-- Mabel --
Eu havia me esquecido o quão esses eventos costumam ser incrivelmente, chatos.
Chegamos aqui por volta das onze e meia, todos já haviam chego, o que fez a entrada se tonar constrangedora, já que os olhares saíram do cantor e se direcionaram pra gente. Já o Kennedy está puto, puto com vida e comigo, me fuzilando com os olhos toda vez que seu olhar encontra o meu, me culpando, ou melhor, procurando motivo para me culpar pelo atraso, como se eu realmente tivesse feito de propósito.
1° - eu estava pronta as dez em ponto, ele que me fez me trocar porque segundo o mesmo a minha roupa estava vulgar para um evento como aquele.
2° - eu não tenho culpa se ele não sabe olhar um GPS.
Então não, eu não tenho nada haver com a idiotice dele com a tecnologia e com a vida, mas ele iria perceber os erros dele quando tem a mim para culpar?
Fica aí o questionamento.
Agora, quanto a mim, tenho que ficar em uma mesa, rodeada por mulheres que nem se quer se suportam, ouvindo conversas e críticas desnecessárias sobre cada uma guerreira que ousava se levantar, enquanto o meu bendito noivo fazia o que bem entendia no meio do salão ao som do L7.
- eu não gostei do batom dela - o André aparece em minha trás sussurrando em meu ouvido, me fazendo o encarar - foi o que falaram na mesa ao lado se referindo a Clarice.
- mentira, não acredito que até ela tá passando por isso, ela é um amor.
- fale por vc - o repreendo com o olhar - brincadeiras a parte, o que vc anda fazendo?
- esperando o Kennedy cansar e decidi que é melhor irmos embora - digo encarando ele na pista de dança.
- não pensa em ir curtir? Dançar como ele? Estamos em uma festa afinal.
- e deixar elas a vontade pra dizer que o meu vestido me deixa pálida e ressalta minha barriga com flacidez? Não, eu passo, só saio dessa mesa sendo uma das últimas - ele ri concordando, já que sabia que iria acontecer de qualquer jeito.
- lhe desejo boa sorte, porque eu vou embora em vinte minutos pra curtir com minha gata - ele diz se levantando do lugar ao meu lado dando uma voltinha como se fosse uma criança exibindo sua nova roupa.
- deixa a Maria ouvir isso - reviro os olhos só de pensar no nome dela, e o André se senta novamente ao meu lado com toda velocidade se aproximando um pouco mais.
- falando na Maria, o que ela disse sobre o que o John fez? - ele pergunta quase em um susurro, aparente com medo que alguém ouvisse ou que eu o repreende-se.
- o bebê dela não teve culpa de nada, eu que não o respondi, e outra, vc viu a roupa que eu estava usando? Não era adequada para uma mulher civilizada, uma mãe de família, e também, foi só um cortezinho afinal - digo com o tom mais sínico que poderia sair da minha boca.
- ela não disse isso, disse? - seu olhar incrédulo me causa crise de risos - isso só pode ser brincadeira, ela agiu como se isso fosse normal! - não digo nada e encaro alguma parte do local - perai, Bel , isso não é normal certo? Ontem foi a primeira vez? - seu olhar assustado chama um pouco de atenção, então sorrio assentindo - e a última, correto? - ele não obtém resposta - correto, Mabel?!
- assim como vocês eu espero que sim - minha voz sai mais baixa do que eu pretendia.
- como assim "vc espera"? Vc tem que tomar alguma providência em relação a isso, Bel, isso não pode ficar assim, ele pode fazer de novo.