03. calúnias

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— Que merda você acha que tá fazendo aqui, porra? — Charlotte, em um grande susto, se afastou rapidamente com as mãos na frente do corpo, o encarando sem conseguir dizer uma palavra

Aquele homem com a voz mais grossa que já havia ouvido de maneira tão limpa, por ser novo, e de cabelos compridos e totalmente pretos, um pouco bagunçados, roupas escuras com detalhes em vermelho vivo e alguns acessórios com spikes era totalmente intimidador. Mas, de alguma forma, não conseguia desviar o olhar dos olhos dele.

Era asiatico. Ele era asiatico e seu sotaque quase perfeito, mas ainda não o bastante para passar despercebido, deixaram claro que era um estrangeiro.

— Responde! — levantou uma mão e apontou para ela — Veio fazer o que aqui, hein? Po-

— KEISUKE! — Paul apareceu atrás dele assustado — Não é essa — apontou para Charlotte. Ele parecia confuso — Veio sozinha? — tentou puxar o homem, mas ele não havia movido um músculo, ainda a observando em completa fúria.

Charlotte apenas assentiu, sem dizer uma palavra.

— Sozinha? Que ótimo, mais fácil de te expuls-

— Ela é a medrosa! — e então o olhar do homem ficou mais calmo, ele parecia até um pouco surpreso ao ouvir o que Paul dizia.

Medrosa?

— A velha maluca realmente não veio? — Paul perguntou eufórico, e Charlotte assentiu com medo

— Cê é muda? — novamente ela olhou assustada para quem havia a recepcionado — Eu não vou te matar não tá? Fica de boa.

— E o que você esperava depois de ter sido tão simpático?

— E eu ia saber que era a porra da medrosa? Queria que parassem de-

— E-Eu não sou muda — ela se intrometeu, fazendo com que os dois a olhassem ao mesmo tempo.

Paul sorriu, a observando por um tempo, enquanto o de cabelos pretos, "Baji", apenas revirou os olhos e andou até a janela. Ouviu-o murmurar algumas coisas quase imperceptíveis, mas algo como "ela ainda é uma freira de merda, o que isso muda?".

— Você me ajudou muito, mesmo que não pudesse falar comigo — ele se aproximou — podemos nos apresentar de boa agora, não é? — estendeu a mão — Ou você vai rezar igual faz todos os dias?

Charlotte observou a mão do rapaz estendida até si, estava pensativa e um pouco assustada com a situação. Talvez pela demora de ter respondido, ela ouviu um "tsk" do homem, que observava a situação de lado enquanto revirava os olhos.

— É claro que não — suspirou, estendendo a mão e o cumprimentando — Charlotte Cohen, meu nome. Paul...

— Paul Stevens, prazer em te conhecer Charlotte — sorriu de lado — uma freira rebelde hein? — soltou um riso enquanto colocava um braço para passar pelas costas dela e a levar para perto da maca

— N-Não é isso...

— Aquele lá é o Keisuke, Keisuke Baji. — apontou — ele é japonês, caso não tenha percebido — sussurrou de forma sarcástica

Charlotte estava um pouco travada com a situação, mas ainda assim conseguia sentir um tipo de alívio pela liberdade que tinha para ficar ali. Mesmo com um homem completamente assustador a encarando de cima para baixo a cada dois segundos.

Paul se jogou na maca para se deitar, colocando os braços embaixo da cabeça e fechando os olhos com um sorrisinho no rosto.

— Que que aconteceu com a idosa de merda?

NIGHTRAIN, Baji KeisukeOnde histórias criam vida. Descubra agora