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Ignorei os passos que me acompanhavam rápido escada a cima, aumentei a velocidade no corredor, mas uma mão forte segurou meu pulso. Um puxão me virou com tanta força que meu corpo bateu no peito forte.

Arquejei baixinho com o impacto, a confusão tomou meu rosto com a mesma velocidade que senti o seu peito quente no meu. Fiquei estático sentido o batimento cardíaco por cima do terno.

O coração dele estava acelerado.

Off Jumpol me avaliava, nossos rostos a um palmo de distância, ele estava levemente curvado em minha direção, o suficiente para que eu pudesse ver com clareza meu reflexo em seus olhos escuros.

—Porque me seguiu? —Minha voz não titubeou mas eu sim, eu estava sentindo meu coração acelerar, igualando a velocidade do outro, como se cantassem juntos em harmonia. —Khun Adulktiporn?

—Porque fez aquilo?

—Aquilo o que?

—Eu não sabia que você era bom em lutas corporais, além de decriptografia.

Semicerrei os olhos para ele, era tão óbvio que ele faria esse comentário, eu não deveria ter impedido aqueles homens, mas se tratava de uma questão de segurança da coroa Tailandesa a cima de tudo.

—Até agora você não tinha mostrado que podia perder o controle. —Comentei baixinho. —Por que está me segurando assim?

—Me acha controlador?

—Você é um magnata bem sucedido afinal. Um político.

—Isso é um sim então. —Aos poucos sua mão me soltou e ele se afastou ficando ereto, minha respiração pode voltar ao normal finalmente e eu agradeci mentalmente por isso. —Você deu as costas e subiu a escada como se nada tivesse acontecido.

Oh sim, a cena em que ele segura as mãos de Nam e a tranquiliza, foi seguida da minha subida para o quarto, de qualquer forma eu não esperava que ele me seguisse, ainda mais corresse atrás de mim.

—Nam estava precisando de um momento a sós com você não? Não quis atrapalhar.

Seus olhos queimaram os meus, tão prontamente eu terminei minha frase.

—Você é interessante Gun Atthaphan. Muito interessante.

Balancei a cabeça brevemente irritado, a forma como ele me olhava voltou a como se ele pudesse ler minha alma, depois desse breve momento em que seus olhos brilharam nos meus e nossos rostos quase se tocaram.

—Se me der licença.

—Um momento!

Parei no lugar de costas para ele, esperando o que diria a seguir.

—Existe algo, que queira me perguntar?

Minhas mãos se fecharam em punhos ao redor do meu corpo, sua fala arrastada entregava que ele me perguntou isso sorrindo, mais um de seus sorrisos maliciosos.

Afinal ele nunca respondia nenhuma de minhas perguntas.

—Quando eu finalmente vou começar a trabalhar?

—Não considerou o que aconteceu hoje como um trabalho?

—É claro que não Khun Jumpol, eu fiz algo além dos meus deveres hoje.

—Já que você é tão bom em atirar, colocarei em seus deveres, o de me proteger.

Virei lentamente para encarar seu rosto absolutamente presunçoso. Ele parecia despreocupado subitamente, me perguntei o que ele pretendia com suas palavras sempre contraditórias e investigativas.

Se ele sabia sobre mim, porque não abria logo o jogo? Afinal o que o impediria de me matar no momento em que pisei em sua casa?

Era claro que tinha algo acontecendo de baixo dos panos, o desenho em meu quarto, as roupas no closet, o livro em inglês.

Não precisava ser um gênio para entender que ele sabia muito bem o que se passava entre nós, mas eu continuei jogando seu jogo perigoso, como se estivesse alheio a suas investidas.

A cima de tudo, o dinheiro investido pelo meu país nessa missão, deveria ser honrado por mim. Já sabia desde que saí de casa deixando papai e Pim que talvez eu nunca voltaria, eu não me importava de morrer defendendo a liberdade.

—Não tem medo de me dar uma arma carregada?

Jumpol riu, negando com a cabeça. Ele apontou para minha cintura.

—Você tem uma agora, mas a usou para me proteger.

—O que você quer dizer com isso?  —Isso estava claro mas eu queria ouvir de sua maldita boca.

—Eu achei que seria a primeira pessoa a qual você apontaria uma arma dentro da Tailândia.

Engoli em seco, mas meu rosto não se moveu nenhum centímetro.

—Quem é você Off Jumpol?

—Eu que deveria perguntar isso não acha?

Então ele sabe. Seu olhar se tornou sombrio diferente e ele deu um passo em minha direção, desviei o olhar para seus pés naquele momento.

—Olhe para mim Gun. —Suas mãos tocaram meu queixo me fazendo o encarar, os olhos de um caçador queimaram os meus. —Você estudou auto defesa na França?

—Não.

—Então foi na Inglaterra?

—Como sabe que estive na Inglaterra? —Diante daquele homem, eu fazia tudo o que não devia fazer. Pisoteei meu longo treinamento a cada conversa que tivemos.

—Eu sei tudo sobre você.

Essa frase ardia em minha pele, desde a primeira vez que ele me dissera. Mordi o interior da minha bochecha na fracassada tentativa de me manter sem expressão.

—O que você quer de mim Jumpol? Não faz nem dois dias que estou no seu território.

—O que quer dizer com isso? Você se importa tanto assim com o tempo?

—Você está me testando desde a primeira vez que me viu, como se esperasse alguma reação específica minha.

—Eu não espero algo em específico seu. Afinal o final sempre será o final.

—Do que se trata tudo isso? Você pintou um quadro da minha família. E disse que não era uma ameaça.

—E não é. Pensei que sentiria falta deles.

—Você queria me lembrar que eu tinha por quem temer.

Sua mão apertou meu queixo com força. Ele ergueu meu rosto mais um pouco e aproximou o seu rosto de mim.

—Pensa tão mal de mim, mas ainda assim quer trabalhar para mim?

Eu trabalho para meu pais, você é uma ameaça, não existe como ver algo bom em você Off Jumpol.

—Eu devo cumprir o que prometi. —Minha resposta era superficial, tão superficial que poderia ter mil interpretações.

O homem diante de mim sorriu duramente, seus olhos correram pelo meu rosto.

Então, ele se inclinou em minha direção o suficiente para que nossos lábios se tocassem.

Liberté • OffGunOnde histórias criam vida. Descubra agora