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-- Mabel --

Era época de final de ano, férias da escolinha, meus pais não tinham tempo pra ficar comigo, eles trabalhavam muito para manter nossa estabilidade financeira boa o suficiente para nos sustentar, então por esse e outros motivos, fui passar uma temporada na casa dos meus avós.

Eles moravam em um sítio, tinha muitos bichinhos, dos maiores até os menores que se possa imaginar, quando meus pais me contaram que eu iria, foi o máximo, eu adorava ficar lá, eu amava passar tempo com o vô Adão, e esse fato foi se concretizando cada vez mais no decorrer dos dias que se passavam, tudo era muito legal, a vovó sempre fazia muita comida, me ensinava a plantar, me levava pra passear na casa dos tios, enquanto o vovô me mostrava como tirava leite de vaca, como andava de cavalo, como cuidava dos porquinhos e muito mais.

Era uma sexta feira, 24 de dezembro, véspera de Natal, meus pais não haviam conseguido folga para poder passar a data comigo, então seria só eu, a vovó Liliana e o vô Adão, ou melhor, era o que a gente achava, porém, enquanto a casa era decorada com luzinhas, e a vó fazia toda aquela comida, acabamos recebendo a visita do tio Gabriel, que foi juntamente com a sua família e com a biza prestigiar aquela data com a gente.

O vô Adão não gostou muito, segundo ele, com a chegada do tio Ga a vó tinha ficado "saidinha" e que aquela não era postura de uma mulher muito bem casada ter. De primeira eu não entendi, afinal qual era o problema da minha vó está "saidinha"? Porque estar feliz não era uma postura de mulher casada? Mulher casada não pode ficar feliz? Afinal, era Natal.

Mas de quê aquilo importava? O vovô e o tio Ga eram irmãos, nada demais podia acontecer.

No decorrer da noite as visitas se despediram, a comida acabou, o som cessou, as luzes se apagaram e juntamente com elas a minha consciência, eu dormir, antes mesmo de ver o papai noel chegar, mas o vô havia garantido que ele iria me acordar quando o natal chegasse, que ele só ia levar a biza pra casa, e que ele iria me acordar, eu confiava no vovô Adão, então eu dormir despreocupada.

Não me lembro se foi por insistindo, ou fome, mas as duas da manhã eu acabei levantando, queria ver se o papai Noel havia passado e de quebra ainda pegaria um lanchinho com a vovó, de longe já se via a árvore cheia de presentes, o papai Noel tinha passado e o vovô não havia me acordado, pra mim aquilo foi um cúmulo.

As luzes da casa estavam todas desligadas, até mesmo a do quarto da vovó, o que evidenciava que eles ainda não haviam chegado da casa da biza, não tinha sinal de gente ali, a não ser da camionete do vovô, que tinha acabado de estacionar de frente de casa, corri pra janela pra ver eles chegando, queria ver a vovô, queria contar pra ele que o papai Noel tinha passado e que a gente não tinha visto.

Quando as luzes do quintal se acendeu, o rosto da vovó palideceu, já o do vovô tava bravo, ele estava com muita raiva e sempre repetia:

"eu te avisei que essa sua ousadia ia acabar te colocando em problemas".

"Vc acha que eu não vi Liliana, até a mulher do Gabriel percebeu, vc tá infeliz? Tá insatisfeita? Quer satisfação? Deixa que eu satisfazer então!"

Não sei como aquilo aconteceu, mas rapidamente o vovô jogou a vovó em cima do sofá e começou a subir o vestido dela -nem me lembro em que momento eles haviam entrado em casa- , em segundos a vovó tava descabelada e o vovô já havia desabotoado a sua calça, acho que eles não me viram em cima do banquinho da cozinha.

- só não faça muito barulho, por favor, a Belzinha tá dormindo.

Essa sempre foi a última fala da vovó, antes que eu me vesse correndo para o quarto.

Em off - Filipe Ret🔥Onde histórias criam vida. Descubra agora