Capítulo 59: O que faz aqui?

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Jasmine Hollis

Andei pelo café anotando os pedidos e entregando os que já estavam prontos. Era final da manhã, o que significa que o movimento estava começando a aumentar. Mas eu logo precisaria almoçar e ir pra aula, então Joe acabaria ficando no meu lugar. Eu gostava de trabalhar no café e ajudar meus pais. Mas preferia mil vezes quando estava na cozinha preparando alguma coisa.

Caminhei até o balcão, abrindo um sorriso ao ver a garotinha de 6 anos que estava sentada ali, bebendo um milkshake. Os cabelos pretos presos em uma trança longa cheia de fitinhas coloridas, usando uma roupa de bailarina.   Ela parecia muito concentrada no seu milkshake de morango, mas abriu um sorriso assim que me viu.

—Bom dia, Elisa. Onde está seu irmão? —Indaguei, estranhando o fato de ela estar sozinha ali.

—Ele foi no banheiro. Mas não se preocupe, ele me disse pra gritar caso alguém tente fazer alguma coisa comigo. —Elisa afirmou, voltando a beber seu milkshake tranquilamente, enquanto eu sorria e negava com a cabeça. —Sua irmã está em casa?

—Não, ela tinha treino de patinação hoje de manhã. —Me escorei no balcão de frente pra ela, a fazendo companhia enquanto Nicholas não voltava. —Se quiser brincar com ela, pode marcar de vir aqui em casa um dia desses. Você sempre vai ser bem-vinda. Eu vou ganhar um irmãozinho novo. Pode virar amiga dele também.

—Sério? —Ela pareceu animada, enquanto eu confirmava com a cabeça. —Quando ele chega? Vou perguntar pra minha mamãe se eu posso vir brincar aqui.

—Ainda não sei quando ele vem. Mas espero que seja logo. —Falei, desviando os olhos dela quando Nicholas apareceu, deslizando até a banqueta do lado dela.

—Essa princesinha estava aprontando alguma coisa enquanto eu estava longe? —Indagou, me fazendo soltar uma risada quando Elisa fez uma careta pra ele, antes de enfiar o canudo do milkshake na boca.

—Não, ela se comportou direitinho. —Afirmei, piscando para Elisa, vendo-a sorrir pra mim. —Como está a Ella?

—Está ótima. Vai se apresentar no teatro principal no próximo final de semana. Deveria ir com o Briar. —Nicholas sugeriu, enquanto um dos funcionários deixava uma xícara de café na frente dele.

Não respondi de imediato, porque a primeira coisa que pensei foi no jogo contra Conwey. Briar havia me mandado mensagem contando que Conwey havia ligado pra ele. Eles já haviam marcado a data e o lugar, para a próxima sexta. Não demoraria muito para a história se espalhar. Mesmo sem ser um jogo oficial, tinha certeza que haveria torcida. Mas minha maior preocupação eram as consequências que isso poderia trazer.

—Claro. —Falei por fim, abrindo um sorriso fraco, porque a ansiedade não demorou um segundo para queimar nas minhas veias. —Vou falar com Briar. Tenho certeza que ele vai querer ir.

[...]

Desci do ônibus e atravessei o campus até meu prédio. O vento frio e as nuvens escuras no céu denunciavam que estava prestes a chover. Meu celular vibrou no bolso com uma sequência de mensagens. Mas não me importei em pega-lo. Briar estava no treino de hóquei agora, então certamente não era ele.

Olhei ao redor quando comecei a subir as escadas, sentindo as primeiras gotas de chuva. A temperatura parecia ter caído 10 graus a mais desde que saí de casa, me fazendo encolher dentro do casaco. Mas além do frio, eu estava me sentindo desconfortável. Algumas pessoas olhavam pra mim quando eu passava. Na verdade, todas elas faziam isso, o que era absolutamente estranho e constrangedor.

Meu celular vibrou no bolso de novo, enquanto eu me dirigia até meu armário, tentando ignorar os olhares furtivos que eram lançados na minha direção. Minha respiração estava começando a ficar acelerada de ansiedade e nervosismo, porque eu estava começando a me perguntar o que diabos estava acontecendo ali.

Olhei para trás, vendo as pessoas desviarem os olhos quando foram pegas me encarando. Isso fez meu coração disparar, enquanto minhas bochechas começavam a esquentar. Quando fui olhar pra frente de novo, a porta do corredor se abriu e bateu com tudo no meu rosto, me fazendo cambalear para trás e cair sentada no chão.

—Meu Deus, me desculpa, Jas! —A voz de Nathan soou apressada quando ele se ajoelhou ao meu lado e me encarou um pouco desesperado. —Eu juro que não tinha a intenção. Você está bem?

—Tudo bem, não tinha como você saber que eu estava passando. E eu estava distraída. —Falei, soltando um muxoxo ao esfregar minha testa dolorida, enquanto Nathan comprimia os lábios em desânimo.

—Me desculpa mesmo assim. —Ele ficou de pé e estendeu as mãos pra me ajudar a ficar de pé. Fiz uma careta, olhando-o por um segundo.

—O que faz aqui? Não tinha treino de hóquei hoje?

—Tinha. Eu estou atrasado, na verdade. —Ele riu, um pouco sem graça, enquanto ajeitava a mochila sobre o ombro. —Mas eu tive um problema com uma nota e o professor estava por aqui. Precisei vir falar com ele. Mas eu avisei o treinador sobre isso.

—Ah, entendi. —Falei, olhando ao redor, percebendo que agora as pessoas estavam começando a sussurrar enquanto olhavam de forma nada discreta na minha direção. Aquilo me fez engolir em seco, porque eu não estava gostando nem um pouco do que estava acontecendo ali.

—Você está bem, Jas? —Nathan indagou, parecendo preocupado comigo.

—Sim, eu só... —Parei de falar, olhando para os armários no corredor atrás de Nathan.

As palavras se prenderam na minha garganta quando desviei dele e caminhei na direção do meu armário, observando que havia alguma coisa grudada nele. Quanto mais perto eu chegava, mais ficava difícil respirar, enquanto minhas bochechas queimavam como se eu tivesse pegando fogo por dentro.

Parei na frente do meu armário, puxando a foto que estava grudado nele, sentindo dificuldade de respirar quando não acreditei no que estava vendo. Minhas mãos tremeram ao segurar a foto minha e de Briar, no dia que eu e ele nos beijamos a primeira vez, no vestiário.

—Ah, não... —Nathan sussurrou atrás de mim, enquanto meus olhos ficavam embaçados pelas lágrimas.

Porque Briar estava sem roupas e a pessoa que fez a foto tinha feito questão de cortar a parte que mostrava que ele estava de toalha. Mas o pior de tudo, é que a foto deixava a impressão de que eu também estava nua, mesmo que não desse pra ver quase nada de mim. Mas era meu rosto lá.


Continua...

Como conquistar Briar Harding / Vol. 5Onde histórias criam vida. Descubra agora