Alvorada: O refinamento da floresta - Parte II

2 1 0
                                    

ATO IV

Abro os olhos e declaro com firmeza. — A luta vai começar agora!

Gálidus, sem pausa, crava suas garras no peito da minha armadura, penetrando-a com uma brutalidade que alcança a carne abaixo. — Pois estamos preparados — Ele afirma, balançando seus cabelos loiros escuro, molhados com sangue, escorrendo por entre seu rosto ao meu peito.

— Isso eu quero ver! — Murmuro, segurando seu antebraço com minhas duas mãos e cabeceando o rosto de Gálidus, fazendo-o cambalear para trás.

No entanto antes que eu possa me levantar, sou alvejado por múltiplos ataques de Bucu, utilizando seu chicote e a kurasi, tornando seus ataques quase impossíveis de se esquivar. Embora não para mim que com exímia agilidade, esgueiro-me ligeiramente pela brecha do ataque e miro um soco direto no rosto de Bucu que me fere de raspão no braço com a foice da Kurasi antes que o atingisse, obrigando-me a recuar.

A tontura da joelhada na cabeça se mescla com a dor latejante dos ferimentos, tornando cada respiração um lembrete da proximidade da derrota.

Sem minha arma, estou reduzido a enfrentar Bucu em combate corpo a corpo, mas seus movimentos são um obstáculo desafiador.

De repente, Gálidus surge por trás, suas garras afiadas rasgando minhas costas. — Esqueceu de mim? — Ele zomba, penetrando suas garras em minhas costas.

Num reflexo, lanço minha cabeça para trás, mas Gálidus dessa vez é mais rápjdo e recua, evitando o impacto. Seguidamente, ele chuta minhas costas, arrancando suas garras com violência.

Exausto, caio, meus joelhos batendo na grama. Levanto a cabeça com dificuldade, encarando o campo de batalha que agora mais parece um altar de sacrifício com meu sangue banhando as orquídeas sob mim.

A luta atinge um clímax desesperador. Bucu, beneficiando-se do meu estado, manobra o chicote e a Kurasi com ferocidade. Seus ataques, variando entre movimentos diagonais, horizontais e verticais, encurralando-me e me impedido de fugir de Gálidus à minha retaguarda.

Ferido e encurralado, minha situação é precária. As opções de fuga se evaporam, e o tempo se torna um inimigo tão perigoso quanto meus oponentes. A dor dos ferimentos lateja em meu corpo, mas, estranhamente, essa dor é também um catalisador. Em meio à desvantagem, uma calma inabalável toma conta de mim. Meus olhos analisam Bucu e Gálidus, vendo que eles superaram seus limites, e isso me motiva.

Em cada movimento defensivo, encontro uma chance de contra-atacar, transformando minha desvantagem em oportunidade. A cada bloqueio, a cada esquiva, sinto uma satisfação selvagem, um reconhecimento silencioso da evolução dos meus alunos e da minha própria.

Observo Bucu, cuja resistência, embora não rivalize com a de Gálidus, é compensada por uma eficiência no manuseio de seus chicotes. — Ele está usando o mínimo de esforço para rodopiar os chicotes. Sem dúvidas, conseguirá permanecer com esses movimentos por horas — reflito, com meus olhos se alternando entre Bucu e Gálidus

Meu pensamento corre veloz, cada opção se desdobrando em múltiplos cenários. — Se optar por atacar Bucu, sei que Gálidus não hesitará em se aproveitar do momento para me atacar por trás. Por outro lado, enfrentar Gálidus é um risco; sua resistência e habilidade em combate corpo-a-corpo são uma incógnita que prefiro não desafiar. E, Bucu certamente não perderá a chance de se infiltrar em minhas defesas durante o confronto  — deduzo em mente, avaliando minhas opções.

Minha mente trabalha freneticamente, buscando uma brecha, uma falha no padrão impecável de meus adversários. Meu olhar se fixa em Bucu, analisando cada rotação de seu chicote, cada flexão de seu pulso. Observo Gálidus, sua postura ofensiva, pronto para atacar à menor oportunidade.

As Crônicas de Marum - O PrimordialOnde histórias criam vida. Descubra agora