Capítulo 23: Estatísticas apontam...

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Quanto mais eu pensava no que havia feito, mas eu tinha a sensação de que tinha sido uma péssima ideia ir até o hospital. Se Briar não se lembrasse de mim, talvez as coisas estivessem sendo muito mais fáceis. Mas talvez, se eu fosse corajosa, as coisas não dessem tão errado como estavam dando agora.

—Mamãe ouviu nossa discussão ontem a noite. —Falei, porque eu e Mavie estávamos sentadas uma do lado da outra a alguns minutos, sem dizer uma palavra.

A cadeira que eu usava parecia até mesmo desconfortável, já que eu me sentia tensa. Mavie olhou pra mim de relance, parecendo não saber o que dizer. Não tínhamos conversado sobre a festa é o pós festa. Aquilo estava me incomodando, porque odiava ficar de mal com minha irmã.

—Ela puxou sua orelha por estarmos brigando de madrugada e pela porta batida? —Mavie indagou, enquanto eu comprimia os lábios e negava com a cabeça.

—Ela disse que eu sou a mais corajosa da nossa família e que um dia eu vou perceber isso. —Sussurrei, um pouco envergonhada, sem saber ao certo o porque. Mavie ajeitou algumas daquelas tranças em seu cabelo atrás da orelha, parecendo absorver o que aquilo significava. —Acho que ela está errada.

—Eu acho que nossa mãe está sempre certa. —Mavie retrucou, quase me fazendo sorrir, porque era algo que eu esperava ouvir ela falando. —Desculpa por ter ficado brava ontem a noite quando me pediu pra deixar o quarto. Fiquei frustrada porque você não quis me dar ouvidos e não fez o que eu disse.

—Alguém aqui odeia ser contrariada. —Falei, fingindo estar olhando alguma coisa muito interessante mas minhas unhas. Mavie soltou uma risada, me dando uma cotovelada de leve.

—Soa idiota, eu sei. Mas não posso obrigá-la e não quero obrigá-la a agir como eu agiria nessa situação. Você tem que fazer o que se sentir confortável em fazer. —Mavie girou o rosto e me encarou, encolhendo os ombros de leve. —Sei que odeia ser o centro das atenções, Jas. Imagino que deva ter sido ruim estar com Briar no meio da festa, com todo mundo olhando e sussurrando sobre vocês. Mas também sei que gosta dele de verdade.

—Acho que isso é um pouco forte, já que nunca tive nada além de trocas aleatórias de palavras com ele. —Ajeitei meu cabelo atrás da orelha, tentando pensar no que de fato sentia por Briar. Mas quanto mais eu pensava, menos eu entendia meus sentimentos.

—Forte ou não, está aí. —Mavie enlaçou meu braço com o dela, como se já estivesse tudo bem entre nós de novo. —Isso você não pode negar.

Eu ri, balançando a cabeça negativamente, antes de levar um susto com com Mavie quando um grito de dor chegou até nós duas. Ficamos de pé na mesma hora, correndo para perto do tatame onde Taylor estava caída no chão, pressionando uma outra garota contra ele, enquanto mantinha seu braço dobrado para trás. A garota de cabelos loiros gritava de dor, enquanto o treinador corria até as duas e as separava.

—Taylor, você está bem? —Mavie indagou, enquanto nossa irmã mais nova ficava de pé, jogando as duas tranças do cabelo para trás dos ombros. Estava vermelha e ofegante, mas sorriu para nós duas com um ar vitorioso, mesmo quando a garota sobre o tatame ainda gemia de dor.

—Por que você não parou? —O treinador se virou para Taylor, que fez uma careta e deu de ombros. —Você deslocou o braço dela. Deveria ter parado assim que ela gritou.

—Você disse que a luta só acabava quando uma de nós batesse a mão no tatame duas vezes. —Taylor falou lentamente, como se achasse irritante ter que lembrar o treinador das regras que ele mesmo repassou. —Ela não bateu.

—Acho que ela não estava apta pra fazer isso a partir do momento que você prendeu as duas mãos dela, Tay. —Falei, ficando vermelha quando o treinador me lançou um olhar indignado, como se isso não estivesse ajudando em nada. —Mas ela está bem, não está?

—Vou ligar para os seus pais. —O treinador me ignorou, ajudando a outra garota a ficar de pé, levando-a pra sala dele. A garota parecia ser apenas um ano mais velha que Taylor, mas isso não impedia nossa irmã de 10 anos de vencer.

—Que drama. —Taylor revirou os olhos, saindo do tatame em direção aos seus tênis, enquanto eu e Mavie a observávamos. —Por que eu preciso continuar vindo aqui? Já sei me defender e ninguém nunca consegue me imobilizar.

—Saber se defender nunca é demais, Tay. —Mavie e eu a acompanhamos até o vestiário para tomar banho e se trocar. Nunca deixávamos nossa irmã sozinha ali, porque ela tinha apenas 10 anos e a academia estava sempre cheia, tanto de adultos como de crianças aprendendo com aulas de autodefesa.

—Estatísticas apontam que mais da metade das crianças que sabem se defender conseguem....

—Escapar de sequestros e blá, blá, blá... —Taylor gritou de dentro do chuveiro, me fazendo encolher os ombros, enquanto Mavie soltava uma risada. —Eu sei, você já falou isso umas 50 vezes. Quero ir andar de patins!

Olhei para Mavie, vendo minha irmã mais velha dar de ombros, como se nada pudesse explicar a personalidade da nossa irmã mais nova.

[...]

Na segunda de manhã fiz algo que eu achava que era o mais certo do que apenas desaparecer. Apertei o papel entre meus dedos e antes que a universidade ficasse lotada, passei no armário de Briar e o enfiei por uma das frestas lá dentro. Então sai correndo para a minha aula, tentando não pensar qual seria a reação dele lendo aquilo.

Pois é, Briar Harding, nem todo mundo nasceu com o dom de encantar o mundo como você.

Tinha pensado muito sobre aquilo e chegado a uma conclusão que ele precisava de uma explicação. Se eu estivesse no lugar dele, iria odiar ficar no escuro dessa forma. Então coloquei no papel tudo que eu achava que ele precisava saber, tentando ser o mais sincera possível. Talvez isso o fizesse parar de pensar em mim e esquecer tudo que aconteceu. Então as coisas poderiam voltar ao normal.


Continua...

Como conquistar Briar Harding / Vol. 5Onde histórias criam vida. Descubra agora