𝓐𝗆𝗈-𝗍𝖾, 𝗵𝘄𝗮𝗻𝗴 𝗵𝘆𝘂𝗻𝗷𝗶𝗻.

── 𝓛𝖺 𝗏𝗂𝖾 𝖾𝗇 𝗋𝗈𝗌𝖾.

 ֍ ֍ ֍

   Quando adentro o quarto de minha pequena Nabi, com o coração enternecido e um nó crescente em minha garganta, vê-la escorada sobre sua cama, as lágrimas cintilando em seu rostinho de princesa e seu pequenino nariz vermelho feito um morango, consegui ouvir o barulho dos estilhaços de meu coração.

    Sou o pior homem dessa Terra por fazê-la chorar dessa forma.

    Assim que nota minha presença no cômodo, enxuga as lágrimas e enruga a testa com duas sobrancelhas franzidas, ranzinza;

— Confie em mim e não levante o tom para seu vovô? — referiu-se em tom estressado, levantando para vir até mim — Esse era seu plano? Que eu ficasse calada e a gente não explicasse nada, para meu vô não ter nenhum motivo e simplesmente te mandar embora? Qual é a sua?

    Só de ver seus olhos chorosos, a voz falha e a expressão irritada, já sabia que essa era a hora que eu desligava meus ouvidos e não ouvia nadica do que saísse de sua boca. Minha Nabi tinha uma habilidade incrível de falar groselhas quando se entristecia.

   Me aproximei mais, enquanto sua boquinha tão linda e doce soltava um monte de feiúra. Apenas cerquei-a em meus braços e escorei minha cabeça no meio de seu pescoço, enquanto a menor se debatia, deferindo mini soquinhos em meu peito, até que finalmente se rende e seu choro faz eco por todo o quarto.

     Sem mais conseguir segurar, uma miúda gota de lágrima escorre por meu rosto, medrosa, e cai sobre os cabelos sedosos de minha amada. Vê-la assim era como esfaquear cada pedacinho de minha alma.

— Ei, minha princesinha, ainda estou aqui, está tudo bem — sussurro baixinho, dando dezenas de beijinhos por todo seu rosto.

    Ela para um instante e olha em meus olhos, apenas fungando e soluçando.

— Pra onde pretende ir agora? — pergunta ela, se recompondo — A máquina do tempo está destruída, nem pense em voltar pro seu século.

     Passo meus dedos por suas bochechas para limpar seu rostinho de porcelana ensopado.

— Jamais — só de pensar tenho calafrios — Bom, eu esperava que seu avô agisse dessa forma quando descobrisse tudo. Trouxe todos os meus cruzados para trocarmos por dinheiro atual, tenho certeza que consigo me hospedar em algum hotel por um tempo. O que acha?

       Ela parece desnorteada, sem acreditar que ficará longe de mim novamente. Massageia suas têmporas com as mãozinhos rosadas e respira fundo para pensar estavelmente. Quando vejo que não diz nada, continuo;

— Ele só está preocupado e entristecido por nossas mentiras, ma belle — digo, acariciando sua pele macia— Veja pelo lado bom, não pediu que nos separássemos! — abro um sorriso largo para ela, cutucando-a com meu cotovelo até que ria — Ainda posso passar aqui pra te deixar em casa depois de assistirmos o pôr do Sol, não? Pense que estou na minha casa e você na sua, e prontinho, nada de mal!