16. segredos

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Uma mão envolvia seus cabelos, puxando para um lado e para o outro enquanto Charlotte observava a rua pela janela da casa. Era um domingo tranquilo e quieto; nem mesmo parecia um dia real.

Quem brincava com seus cabelos era Jane. Ela estava com alguns grampos presos entre seus lábios e concentrada em fazer uma trança. Havia contado que sentia falta de fazer isso com suas irmãs mais novas.

— Elas estão indo para o ensino médio — disse com uma voz de nojo — As duas estão insuportáveis, sabe como é... adolescência

— Não sabia que tinha irmãs, Jane — Charlotte sorriu para a amiga — deve ser por isso que você é tão legal — pontuou, recebendo um silêncio tímido como resposta

— Você é filha única, Lotte? — Kazutora se virou para ela curioso. Ele e Baji tinham cartas de baralho em mãos, sentados no sofá de Paul.

Um misto de emoções surgiu no peito de Charlotte ao ouvir a pergunta. Fazia tanto tempo desde que havia pensado sobre isso que não imaginou as emoções que viriam com apenas uma pergunta.

— N-Não — sussurrou — tenho um irmão mais velho — mordeu o lábio inferior

— É sério? — Jane se jogou na frente de Charlotte, surpresa. — Nunca me contou sobre ele! Achei que era filha única...

— E-Eu... Faz tempo que não nos vemos, só isso — murmurou, abraçando as pernas enquanto voltava a olhar para a janela — Faz, realmente, muito tempo — sussurrou para si mesma enquanto engolia o seco — Ah, querem fazer biscoitos hoje? Paul comprou gotas de chocolate! — se levantou rapidamente enquanto mudava de assunto e andava até a cozinha

O silêncio reinou na sala por alguns segundos. Baji, Kazutora e Jane a observaram por alguns instantes enquanto trocavam olhares e se levantaram juntos para segui-la até a cozinha.

Mesmo com uma curiosidade mútua, entre todos do local, ninguém ousou tocar no assunto enquanto viam ela abrir o pacote de chocolate.

— Vamos, quem vai me ajudar?

★★★

Mais tarde naquele mesmo dia, Charlotte estava parada na frente de uma grande porta branca com detalhes em dourado. Era uma casa de classe alta, do outro lado da cidade. Um carro vermelho estacionado atrás de si, um Austin Maestro vermelho; era o carro de Anthony.

— Olá? — uma mulher, aparentemente pouco mais velha que Charlotte, atendeu a porta.

— Oi, sou Charlotte, vim entregar alguns pães caseiros, a Senhora Rothschild encomendou! — sorriu abertamente

— Oh, sim, um instante — a mulher que deveria ser empregada doméstica fechou a porta e Charlotte pode ouvir alguns passos apressados no piso amadeirado do interior. Ela prensou os lábios enquanto brincava com as sacolas em suas mãos e olhava para o chão na espera de ser atendida novamente.

Se passaram um ou dois minutos, ouviu Baji impaciente dentro do carro antes da porta abrir novamente e a mesma mulher aparecer com notas de dinheiro em mãos.

— Aqui, ela agradeceu que viesse até aqui — pegou as sacolas que Charlotte estendeu e agradeceu novamente antes de se despedirem com sorrisos gentis nos rostos.

Ela correu até o carro novamente e se sentou ao lado de Dave, que sorriu abertamente ao ver o dinheiro que havia arrecadado. O trabalho estava dando certo e todos pareciam orgulhosos, contentes e sonhadores.

— Está ganhando uma clientela foda, hein Lotte — Anthony riu alto enquanto dirigia pelo quarteirão de casas de elite — cara, imagina morar aqui...

NIGHTRAIN, Baji KeisukeOnde histórias criam vida. Descubra agora