-- Mabel --
Não consigo explicar qual é a sensação exata de estar em campo em um momento tão importante como esse, não que essa tenha sido a primeira vez que eu esteja aqui com o maraca começando a esvaziar, muito pelo contrário, já estive aqui com ele lotado, mas nenhuma outra vez se compara com essa.
Não sei se é porque estou em frente a taça da libertadores, a primeira taça da liberta direcionada ao Flu, a taça que conquistamos há minutos atrás, a mais esperada por toda, repito, toda, nação tricolor!
É um sentimento único, uma sensação única, uma energia surreal de boa, que é quase impossível de explicar ou se comparar, ver todos com sorriso no rosto e o brilho nos olhos toda vez que enxerga aquela taça.. é inexplicável.
Porém, se eu dissesse que essa é a única coisa que mais chama minha atenção eu estaria mentindo, principalmente quando estou no diante do Kennedy e da Cecília se divertindo horrores com os amiguinhos que ela fez aqui, momentos como esses é algo raro acontecer e normalmente não duram por..
- AYANNA?! - ele me grita e faz um gesto com a mão me chamando para perto de si, e entrega nossas filha em meus braços antes mesmo de olhar pra mim - segura ela aqui rapidinho pra mim fazer um negócio com os caras ali, amor, ela amou esses pirralhos aí, vc também vai gostar - ele me dá um selinho e some da minha vista.
E como eu estava dizendo, é algo raro de acontecer, e normalmente, não duram por muito tempo, o que já se tornou normal.
- onde ele tá indo? - pergunta o André parando ao meu lado com um sorriso no rosto.
- essa é uma ótima pergunta - digo com um sorriso forçado.
- vai na comemoração de mais tarde né? - estreito os olhos sem entender do que ele estava falando - a comemoração Bel, aquela que normalmente tem em todo fim de campeonato? Especialmente os que a gente ganha? - ele diz em perguntas - não se lembra? A comemoração que eu havíamos falado sobre, no início da liberta?
- o Kennedy não me falou nada sobre, não irei força-lo a me levar - digo após entender do que exatamente ele estava falando.
- ah ele nã- quer saber, quem liga pro John e pra essa comemoração de merda? Eu nem queria ir mesmo, e eu acho uma ótima ideia fazermos uma programação lá em casa, eu, vc, a Maju e a Ceci, o que acha? - ele diz meio sem graça.
- eu acho que é melhor vc ir para essa "comemoração de merda" porque isso é o mínimo que vocês merecem depois desse jogaço, não se preocupe com a gente, estamos bem - dou um tapinha no ombro dele e saio em duração aos bancos de reserva.
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- vai fazer o quê mais tarde? - o Kennedy direciona a primeira palavra a mim depois de mais de 15 minutos dentro desse carro.
Desde que ele me entregou a Cecília na Maracanã nada vindo dele foi direcionado a mim, nem se quer um olhar, não que isso me incomode, mas também não irei me enganar fingindo ser algo legal, no entanto, até o momento, isso tá sendo a coisa mais segura que ele pode tá fazendo por mim..
- tava pensando em maratonar uma série com a Cecília lá em casa, ela deve tá um pouco cansada - respondo segundos depois.
- mas a menina nem usa telas - diz usando uma regra exigida por mim contra mim mesma e eu dou de ombros - seus pais não vão dormir lá?
- não, eles optaram por ficar em um hotel.
- ah sim, porque vc não deixa a menina com eles ou com a Maria Júlia e vai na comemoração de hoje a noite comigo? - pergunta colocando uma das mãos em minha coxa, me deixando um pouco tensa, já que isso não é algo normal dele fazer desde que eu engravidei e a mesma ficou um pouco flácida.