11. a escolha

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A noite havia chego com rapidez naquele dia. Charlotte sentava ao lado da porta de seu quarto, escutando qualquer barulho que se assemelhasse com passos ou respirações. Demorou, mas ela sentiu quando já estava sozinha ali. Sozinha com os próprios pensamentos. E pensamentos tão perigosos.

Ela apagou a vela ao lado da cama e pegou seu sapato nas mãos, assim como a jaqueta de couro branca que estava em seus ombros.

Abriu a porta com lentidão, evitando qualquer barulho desnecessário e começando a avançar pelo corredor. Não havia ninguém por perto, ela sabia disso depois que estudou as supervisoras durante a última semana, apenas para descobrir o horário em que elas trocavam entre si.

Não haveria ninguém por ali pela próxima meia hora, e só precisava disso. Quando colocou os pés para fora do chão amadeirado, ela correu. Correu mais do que já correu em algum momento de sua vida, e saiu em disparada pela porta principal, se escondendo atrás de alguns arbustos quando ouviu alguém correr atrás de si.

— O que foi? — uma voz feminina e madura perguntou

— Eu ouvi alguma coisa — a outra disse

— Deve ter sido um esquilo — murmurou sem interesse algum

— Devia estar prestando atenção na porta, droga — suspirou — que susto! — e então as duas saíram dali

Charlotte aproveitou o momento para calçar seus sapatos e esperou para voltar a correr. Dessa vez ela sabia onde ir, teoricamente. Não havia hospital nem show, ela estava contando com a sorte.

Andava pela rua com a jaqueta e o cabelo preso em um rabo de cavalo, a saia que antes caia em seus pés foi dobrada para ficar acima das coxas. Sabia que não era o ápice da moda, mas estava melhor do que normalmente.

Andou rápido até certo ponto, quando finalmente percebeu que não saberia o que fazer caso encontrasse com Baji novamente. Nem ao menos percebeu que esse era seu principal objetivo.

Andou entre alguns caras, a maioria nem a olhou, mas, como sempre, havia aquele grupinho que parecia a comer com os olhos, sorrisos escrotos e sussurros que não pareciam tão amigáveis. Ela tentou passar reto, mas é claro que foi impedida com comentários e homens andando em sua frente para que ela não pudesse passar.

— E ai, gatinho? É nova na cidade?

— Não. — disse seca, apenas andando para frente

— Ah, qual é. Posso te levar pra sair, o que acha? — ela riu ironicamente enquanto negava com a cabeça e bufou — vamos gatinha, não vai me responder?

— Por que não me deixa em paz? — tomou coragem para dizer — Sai daqui!

— Não fala assim comigo não, vadia — seu braço foi tomado e ele a segurou com força — quem você acha que é? — ele a observou com raiva — Eu tava tentando ser legal com você — ele acusou

— Péssima maneira de demonstrar isso — ela se arrependeu instantâneamente de ter respondido-o — vai, me solta! — tentou se afastar — Por favor!

— Agora ficou educada, porra? — ele riu alto, a puxando para perto — Se fizer o que eu quero talvez eu te solte — levantou o queixo dela com a mão, fingindo leveza ao acariciar sua bochecha — Você é fofa, nunca te vi por aqui

— E não vai ver mais — se afastou — me solta — seus olhos encheram de lágrimas

— Quem vai te salvar, daminha? — perguntou sarcástico — Oh, ninguém. Tá todo mundo pouco se fodendo pra isso, não percebe? — ela olhou para o lado, vendo todos desviando o olhar dela e ignorando o que ele fazia ali, no meio da rua — e essa jaqueta? Era pra parecer durona? — ele riu alto

NIGHTRAIN, Baji KeisukeOnde histórias criam vida. Descubra agora