-- Mabel --
Eu não sabia onde enfiar a minha cara de tanta vergonha, como aquela manta caiu? como a Cecília largou aquele peito tão rápido? Essas são perguntas que eu não sei como responder, mas a única coisa que eu sei nesse momento é que se eu pudesse desaparecer agora mesmo eu desapareceria.
- desculpa.. - sussuro mais baixo que o normal e o cara que estava de costas na minha frente se vira um pouco rápido, ou a minha mente que havia voltado a processar as coisas na velocidade normal, diferente de alguns segundos atrás.
- não se preocupa, isso é normal - ele diz calmamente.
- ah sim, é super normal vc vê os peitos de uma mulher aleatória que vc mal conhece - digo na ironia.
- talvez vc tenha um ponto, só que não foi porque vc quis e nem a sua culpa, então relaxa - ele diz se aproximando e pegando a manta que havia caído - mas eu acho que vc precisa de um pouco de ajuda com tudo isso, vc tá sozinha?
sinto um suspiro de alívio saindo de mim, mas não por ele estar me ajudando a levar as sacolas, mas sim porque ele não focou e nem comentou sobre o acontecimento de minutos atrás, e isso certamente me deixou um pouco mais confortável na conversa.
- sim, eu vim só na intenção de comprar fraldas pra ela, era pra ser rápido, mas acho que eu me perdi um pouco - um pequeno sorriso se forma na boca dele.
- e cadê a fralda? - olho rapidamente para as minhas sacolas que estavam em suas mãos nesse momento.
- essa é uma boa pergunta - solto uma gargalhada - não achei da que ela usa, a moça disse que tava em falta e eu fiquei com medo de levar alguma que desse alergia nela.
- mas vc nunca testou outra a não ser a de sempre ?
encaro ele tentando tirar alguma coisa de sua expressão, não sei se essa é uma conversa interessante para se ter com uma pessoa que acabou de conhecer, mas ele não mostra incomodo, mas sim interesse, e eu não sei se continuo ou paro de uma vez com o assunto.
- testei quando ela nesceu, só que ela teve alergia de todas, a Cecília é bem sensível - volto minha atenção a minha filha que estava mamando calma como se nada tivesse acontecido.
Traidora..
- bom, tem uma farmácia nessa esqui- ele é interrompido.
- pai? - uma voz infantil e doce soa perto da gente - era essa branca aqui que vc queria? - rapidamente o olhar do platinado se direcionou para a criança que estava a minha frente, ela parecia ter uns 5/6 anos, na minha visão não passava disso.
- oi filho, o pai tava querendo a outra mais essa serve, tem dessa do meu tamanho? - ele perguntou suave e o menino nega rapidamente.
- o cara ali disse que não tinha, mas tem outras, vem eu te mostro - ele começa a puxar o filipe, mas o mesmo para.
- perai Théo, não vai dá oi pra amiga do pai? - o menino arqueia a sombrancelha e me encara julgando cada parte do meu corpo e eu dou um sorriso sem graça como retribuição.
- oi - ele diz seco e volta o seu olhar para o próprio pai fazendo meu sorriso sumir imediatamente - pronto, agora podemos ir.
- Théo! - o mesmo o repreende - cadê a educação filho?
- pai, tamo com pressa, vc precisa me levar na minha mãe ainda esqueceu?
O Filipe abaixa mais ou menos na altura do menino cujo o nome é Théo, que cruza os braços e faz um bico fofo, mas estressado.