Como conquistar Briar Harding / Vol. 5

Capítulo 60: Eu acredito em você.

Acho que Nathan estava tentando falar comigo, mas eu simplesmente não conseguia ouvi-lo. Disparei pelo corredor até o banheiro mais próximo, sentindo meu estômago tão gelado e minha cabeça tão quente. As lágrimas manchavam minhas bochechas quando entrei no banheiro e me enfiei em uma das cabines.

Um soluço escapou pelos meus lábios quando encarei a foto de novo, percebendo todas as alterações que a pessoa havia feito nela, para dar a impressão que havia acontecido algo que eu sabia que não havia acontecido. Sentei no chão e escondi o rosto entre os joelhos, sem conseguir conter o choro alto quando imaginei quantas pessoas haviam visto aquela foto. Imaginando que ela provavelmente estava na internet, onde qualquer um poderia ver, até mesmo meus pais e meus irmãos.

Amacei aquela foto com força e a joguei no chão, odiando quem quer que tivesse feito aquilo. A vergonha me consumindo de dentro para fora, porque eu já podia imaginar o que as pessoas estariam falando de mim por aí. Era óbvio o lugar onde estávamos. Era óbvio que eu seria a mais afetada. Aquilo era uma avalanche vindo diretamente pra cima de mim.

—Jasmine? —Me encolhi e apertei o rosto entre os joelhos ao ouvir a voz de Nathan, junto com a batida na porta do banheiro. —Jasmine, onde você está? Tentei ligar para o Briar. Mas ele está no treino. Não acho que ele tenha visto isso ainda e...

Ele ficou quieto quando soltei um soluço alto, tentando morder o lábio para não fazer de novo, mas era praticamente impossível quando eu não conseguia tirar aquela foto da cabeça e parecia que um buraco estava se abrindo no meio do meu coração.

—Por favor, tem algo que eu possa fazer por você? Qualquer coisa. —Vi a sombra dos pés dele na frente da porta da cabine, enquanto eu esfregava as mangas com força nos meus olhos na tentativa de parar de chorar, mas isso só piorava tudo.

—Pode ligar pra Mavie e pedir pra ela vir aqui? —Indaguei, quase me engasgando com as palavras, antes de esconder meu rosto de novo, quando percebi que Nathan havia se afastado da porta.

Escutei quando ele ligou pra minha irmã, murmurando algo sobre eu estar com problemas, mas sem dar detalhes. Sabia que Mavie viria na mesma hora. Talvez ela soubesse o que fazer nessa situação. Mas eu duvidava muito que algo pudesse ser feito. Com tantas pessoas me olhando quando cheguei, tinha certeza que o estrago já era maior do que eu podia imaginar.

—Jas... —Nathan bateu na porta, soando um pouco hesitante. —Pode abrir pra mim?

Apertei meus olhos com força, engolindo o nó que havia se formado na minha garganta, antes de me inclinar e puxar a trava, voltando a me sentar. Nathan empurrou um pouco a porta e entrou, parecendo ocupar metade da cabine com o seu tamanho. Seus olhos se voltaram para mim sentada no chão, enquanto ele fechava a porta parecendo não saber o que fazer.

—Você entrou no banheiro feminino. —Sussurrei, limpando minhas bochechas, vendo-o abrir e fechar a boca algumas vezes, constrangido, antes de dar de ombros.

—Você tá sentada no chão. —Ele fez uma careta quando se deu conta disso, antes de olhar para o vaso no canto. Dei de ombros também, antes de um soluço escapar pelos meus lábios, me obrigando a esconder o rosto entre as mãos, porque estar sentada no chão de um banheiro não era a pior coisa da minha vida naquele momento. —Tudo bem, então... deixa eu...

Fiquei esmagada contra a porta quando Nathan se sentou ao meu lado, abraçando os próprios joelhos, enquanto olhava ao redor com uma expressão resignada. Minha cabeça chegava na metade dos seus ombros, me fazendo parecer minúscula entre ele e a porta.

—Agora estamos nós dois no chão. —Afirmou, balançando a cabeça, me fazendo olhar pra ele com as sobrancelhas erguidas. Nathan sorriu fraco, esfregando as mãos na calça. —Desculpa, não sei bem o que fazer quando vejo uma mulher chorando na minha frente. Você precisa de alguma coisa, Jas?

—Não aconteceu nada aquele dia. A gente só se beijou. Eu não estava... eu não estava nua. —Falei, desviando os olhos de Nathan quando o calor subiu pelas minhas bochechas em falar aquilo em voz alta. —Não era o que parecia.

—Tudo bem, Jas. Eu acredito em você.

Nathan deu um tapinha de leve na minha mão, como se não soubesse bem como me confortar. Talvez se fosse me outro momento eu tivesse rido da sua falta de jeito comigo, mas naquele momento eu só queria que Mavie chegasse logo e me falasse que aquilo não estava acontecendo. Que estava tudo bem e a foto nunca tinha existido.

Nathan ficou em silêncio, assim como eu. Mas ficou do meu lado o tempo todo, como se quisesse deixar claro que estava ali caso eu precisasse. Quando eu ouvia o som de alguém entrando no banheiro, me encolhia contra a porta, sentindo ainda mais vontade de chorar, porque tinha medo de sair dali e saber como as coisas estavam lá fora.

—Jas? Jas, onde você está? —A voz de Mavie soou apressada, enquanto a porta do banheiro batia com força. Fiquei de pé junto com Nathan, abrindo a porta da cabine. Mavie jogou os braços ao redor de mim quando me viu, me puxando para um abração apertado. —Eu juro por tudo que é mais sagrado que eu vou matar o espírito maldito que fez isso.

—Isso tá pela universidade toda? —Indaguei, afastando meu rosto para ver a reação de Mavie com a minha pergunta. Minha irmã comprimiu os lábios, me olhando com tanto pesar que eu senti vontade de morrer naquele momento. —E na internet?

—Jas, vamos resolver isso. Vamos achar o culpado. —Mavie prometeu, enquanto eu soltava um soluço, sentindo meu coração se partir em milhares de pedaços. Mavie me abraçou de novo, enquanto eu chorava sem parar contra o ombro dela. —Vai ficar tudo bem. Eu juro que vai ficar tudo bem.

—Não acredito que isso está acontecendo. —Solucei, negando com a cabeça, enquanto me agarrava a Mavie. O buraco no meu coração ficando ainda maior, enquanto eu sentia vontade de gritar com o mundo todo. —Por favor, Mavie, me di que isso é só uma brincadeira de mal gosto e não está acontecendo de verdade.

Continua...