14. afeição

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— O que é tudo isso? — Charlotte se virou com um pequeno sorriso no rosto, passando as mãos pelo avental enquanto dizia algo para Kazutora tomar cuidado.

— Oi Jade! Que saudades — ela disse meiga, impedindo que a amiga a abraçasse, já que estava suja com farinha — Aconteceram algumas coisas...

— A Lotte é uma gênia, ela enganou todas as senhoras da região e agora temos 8 encomendas de pães caseiros. Isso dá mais de 40 libras! — Kazutora disse com os olhos brilhando — E você tá linda hoje, sabia? — sua voz mudou para uma mais galante, e Charlotte se afastou rapidamente ao sentir o clima que ele instaurou no local.

— Ah, eu... Hm, sim, ah... Obrigada, Tora! — Jade disse, e foi surpreendente a primeira vez que a viu com vergonha assim. Charlotte se virou para eles e viu Kazutora fechar os olhos enquanto sorria para ela, fazendo mais algumas piadas enquanto flertavam.

Em alguns segundos, quando percebeu que tudo ficou silencioso demais, olhou para trás e Kazutora não estava mais ali. Seu avental estava no balcão e a sala vazia. Ele havia ido embora com Jade, não sabia se ainda estavam na casa ou na rua, e seu sorriso diminuiu um pouco antes de lembrar que não tinha nenhum problema com isso.

Ela voltou a mexer com a massa do segundo pão que estava preparando naquele dia, enquanto o outro já estava no forno, e voltou a sorrir sozinha. Nunca esteve em um momento como esse, sozinha e com a liberdade de fazer o que quer.

Mal percebeu quando outra presença preencheu a cozinha com ela, ficando ao seu lado enquanto observava atentamente seus passos. Era evidente que essa pessoa conhecia todos os passos para fazer um bom pão. Afinal, uma de suas aulas durante seu tempo no convento era de culinária, provavelmente uma das únicas coisas que ela gostou de fazer lá.

— Precisa de ajuda? — a voz grave voltou a atiçar seus ouvidos e fazê-la se arrepiar por completo — Kazutora precisou sair.

— O-Oi — sorriu para ele, olhando em seus olhos por poucos segundos antes de pressionar os lábios — eu não acho que precise, vou entregar apenas esses dois hoje — apontou para o forno e a massa em suas mãos — mas obrigada, Keisuke. — sorriu novamente.

— Fico feliz que esteja ajudando Paul com as contas — ele cruzou os braços, se encostando no balcão enquanto ela voltava a preparar a forma — mas toma cuidado, a cidade não é grande o suficiente, uma hora podem te achar e não quero problemas pra nós. — ela engoliu seco.

— Sim — sussurrou — eu não quero problemas para vocês também — olhou para ele firmemente — eu prometo que, se acontecer alguma coisa, eu vou ser a única a arcar com as consequências.

A cabeça de Baji pareceu tremer um pouco, expressando uma surpresa escondida por detrás de seus olhos felinos. Ele abriu e fechou a boca uma vez, sem desviar os olhos dos dela. Em seguida, virou a cabeça, fechou os olhos e concordou com a cabeça, respirando fundo como se estivesse ponderando toda a situação.

Ele permaneceu ali, ao lado dela, naquela cozinha levemente bagunçada. Baji não se afastou e observou cuidadosamente cada um de seus passos, demonstrando um interesse genuíno em cada fase final da receita.

Sua presença naquela cozinha não se resumia apenas a observações. Em determinado momento, ele lavava a louça restante enquanto ela secava. A cozinha estava impecável novamente, impregnada pelo aroma do pão recém-saído do forno, aguardando apenas para ser entregue à Sra. McMurtry.

— Obrigada — ela disse para ele, abrindo um pequeno sorriso e, involuntariamente, sem conseguir desviar seu olhar dos olhos que antes mesmo já havia imaginado em seus sonhos — p-pela ajuda... — desviou pela súbita lembrança.

NIGHTRAIN, Baji KeisukeOnde histórias criam vida. Descubra agora