08. até mais

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— Perdão — sussurrou Alene — você se assustou aquela noite, eu devia ter te avisado que iríamos revistar os quartos — murmurou enquanto estavam sentadas em um banco

— Tudo bem, Alene. Era necessário — a observou por um tempo e desviou o olhar. Apesar de saber que ela mentia, Alene pedir desculpas era algo realmente difícil de acontecer. Talvez ela tenha se sentido mal ou algo assim, mas ainda assim pensava como Thompson. Era sua pupila agora.

— Então vamos nos divertir hoje — sorriu.

Charlotte a observou de forma estranha enquanto a amiga se levantava e estendia a mão. Se assustou ao perceber que saíam do convento, mas tranquilizou-se ao ver que ninguém estava a impedindo, então, de alguma forma, tinham autorização para isso.

Alene não disse nada sobre onde iriam ou o que iriam fazer, mas Charlotte continuava andando atrás dela de forma um pouco entediada. Ouvia a garota tagarelar sobre seu dia a dia durante dez minutos, até pararem em frente a um parque ao ar livre. Ela apontou para o caminho que as levaria até o centro dele.

— O que viemos fazer aqui? — murmurou confusa, mas seus olhos arregalaram aos poucos ao começar a ouvir gritos e apitos quanto mais se aproximavam.

Eram crianças, muitas delas brincando no gramado totalmente verde, enquanto alguns adultos cuidavam e ditavam as brincadeiras.

— O que tá acontecendo? — perguntou, ficando lado a lado de Alene

— Bom, duas das escolas dominicais londrinas quiseram fazer uma viagem com as crianças, vão passar por algumas cidades para conhecer nossas igrejas e orar. Como são crianças ainda, tivemos a ideia de fazer algumas brincadeiras no parque regional — sorriu enquanto se aproximava.

Charlotte ficou um pouco atrás dela antes de andar rapidamente para onde a amiga andava, não querendo ficar sozinha no ambiente. Pelo menos não naquele momento.

As professoras olharam para as duas animadas, falando para as crianças em volta cumprimentarem as visitas especiais. Alene sorriu animada enquanto se abaixava para falar com as crianças, mas Charlotte continuava travada ao seu lado.

— Vai ficar parada aí? Ajude aquelas mulheres com o piquenique, o que acha?

— Certo... — murmurou, se virando e andando lentamente até duas mulheres, aparentemente mais velhas, que seguravam cestas com comida dentro — Vocês precisam de ajuda? — perguntou atrás delas

— Oh, sim, na verdade — a loira sorriu — pode estender essas toalhas ali perto das árvores? — ela assentiu, pegando as quatro toalhas vermelhas na mão e indo até o local indicado, suspirando e ignorando os gritos atrás de si.

Fez todo o processo da forma mais tranquila e perfeccionista que conseguiu, aproveitando a música ao vivo que começaram a tocar com algum violão no local e risadas adultas começaram a ecoar. Ela sorriu com a felicidade genuína que sentiu de repente.

Ao se virar, no entanto, se surpreendeu ao perceber que, na verdade, não havia violão e nem risadas vindo dos adultos que cuidavam das crianças. Observou o cenário confusa, estavam todos sérios, com exceção de Alene e as crianças, cuidando de seus afazeres e cochichando uns com os outros.

Mas aquela música continuou, e por um bom tempo.

— Terminou? — a mulher loira apareceu — Ótimo, vamos arrumar o piquenique, pode chamar as crianças?

— P-Posso — se virou e avançou até as crianças, falando um pouco mais alto que estava na hora de comer, deixando um pequeno sorriso no rosto enquanto dava o aviso, pedindo silenciosamente para que Alene a ajudasse.

NIGHTRAIN, Baji KeisukeOnde histórias criam vida. Descubra agora