5.

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Raspei os dedos na pintura, alheio ao mundo la fora, o rosto suave de minha mãe sorria com os olhos brilhantes, suspirei me recostando na cadeira macia.

Fazia tantos anos que eu não via esse rosto, no geral eu evitava inclusive ver fotos dela, tudo o que aconteceu brilhava em minha mente com muita clareza, mesmo nos dias atuais.

Eu ainda era um adolescente, antes de tudo isso eu ainda pintava, muito orientado inclusive por mamãe, já que ela era uma artista.

Nessa época eu pensava que a vida me levaria para o caminho da criação, mas aqui estou eu no caminho do encerramento. Totalmente contra o que eu imaginava que seria meu futuro.

Girei o colar de ouro em meus dedos, desviando o olhar para a peça dourada. Era como uma coleira capaz de castrar a mente de alguém. Off Jumpol tinha me entregue um objeto que só provava sua supremacia diante de uma causa irreparável.

—O que você pensa que está fazendo aqui? —Uma voz alta soou no andar de baixo. Sai de meu topor, caminhando porta a fora do meu quarto com rapidez, um barulho alto chamou minha atenção quando cheguei no topo da escadaria.

Caminhei tão rápido, que quase tropecei em meus pés, me abaixei para ver o que acontecia no primeiro andar.

Dois homens e uma mulher estavam parados no hall de entrada de frente para meu inimigo. O rosto dela estava repleto de lágrimas, os dois homens aguardavam atrás dela.

Sua mão estava erguida no ar prestes a dar mais um tapa no rosto de Off. Quando outra mão parou a dela no ar. Virei o rosto para observar as costas de Nam que chegava naquele momento.

—O que faz aqui?

—Eu vim cobrar o que me é devido.

O clima estava realmente sombrio, isso me fez descer a escada anunciando a minha presença, eu tive de repente a sensação de que devia me aproximar, três pares de olhos me acompanharam descer os degraus e parar ao lado de Jumpol.

Ele observava a mulher com a bochecha levemente vermelha, mas mesmo sendo estapeado ele continuava ereto mas seu olhar era absolutamente sarcástico.

—Quem é essa coisinha? —A mulher desconhecida questionou Nam. Mas quem respondeu foi Jumpol.

—Ele é meu. —Respondeu em seu tom de voz habitual.

—O que quer dizer com isso? —Ela gritou irritada, sua mão foi puxada de volta e ela secou as lágrimas do rosto. —Você sabe que me deve uma vida e eu vim te cobrar hoje!

Antes que eu pudesse me mover, ela puxou uma pequena pistola da bolsa e apontou para meu inimigo.

Silêncio profundo.

Senti meu coração acelerar no momento em que entrei na frente dele, ficando entre os dois. Meu peito encostou no cano da arma.

—Vamos ser civilizados. Abaixe essa arma. —Murmurei calmamente. Ela tremia diante de nós, a arma chegava a balançar entre seus dedos. —Vamos abaixe a arma.

—Quem você pensa que é? Saia da frente rapaz!

—Abaixe a arma senhorita.

—Khun Atthaphan, o que está fazendo? —A voz grave de Jumpol soou no meu ouvido com um sussurro quente. Senti cócegas e um arrepio subir pela minha coluna, seus lábios tocavam minha orelha.

—Eu vou matá-lo! Saia da frente. Ou eu mato você também.

Eu sorri para ela em silêncio. Os homens atrás avançaram em minha direção. Mas embora um deles tenha puxado meu braço com bastante força eu não me movi um centímetro.

—A senhorita vai se tornar uma assassina?

—Rapazes tirem ele daqui. —A mulher resmungou baixo, fazendo o homem puxar meu braço com mais força, continuei parado a encarando.

—Abaixe a arma, ou eu a tirarei de você. —Minha voz saiu baixa e agressiva. Meu coração parecia que sairia do peito a qualquer momento, em cima da onde a arma descansava. Ela ainda tremia me olhando, as lágrimas voltaram a inundar seu rosto. Mas em resposta ela riu alto.

—Como você conseguiria fazer isso? Rapazes tirem ele daqui agora.

O próximo puxão que um dos grandalhões deu em meu braço, permiti que meu corpo se afastasse o suficiente para que eu pudesse virar um soco em seu rosto, o homem caiu no chão me encarando chocado, o outro segurou meu braço antes que eu pudesse desferir o segundo golpe.

Por trás de mim a figura alta me segurou pelos braços, só me restou jogar a cabeça para trás acertando seu queixo, ele me soltou quando caiu no chão.

—Que porra é essa? —Um deles falou quando consegui me soltar voltando a me aproximar da mulher que ainda tinha a arma apontada para Jumpol mas me olhava sobressaltada.

—Como você...

Não dei tempo para ela pensar, corri para trás dela e puxei seus braços para cima, assustada ela apertou o gatilho e um tiro acertou o teto da casa, puxei a pistola para trás com força o suficiente para fazê-la soltar a arma. Antes que os dois homens voltassem para cima de mim, dei alguns passos para trás apontando para eles.

—Saiam daqui os três. Se não eu vou começar a atirar e eu nunca erro um tiro.

—Quem é você? —Ela gritou exasperada, se afastando lentamente. —Jumpol quem é ele?

Não desviei o olhar do meu alvo para ver a reação de Off, mas ouvi sua risada divertida, como se sua vida não estivesse em perigo minutos antes.

—É melhor o ouvirem, saiam da minha casa antes que eu chame meus homens.

—P'Off você não pode nos expulsar assim. —Ela resmungou para ele, ergui a arma para cima para dar outro tiro e a voltei para ela. Com um pulo e um grito ela se afastou mais alguns passos. —Você tá maluco? Sabe com quem está lidando?

—Eu não me importo, mas se você continuar aqui o próximo eu não vou desviar.

—P'Off você vai deixar ele falar assim comigo?

—Saia Lin, apenas saia. Em quanto eu ainda estou sendo bonzinho.

A mulher chamada Lin, puxou seus dois capangas se dirigindo para a porta. Sem se virar para nos olhar eles se foram. Suspirei alto, abaixando a pistola irritado.

Odiava me meter nos assuntos dos outros, eu tinha uma missão e deveria permanecer leal apenas a ela. Mas eu claramente não poderia deixar esse idiota morrer na minha frente.

—P'Off. —Nam começou, chamando minha atenção. Guardei a pistola na cintura virando para os dois. Jumpol segurava as mãos de Nam. —Isso está ficando mais perigoso. 

—Bom, então é uma sorte termos Khun Atthaphan aqui não acha?

Os olhos dos dois se voltaram para mim. Um sorriso malicioso preenchia os lábios cheios de Jumpol. De repente me senti como uma presa diante dos olhos de um caçador.

Mas apenas me aproximei dele, tocando seu braço sob o terno caro.

—Você está bem? —Questionei, o analisando lentamente, sua bochecha estava levemente vermelha ainda. Mas ele estava estranhamente tranquilo.

—Estou melhor agora.

—Quem era ela?

—Um problema, já resolvido.

—Não me parece tão resolvido assim. —Resmunguei de volta, nossos olhares seguiam competindo em sua guerra silenciosa, Jumpol sorriu docemente para mim. —Você podia ter morrido.

—E você entrou na frente de uma arma por mim.

Desviei o olhar do seu e assenti em silêncio.

Não era nada além de uma missão de qualquer forma.

Liberté • OffGunOnde histórias criam vida. Descubra agora