Caminhava pelo aeroporto, apertando a alça da mala em minha mão, com tanta força que eu sentia a marca da costura sendo tatuada na palma de minha mão.
Assim que parei diante do homem alto, ele tirou o óculos escuro, relevando um olhar curioso sobre mim.
—Não esperava que você fosse tão pequeno. —O tailandês era diferente do que eu estava acostumado, rápido e puxado, demorei alguns segundos para entender antes de sorrir e me curvar.
—Prazer em conhecê-lo.
—uhm, seu tailandês fede a gringo. —Arm respondeu, Eu ri baixinho assentindo para mim mesmo.
—Talvez eu precise de uns dias em solo tailandês.
—Talvez, mas não temos tanto tempo não é?
Sua mão puxou a mala da minha, e eu respirei fundo o seguindo pelo aeroporto de Bangkok.
A ansiedade me corroía, era uma situação tão nova e maluca que me colocava na beira de um abismo, eu nunca imaginei que teria uma missão de tanto peso quanto essa, nunca me imaginei sendo peça central em uma guerra.
Era o momento de sair da posição de observador e me tornar um atacante. Não sabia se estava preparado, em outro país, com outro costume, para defender a pátria que me acolheu a vida toda.
Eu tinha uma missão importantíssima, que deveria ser cumprida em um curto espaço de tempo, destruir a cúpula do partido comunista tailandês, antes de finalmente matar o seu presidente, cortando assim pela raiz a erva daninha do movimento comunista de dentro do país de origem da minha família.
Nunca tinha pisado em solo tailandês nos meus vinte e dois anos de vida, terminei a escola mais cedo que o comum e fui servir ao exército norte americano tão breve, conseguindo notas fantásticas na academia para entrar no serviço de inteligência. Mesmo tendo durante muito tempo sido sabotado pelos meus colegas com sangue 100% norte americano, eu me destaquei em vários pontos e realmente me orgulho disso.
Eu cresci em uma nação liberal, que mantém as portas abertas para o exterior, que mantém suas relações comerciais em constante expansão, para mim não existe maior presente do que ver a liberdade de escolha e a liberdade econômica crescer, transformando o mundo em conexões fortes capazes de esmagar uma ameaça ditatorial como a URSS.
Nesse instante, dentro do solo tailandês, cresce uma ameaça que a muito deixou de ser silenciosa. Talvez iludido por filosofias mentirosas, o filho de uma grande empresa Tailandesa de jóias, que estudara na ciências políticas, um homem surpreendentemente rico e esperto como ele caiu nas teias das ideologias e fundou esse partido.
Tinha em minha mente toda a sua vida decorada, exceto pelo fato de que até então não tive acesso a uma única foto ou pintura dele.
Mas eu sabia absolutamente tudo sobre ele, seu gosto por arte, seus professores no exterior, suas notas na faculdade e no mestrado.
Eu estava pronto para conhecer a figura maior dentro dessa revolução já previamente fracassada.
O carro parou diante de uma grande mansão em estilo clássico, de paredes brancas e com um amplo jardim florido. Era primavera na Tailândia. Desci do carro e Arm desceu junto comigo.
—Esta pronto?
—Onde estamos? —Acreditei que íamos para a central nos reunir com a equipe, mas o sorriso malicioso de meu único parceiro fez meu cérebro apitar. —Não precisamos nos organizar?
—Além de não termos tempo para isso, você já tem estudado isso a muitos anos, então vista sua melhor armadura, meu herói, suba em seu cavalo branco e salve esse país.
Antes que eu pudesse responder qualquer coisa, a enorme porta da frente se abriu, o som de saltos altos no mármore me fez virar e encarar a mulher que saia de dentro da casa.
Usando um longo vestido preto, e um chapéu bordô, com um véu curto de tule, a mulher sorriu abertamente.
—Arm! Finalmente.
—Olá Nam, trouxe nossa arma secreta. —Com um leve empurrão eu dei um passo a frente, ainda que intimidado pela mulher. Ela semicerrou os olhos, me observando de cima a baixo. Meu estômago se revirou sobre seu olhar, e só pude corar.
—Seja bem vindo querido, Gun não é?
Eu assenti caminhando até ela, ignorando a sensação de que minhas pernas estavam fracas, nossas mãos se apertaram e ela abriu mais a porta da mansão.
Caminhei em silêncio para dentro, a enorme escada a minha frente se dividia em dois lados, era um hall de entrada iluminado, nada como um covio onde eu imaginava que viveria um comunista, era bonito, repleto de luz, e esplendor.
—Off já chegou? —Ouvi o som dos passos atrás de mim e a porta foi fechada.
Me virei para encarar os dois que me seguiam, e então passos altos vieram da escada, os dois rostos encaravam a pessoa que a descia.
A presença, apenas a presença daquela pessoa, fez os pelos do meu braço se arrepiarem.
Virei-me lentamente, enquanto cada passo tornava o desconhecido mais próximo de mim.
Quando seus pés tocaram o chão diante de mim, nossos olhares se cruzaram.
Combustão, meu peito queimou como fogo, os olhos escuros me encararam de volta sem titubear, o homem alto diante de mim vestia preto, e ele parecia ter sido feito para usar essa cor, ela dava um contraste perfeito com a pele branca, lábios vermelhos, olhos escuros e puxados, nariz afilado, o rosto perfeitamente simétrico.
Pisquei algumas vezes ofuscado com a visão, em sua boca descansava um charuto, o cheiro quente tomou meu nariz com rapidez, ele sorriu assim que puxou com os dedos o charuto de sua boca, a outra mão se estendeu em minha direção.
—Off Jumpol. —A voz suave se apresentou, sorri para ele em resposta, nossas mãos se apertaram. Como se selassem um acordo misterioso. —Você é o meu tradutor?
—Sim. —Respondi sereno, eu era capaz de desvendar códigos com muita facilidade, por isso Arm me colocou ali como tradutor. O que era perfeito, assim eu teria acesso aos telegramas que o partido enviava para a URSS e o contrário.
Eu poderia descobrir os segredos com mais facilidade e ainda mais facilmente enviar para meus superiores.
Minha função ali foi um golpe de mestre. Mas mesmo assim me causava certa perturbação, eu passei alguns anos estudando o homem diante de mim, sabia que ele era absolutamente controlador e autoritário, ter me aceito com tanta facilidade ainda me causava calafrios.
E aquele sorriso que ele dava diante de meus olhos, era como se ele escondesse um segredo ainda maior.
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Liberté • OffGun
FanfictionGun Atthaphan, era filho de um tailandês e uma norte americana, membro do serviço de inteligência dos EUA, ele estava prestes a receber a missão de seus sonhos, voltar a Tailândia e destruir antes de se tornar um problema o PCT (partido comunista ta...