Minhas mãos esfregavam a xícara de porcelana chinesa diante de mim, mas meus olhos continuavam fissurados na figura imponente do outro lado da mesa.
—Obrigado por me trazerem café. —Murmurei novamente, nossos olhos ainda não se separaram por muito tempo desde que se encontraram, mas isso não me perturbava, eu estava estranhamente hipnotizado.
—É um prazer querido. Como foi sua vida na França ainda mais durante a guerra? —Nam questionou, me fazendo corar levemente. A minha decorada história mentirosa.
—Minha família conseguiu se manter bem durante as batalhas.
—Assustador ouvir os aviões durante a noite?
—Minha vida foi vivida em bankers. Dos mais diversos. —Respondi superficialmente.
—Uma pena que nosso exército apoiou os Estados Unidos. —A voz imponente soou, nossos olhos ainda se encaravam questionadores. Ele parecia enxergar a minha alma. —Eu estava na Inglaterra, vivi tudo de perto.
—O exército apoiou o lado vencedor, até então ninguém imaginava que viveríamos mais um confronto depois da queda de Hitler. —Eu falei. A sobrancelha dele se arqueou levemente e ele sorriu para mim.
—O Vietnã pede socorro, nas mãos da diplomacia norte americana.
Mordi o lábio por dentro, de uma forma que eu esperava que ele não conseguisse ver. Pelo canto de olho vi Arm sorrir pra mim, um sorriso desesperado.
O sarcasmo na frase de Off Jumpol podia ter me corroído por dentro, enquanto eu devolvi um sorriso.
—Estamos aqui pra impedi-los de qualquer forma.
—Fico feliz de tê-lo ao nosso lado senhor Atthaphan. —Ele desviou o olhar, bebericando o café. Aproveitei a deixa para encarar minha xícara também. —Você vai ficar nessa casa conosco.
Engasguei com o café assim que ouvi o que foi dito, três pares de olhos me encararam.
—Algum problema com isso? —Ele questionou assim que eu voltei a respirar.
—Desculpe não entendi? Eu vou ficar aqui?
—Sim, como você esteve fora do país e seus pais não moram aqui, acredito que seja pertinente, temos que toma cuidado a família real tem tentado nos atacar.
Engoli minhas palavras e assenti em silêncio.
—Seu quarto está pronto já, claro que preciso ficar de olho em você, afinal é um novato, então seu quarto é do lado do meu.
Assenti novamente.
Levantei a cabeça para capturar seu olhar curioso sobre mim por um breve momento. Fui preso novamente na imensidão de seus olhos escuros, meu coração acelerou de repente, minhas mãos começaram a suar.
Seus olhos, era como se conseguissem ler minha alma, ele não tremia, não demonstrava reação nenhuma ao devorar meus olhos com os seus.
Dessa vez desviei o olhar primeiro, meu coração reagia estranho a forma como ele me olhava, como se visse a verdade dentro de mim.
Tanto tempo em treinamento, mas apenas algumas olhadas daquele homem e eu me sentia preso em uma jaula.
—Ótimo, Arm você pode deixar as malas dele na porta e está dispensado.
—Mas Jumpol... Ele vai ficar aqui sozinho?
—Não estará sozinho, tem eu e Nam aqui.
Me voltei para a mulher que bebia café mordiscando uma torrada alheia a conversa. De repente comecei a me questionar a relação dos dois, minha mente voltou a checar a papelada que li sobre ele nesses anos de estudo.
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Liberté • OffGun
أدب الهواةGun Atthaphan, era filho de um tailandês e uma norte americana, membro do serviço de inteligência dos EUA, ele estava prestes a receber a missão de seus sonhos, voltar a Tailândia e destruir antes de se tornar um problema o PCT (partido comunista ta...