar afiado na direção de Briar, porque ele estava entre mim e a bola branca. Seu sorriso doce era quase irritante demais, porque ele sabia muito bem o que estava fazendo quando deu um passo para trás, deixando que eu chegasse na mesa para jogar.

Me inclinei, ajeitando o taco para bater na bola branca, sentindo minhas mãos tremerem ao redor dele quando senti Briar atrás de mim. O leve roçar do quadril dele no meu desestabilizou minha respiração, me fazendo hesitar e perder o foco do que fazer.

—Você está um pouco torta, sabia? —A voz dele soou um pouco rouca, como se ele também estivesse afetado com aquilo. Quase deixei o taco cair na mesa quando ele segurou meu quadril, fingindo estar me colocando na posição certa pra jogar.

—Se não se afastar, vou bater em você com esse taco. —Ameacei, odiando o quão trêmula minha voz estava. Briar riu, erguendo as mãos em rendição ao se afastar, me olhando com os olhos faiscando, de uma forma que me deixava quase sem fôlego. 

Me virei para a mesa, tentando ignorar o calor que se espalhava por todo meu corpo. O frio que tomava conta da minha barriga, me deixando ansiosa. Briar tinha conseguido me desestabilizar. Eu já não estava mais pensando em como vencer aquilo. Eu só queria ir pra um lugar onde estivéssemos só nós dois e o beijar. A vontade deixava minha pele formigando.

Bati conta a bola branca, fechando meus olhos com força quando errei feio. Quando me levantei, Briar estava olhando pro outro lado, tentando disfarçar o sorriso que estava se abrindo nos lábios. Bufei em irritação, sabendo que não ia vencer aquilo de jeito nenhum.

—O que você pretende pedir se ganhar? —Indaguei, olhando pra ele como se estivesse apenas curiosa e não como se pensasse que ele ia ganhar. Briar sorriu, erguendo as sobrancelhas pra mim, me fazendo soltar uma respiração pesada, com o corpo todo ficando arrepiado.

Não tinha certeza se Briar pretendia me responder, mas nossa atenção foi pra uma confusão do outro lado do bar. Briar ficou sério, soltando o taco sobre a mesa quando viu que Abigail estava no meio da confusão. Fiz o mesmo, indo atrás dele, tentando desviar das pessoas no caminho para chegar até nossos amigos.

—Eu já disse pra você tirar a mão. —Julian exclamou, enquanto puxava Abigail para trás de si, enquanto um cara enorme, que mais parecia uma parede de músculos, estava parado na frente dele. Victor estava ao lado de Julian, como se estivesse pronto pra entrar em uma briga se fosse necessário.

—Você é o que hein, o namoradinho? Sinto informar, parceiro, mas ela estava me olhando desde o momento que coloquei os pés aqui dentro. —O cara afirmou, fazendo os rapazes que estavam atrás dele rirem. Era óbvio que estava com os amigos ali. —Mas não se preocupe, eu não me importo em dividir.

—Eu não estava olhando pra você porque estava interessada, seu idiota! —Abigail exclamou, tão vermelha, que eu não tinha certeza se era de vergonha ou raiva. Só então me dei conta de quem era o cara que estava na frente deles e porque Abigail provavelmente estava olhando pra ele desde que ele chegou.

—Eu não sou cego, gata. —Ele piscou pra ela, enquanto Briar empurrava os amigos dele do caminho e entrava no espaço entre ele e Julian.

—Não, só é um babaca de merda mesmo. —Briar o empurrou para trás, o afastando de Julian e Abigail.

—Ah, não acredito! —Ele soltou uma gargalhada, olhando para os amigos que estavam atrás dele. —Olha só quem voltou dos mortos. O grande Briar Harding!

Olhei para Abigail, percebendo o medo nos olhos dela ao ver o irmão na frente de Conway, o culpado por Briar ter ficado em coma.


Continua...

Como conquistar Briar Harding / Vol. 5Onde histórias criam vida. Descubra agora