Era Primordial - Parte II

69 7 44
                                    

ATO IV

Anos haviam se passado desde que o Universo e seus filhos adquiriram formas físicas, explorando as maravilhas de sua existência físicas. Durante esse tempo, o Primordial, agora carinhosamente chamado de Máterum por seus filhos, desenvolveu uma conexão mais profunda e significativa com eles. Em um dia aparentemente comum, uma sensação nova e intrigante permeou a percepção de Máterum. Era uma presença misteriosa, sutilmente oculta, mas indiscutivelmente presente em seu planeta.

Essas presenças desconhecidas emitiam uma energia que lembrava a dos deuses, mas de uma natureza visivelmente mais fraca. Curioso e cauteloso, Máterum convocou seus filhos, compartilhando sua percepção. Juntos, eles embarcaram em uma busca, guiados por seu pai, para desvendar o mistério dessas presenças.

A jornada os levou ao coração do imenso nevoeiro Hungu, uma massa de nuvens densas e enigmáticas que cobria vastas extensões do deserto de Primárium.

Conforme avançavam, uma sensação de apreensão crescia entre eles. Máterum, com seus passos firmes, liderava o caminho, sua presença imponente cortando a neblina venenosa e a afastando de suas proles.

Finalmente, eles encontraram duas entidades. Perdidas dentro do nevoeiro, ocultas, tremendo sutilmente, uma aura de medo emanando delas ao perceberem a presença dominadora de Máterum.

Máterum observou-as com um olhar penetrante, tentando discernir sua natureza e origem. Os deuses, por sua vez, trocaram olhares entre si, surpresos e intrigados com a descoberta. Eles sentiam uma conexão tênue com esses seres, uma familiaridade distante que despertava mais perguntas do que respostas.

Em meio ao nevoeiro denso e enigmático, Máterum ergueu sua voz, profunda e ressonante, cortando a bruma como um ar de autoridade.  — Quem sois vós?¹ — Sua indagação ecoou. Seus olhos, penetrantes e acostumados a desvendar os mistérios do cosmos, estavam fixos nas duas silhuetas que lentamente emergiam do véu de névoa.

À medida que as figuras se tornavam visíveis, uma onda de espanto se espalhou entre Máterum e seus filhos. Estes seres, embora inegavelmente diferentes, compartilhavam uma semelhança perturbadora com os deuses. Eram menores, com traços mais delicados e corpos graciosos, adornados com pequenos pares de seios, uma variação fascinante da forma divina.

A primeira figura, emergindo com uma postura confiante, se apresentou com uma voz clara e firme. — Meu nome é Réslar. — Sua voz soava como uma melodia suave, mas carregada de uma força subjacente, revelando uma personalidade assertiva.

A segunda figura, acompanhando Réslar, apresentava uma aura mais reservada. — E o meu é Lésnar — disse ela, sua voz mais suave e tímida, quase como um sussurro que mal se destacava contra o murmúrio do nevoeiro.

Os deuses observavam, fascinados, enquanto as duas figuras se materializavam completamente diante deles. Máterum permaneceu imóvel, sua expressão envolta de reflexão. Ele analisava Lésnar e Réslar, tentando entender a natureza de sua existência e o que sua aparição significava para o mundo que ele havia criado.

Ambas as deusas com traços idênticos: uma beleza enigmática, uma que trazia tanto mistério quanto fascínio. Seus rostos eram um delicado equilíbrio de traços fortes e sutis: uma mandíbula levemente proeminente definia o contorno de sua face, enquanto maçãs do rosto altas se projetavam suavemente sob uma pele alva, quase porcelana, pontilhada por um salpico de sardas cor de caramelo que atravessavam suas bochechas e o topo de seu nariz.

Os olhos capturavam a luz como dois poços de obsidiana, grandes e penetrantes, circundados por cílios que pareciam ter sido feitos à mão do Primordial, tão perfeitos que eram. As sobrancelhas delineavam-se com uma precisão afiada. Seus cabelos ruivos, desciam reto e liso, deslizando sobre seus ombros com a fluidez de um véu vermelho-dourado.

As Crônicas de Marum - O PrimordialOnde histórias criam vida. Descubra agora